- Veléz!
- O que foi? - gritei.
- Você 'tá no banho? Ah isso não inporta. Acaba logo que já são sete e meia.
- Tá, calma, já 'tô indo. - falei acabando de secar meu cabelo. Me olhei no espelho e passei os dedos entre os fios longos, eu realmente precisava cortar isso logo. Depois de vestir um moletom e uma calça jeans surrada, calcei um chinelo e fui para a sala. Manuel estava deitado de forma desajeitada no sofá com o notebook em mãos enquanto comia um pedaço de pizza.
- Falta quanto tempo? - perguntei.
- Exatamente vinte minutos. - respondeu concentrado na tela. - A pizza 'tá na bancada da cozinha, tem refrigerante na geladeira. - assenti mesmo sabendo que ele não estava olhando, então murmurei um "aham" e fui pegar o que ele indicou. Voltei com o prato em mãos e me sentei ao seu lado.
- Três... dois... um minuto... - contava impaciente - EU CONSEGUI - gritava ao meu lado. Ele largou tudo e se levantou para pular como uma criança, então me levantei e ele me abraçou. Ele sorriu orgulhoso e eu retribui o gesto. Turizo havia mandado uma carta para a Universidade de Stanford e ela havia acabado de mandar um email dizendo que ele tinha sido aceito, finalmente ele ia fazer a tão sonhada faculdade de direito.
- Quantos dias?
- Uma semana para estar lá. - respondeu ainda eufórico.
[...]
- Dona Piedad, entenda, a senhora não pode se esforçar tanto! - tentava convencer a minha avó a parar de trabalhar e começar um tratamento, porém seria muito difícil levando em conta a teimosia dela.
- Christopher, eu não posso largar meu emprego! Eu trabalho aqui a anos e você sabe muito bem disso, não é como se nós fossemos ricos e pudéssemos bancar esse tratamento. - argumentava do outro lado da linha. - Mesmo juntando todas as nossas economias não seria suficiente para que o pagássemos todo - disse um pouco mais calma. Suspirei. Ela estava certa mais uma vez.
- Eu não posso ficar aqui parado lhe vendo comprometer sua saúde desse jeito. - eu me sentia culpado por vê-la trabalhar tanto. Sabia que ela fazia isso para que pudesse me ajudar, mesmo na maioria das vezes ela quem precisava da minha ajuda.
- Não temos escolhas, meu querido. Se não eu, quem mais iria trabalhar no meu lugar?
- Eu!
- Você? Chris, você mora em Quito. Eu, na Califórnia. Definitivamente, seria uma idéia absur- sorri, ah eu tinha acabado de ter uma ótima idéia. - Você não está pensando em...?
- Ah eu estou sim.
- Mas de jeito nenhum!
- Abuela, isso seria perfeito!
- Você tem uma vida toda no Equador, que diabos você vai procurar aqui?
- Olha, observe bem: o Manuel vai para a Califórnia fazer a faculdade dele, eu posso facilmente me organizar aqui e pegar o mesmo vôo que ele! Aí eu trabalho no seu lugar e a senhora descansa como deveria ter feito desde o começo. - sorriu mais ainda com a conclusão da idéia - Vai ser o fim da nossa discussão e o fim da sua teimosia! - exclamo claramente animado.
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Às suas ordens - CNCO
FanficRichard trabalha numa grande empresa de advocacia da cidade. Apesar de parecer um homem frio, guarda dentro de si uma história um tanto quanto conturbada. Christopher sai do Equador para cuidar de sua avó que mora em Los Angeles. Como a senhora mora...