Amanheço disposto, algo me diz que será um dia incrível, pois vamos conhecer a grande muralha da China. Sendo assim, coloco uma camisa branca, uma bermuda confortável, pelo fato de lá fazer muito calor. Além disso, pego meu tênis para corrida e caminhada, porque sei que vou andar muitos quilômetros com o violão nas costas.
Depois de arrumar as malas, encontro Laura na recepção do hotel, vamos ao restaurante do mesmo local comer para não passarmos mal durante o percurso da muralha. Laura está com um boné branco e uma camisa fina azul. Ela está animada, porém percebo que também se encontra estranha, como se no dia anterior tivesse acontecido algo, o que ela tem de alegria ela também tem de misteriosa.
- Você está bem? - Questiono demonstrando grande preocupação.
- Estou, Tom - Ela sorri. - Não parece?
- Ah, desculpa, pode ser impressão minha. - Eu torço para que seja mesmo.
- Fica tranquilo. - Ela dá um tapa fraco em minha cabeça
Estamos esperando a nossa guia particular chegar para nos levar a uma das sete maravilhas do mundo. Quando o carro chega, com pressa. Sei que vai ser uma ida demorada, pelo fato do lugar ser a 60 quilômetros de Pequim, mas enquanto isso a nossa guia da qual nunca falou o seu nome, nos conta tudo sobre o ponto turístico, e quanto mais ela lança informações, eu e Laura ficamos mais interessados. Aprendi que a muralha foi feita com o objetivo de manter o império chinês seguro, isso desde 220 antes de Cristo.
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Demorou algumas horas, mas chegamos! A nossa guia disse que existem muitas entradas, mas ela prefere a que está nos levando, pois em alguns portões há uma grande quantidade de turistas.
subimos muitas escadas e começamos a andar pelo local, é muito extensa, e a paisagem é simplesmente maravilhosa. Laura está com a sua famosa câmera tirando as fotos enquanto estamos percorrendo o caminho, não faz muito tempo que começamos e ela parece estar cansada, porém demonstra sua surpresa com toda aquela vista.
- Só de imaginar que fazem maratonas de corrida aqui me deixa mais cansada - Laura começa um diálogo passando uma de suas mãos em sua testa, a outra mão continua segurando a câmera.
- Não sabia que isso acontece aqui.
- Eu vi na internet. - Ela diz enquanto tira uma foto minha.
- Você acha que vai conseguir percorrer toda a muralha? - Questiono vendo a fadiga dela.
- está doido?! - Ela ri com dificuldade. - Eu não vou percorrer tudo, mas vou aproveitar ao máximo!
Percorremos grande parte da muralha, minhas pernas começam a ficar cansadas, pois não paramos em nenhum momento, somente para beber água.
- Nós podíamos gravar você agora, acho que aqui daria um belo cenário, não acha? - Laura lança a sua ideia
- Sim, seria ótimo!
Tiro o violão da capa, começo afinar cada corda, enquanto Laura ajusta sua câmera. Que música mais combina com o lugar que estou? Decido cantar uma música que fiz antes de entrar ao ensino médio, ela se chama "Onde você está?", É perfeita pois a canção é eu tentando encontrar alguém, digo que viajaria em todos os lugares para encontrar essa pessoa. Fiz essa música logo após ela sair da minha vida, é uma das melodias que meus amigos mais gostam. Onde a garota de cabelos cacheados estiver, espero que ela veja que estou na muralha da China colocando realidade em minha canção. Sendo assim, enquanto executo as notas, eu coloco emoção, o ritmo não é calmo, é um ritmo agitado. Fecho os meus olhos, lembrando o que eu sentia quando fiz a letra.
Um dia eu estava em meu quarto escrevendo o que eu sentia, no outro estou na China, eu nunca iria imaginar que isso podia acontecer, só o fato de pensar isso enquanto fico cantarolando, coloco mais emoção no vídeo.
Quando termino de cantar, reparo que Laura está com uma expressão diferente do que estava quando cantei na Bélgica, ela força um sorriso, sinto que há sinceridade, entretanto há algo escondido também.
- Bom, acho melhor continuarmos andando. - Ela diz salvando o vídeo, e dando sequência a nossa caminhada.
Enquanto andamos, nossa guia explicava cada vez mais sobre a muralha, algo interessante é que a maravilha do mundo moderno não é único, grande parte foi soterrada por tempestades de areia ou destruídas pela erosão, isso faz sentido, pois o lugar existe a muito tempo.
Laura decide que quer ir embora, assumo que eu também estou com cansado, percorrer tudo isso com um violão nas costas é complicado. Nós andamos muito, estamos bem longe para voltar, porém descobrimos que há teleféricos que fazem a viagem de volta, graças a Deus. A nossa guia vai em um teleférico diferente do que eu e Laura vamos. Quando entramos e o transporte começa fazer o percurso de volta mostrando toda a paisagem, percebo que Laura quer falar algo.
- Foi uma das letras mais lindas que eu escutei. - Ela diz olhando para paisagem
- Ah, obrigado, eu estava inspirado. - Eu dou uma risada rápida.
- Você realmente estava disposto a isso? - Ela pergunta olhando para mim.
- Disposto a que?
- Atravessar o mundo para encontrar a garota da sua canção.
- Bom. - Penso no que vou responder. - Acho que não, eu era mais jovem, e também meus pais não iam dar dinheiro para eu viajar ao redor do mundo por causa de uma garota.
- É, faz sentido. - Ela ri. - Você realmente fez poemas para todas que gostou, não é?
- Na verdade não. - respondo com sinceridade.
- Eu confesso que às vezes eu me sentia só mais uma música sua. - Ela olha para a paisagem novamente. - Quando eu mudei de país, foi difícil pensar que você iria fazer letras para outras garotas.
Agora entendi o porque daquela expressão que Laura fez quando terminei de cantar, era disso que ela estava pensando. Mal sabe ela que as melhores canções eu havia feito, foram todas para ela, as que eu entreguei os meus sentimentos e simplesmente dei para ela em formato de prosa.
- Ei. - Chamo ela com a intenção de que olhe para mim. - Eu não fiz isso para mais ninguém depois de você.
- Sério? - Laura parece surpresa.
- Sim, eu fiquei desanimado. - Falo olhando para o chão lembrando. - É difícil você fazer canções com muita expectativa para depois de um tempo você olhar para elas e saber que tudo acabou.
- Você sentiu isso? - Laura pergunta séria, com seus olhos azuis focados em mim.
- É complicado fazer músicas pensando que vai ser para sempre e...
- Nada é para sempre, Tom. - Laura olha com um olhar triste, para mim, ela também dá um sorriso bem fraco. No momento eu não consigo dizer nada, só consigo olhar para ela também.
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Nós voltamos ao hotel para pegarmos a mala e deixar o quarto arrumado, pois essa noite vamos para outro país. Enquanto estou arrumando as coisas do quarto eu penso muito em que Laura me disse no teleférico, "nada é para sempre", ela pensava nisso enquanto estava comigo 3 anos atrás? Ela quis dizer algo a mais com aquilo? Depois que saímos do teleférico confesso que o clima fiquei um pouco pesado com aquele assunto, tudo que peço é que isso passe e tudo fique feliz novamente, durante o caminho de volta eu percebi Laura pensativa e um pouco triste.

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Minha melhor canção
RomanceCada garota era igual a uma canção. Tom era viciado em fazer musicas para quem ele se sentisse apaixonado, porém sempre dava errado. Laura foi a última garota por quem ele se apaixonou e viveu um grande romance, depois de muitas musicas que ela ganh...