0|5 O convite.

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Ainda estávamos sentados no refeitório, esperando até o último segundo para retornar a sala, agora com meus fones de ouvido plugados no celular dele, eu curtia a suas músicas diversificadas, as soprando devagar com os lábios. Passarinhos tristes também cantam.

Mesmo comigo mexendo nas suas coisas ele não parecia  incomodado, na verdade, parecia mais tranquilo assim, pôs as vezes, quando a música parava eu conseguia ouvir cochichos sobre mim e olhadas feias pelo canto dos olhos.

Aquelas palavras doeram no peito e pesaram nos olhos, as vezes é impossível não odiar, e eu odiava estar ali e não poder chorar minhas angústias, mas eu faria isso mais tarde, até que ficasse mais leve e adormessese, ou até que as lembranças daquela noite fossem apenas...lembranças.

— precisamos entrar — comentei, entregando os fones para ele que os fechou no punho. E ele segurou minha mão tapando meus ouvidos como se fosse dizer um segredo.

— não importa o que eles digam, nem o que você escuta, é apenas mais um dia ruim, amanhã vai ser melhor, um novo principio do fim — estranhei suas palavras, sem entender o que elas queriam dizer, ele só pode ser louco.

— eu não entendi...—  ele se levantou me deixando falar sozinha e caminhou devagar até a porta do refeitório, em passos longos, e então,  virou seu pescoço levemente pondo as mãos no bolso da jeans de lavagem escura.

— você não vem?

Pisquei desnorteada, recolhi nosso lixo e o segui para a sala, onde o moreno atraende de sorriso grande estava rodeado por seus admiradores, os holofotes eram todos dele, e me ocorreu a mente de repente que Yoongi estava errado.

Ver Jungkook nos braços de outra partia-me a alma, é egoísta demais da parte dele não pensar em mim, ele sabe que estou vendo, e não se importa, eu em seu lugar jamais faria isso. Eu que terminei, tá certo, eu sei disso, mas ainda sim dói ver o amor amar outra pessoa.

— foi você que provocou isso — falou o pálido puxando a cadeira para que eu sentasse, arregalo os olhos assustada, pensando se disse aquilo em voz alta —  ele está livre para fazer bobagens, quebrar a cara com outro alguém e ser feliz, devia fazer o mesmo.

— eu já estou...Eu vou...— meu cérebro parou — ainda não é o momento.

Mastiguei minha dor engolindo o choro—  ainda o amo —  sem pensar vomitei tais palavras.

— se te faz carregar o medo nos ombros, não é amor, é desespero.

— e o que você tem haver com isso? Cuide da sua vida! — esbravejo vendo um sorriso crescer no canto dos seus lábios — você é louco.

— Não mais que você.

E do nada, desandou a rir, a rir tão alto que fazia meus ouvidos doerem, Yoongi tentava encontrar ar e eu o encarava tentando encontrar a graça que o fazia gargalhar tanto, e quase como uma epidemia meus lábios se curvaram em um sorriso estranho, nós rimos, do nada. pro vento. apenas rimos. sem parar.

É ele é problemático, mas talvez, e só talvez, eu seja também.

Dias se passaram, semanas até, e Yoongi e eu nos aproximamos, pelo puro interesse de cuidar um do outro, rir de bobagens e discutir o valor da comida, sabe aquelas coisas que você nunca experimentou, ou aquelas pessoas que sempre quis conversar ma...

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Dias se passaram, semanas até, e Yoongi e eu nos aproximamos, pelo puro interesse de cuidar um do outro, rir de bobagens e discutir o valor da comida, sabe aquelas coisas que você nunca experimentou, ou aquelas pessoas que sempre quis conversar mas por preguiça sempre dizia um: talvez mais tarde, e que depois descobre que perdeu tanto tempo sem alguém tão incrível?

Yoongi era uma dessas pessoas.

Se tivessem me dito antes que existe alguém como ele eu não perderia tempo em procurar logo.

— alô? Vocês tem pescoço de galinha ? — Yoongi perguntou, ligando do orelhão da calçada para um açougue da esquina, eu ao seu lado cobri a boca com as mãos me segurando para não rir.

— temos sim senhor.

— então usa camisa pólo que ninguém percebe — caímos na risada, como duas crianças, aquela piada era tão ruim, tão péssima que chegava a ser engraçada.

Ele soltou uma enxurrada de palavrões da outra linha que logo desligou.

— uma hora vamos nos encrencar, já é a terceira vez nessa semana, jogue no lixo seu livro de piadas — coloquei o telefone no gancho arrumando a mochila nas costas, Yoongi deu de ombros pondo o gorro nos cabelos, agora pretos.

Eu cheguei a comentar com ele uma vez que tinha vontade de cortar o cabelo, sem saber que seus pais eram donos de um salão, e graciosamente o próprio Yoongi diminuiu minhas mechas loiras até o ombro, ah ficaram lindas.

— o ônibus está atrasado — Yoongi bateu impaciente as solas do seu tênis no chão olhando persistentemente para o relógio pendurado no pulso, rolei os olhos o vendo apontar para o fim da rua — finalmente!

8:40AM


Os corredores estavam cheios, pessoas amontoadas em volta de um parede e como um furacão ruivo Jimin deu a volta por mim abraçando minha cintura com um aperto carinhoso.

— Bom dia musa —sorriu, espalhafatoso como sempre. Aquele era Jimin, meu amigo do fundamental e vizinho de algumas eras, porque não dizer :melhor amigo — você e seu amigo...— apontou — estão convidadissimos para a minha festa de dezessete anos.

Me entregou um dos folhetos que até então não tinha reparado apoiados em seu braço.

Me entregou um dos folhetos que até então não tinha reparado apoiados em seu braço

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— você que fez ? Que fofo.

Sorri.

— não esqueçam de irem fantasiados, e bem bonitos em, não quero nenhum esfarrapado na minha festa —  ergui as sobrancelhas abismada, ele riu e beijou minha testa — estou brincando docinho, agora preciso continuar entregando os panfletos, até logo.

E saiu distribuindo seus convites com um sorriso tão bonito e convidativo que faria sua festa lotar.

— ele é uma delícia.

Yoongi disparou fazendo meus olhos saltarem.

— ham ?

— o que? Falei alguma mentira?— acrescentou sem tirar seus olhos de mim — Deus fez o homem e a mulher, e eu vou pegar os dois — ri, gargalhei de verdade, Yoongi é uma piada.

— por favor, livre-se daquele livro.

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⏰ Última atualização: May 18, 2020 ⏰

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