Cap. 1 - Prólogo
O primeiro humano a possuir os "genes quirks" era um singelo bebê que conseguia estimular a pele a produzir luz. Após o evento, diversos casos igual ao "menino iluminado" foram registrados. A humanidade entrou num processo revolucionário de evolução, em poucas geração a população quirkless passou a ser a minoria no mundo. Diversos artigos, teorias e pesquisas foram criados e debatidos em cima de duas perguntas: como isso aconteceu? O que poderia ter causado esse marco evolução tão acelerado?
Eu só um dos curiosos pesquisadores que resolveu entrar nessa brincadeira de caça ao rato. Muito prazer caro leitor, cientista e geneticista Tadano Hirogore. Sabe, sempre fui um garoto interessado em humanos, nós somos uma espécie tão interessante e complexa ao ponto de criar Ciências no intuito de entender os outros, como a sociologia. Em uma das minhas pesquisas, descobri que a causa da mutação que permitiu o surgimento dos "quirks" foi a invasão de um vírus que eu denominei de TRQ-357 , sua origem ainda é desconhecida, esse agente infeccioso só consegue penetrar a célula de zigotos proporcionando uma mudança genética que concedia as individualidades para o homem , sendo a única espécie com uma compatibilidade considerável ao vírus.
Óbvio, ganhei diversos prêmios por essa descoberta e outras que resultaram em belas estátuas para embelezar meu jardim ou ocupar poeira, não me importo com esse tipo de material raso. Contudo, um ínfimo pensamento eclodiu na mente... E se eu resolvesse dá uma brincada de Deus e criasse uma evolução artificial do ser humano, como seria sua forma? Suas reações diante do meio? Ações? Será que ela seria um ótimo brinquedo? Teria mais de 1 quirk?
Novos experimentos, novos brinquedos , uma raça única que só eu poderia subjugar... Um humano com componentes genéticos animais, em uma das minhas descobertas percebi que o genes animalesco , mesmo sendo de difícil compatibilidade com o vírus, apresenta uma resistência maior na capacidade de armazenar quirks , sendo possível um rato possuir a individualidade de mudar de cor e alta velocidade no mesmo corpo. Será que eu seria capaz de desenvolver uma Quimera? Transformar a mitologia em realidade? Domar o impensável?
Tadano permanecia com o olhar fixo para o computador, seu corpo implorou pela cama e a mente delirava em monólogos desconexos ao analisar a frequência cardíaca do seu experimento prodígio pela milésima vez. Uma rápida análise no resto das outras frequência o fizeram concluir que o despertar do seu maior trabalho estava próximo.
Esgotado, a motivação de ver "o despertar" era a linha tênue que dividia o seu corpo de qualquer ato de descanso... Precisava de mais outra xícara de café.
Alguns fios brancos surgiam entre sua cabeleira castanha ao passar os dedos pela cabeça na tentativa de expulsar esse desgaste. Pegou o resto do café que permanecia quente dentro da garrafa e pôs a ficar de pé em frente ao cilindro que continha anos de pesquisas.
Era uma criança de 4 ou 3 anos, não sabia ao certo. Morena, pequena, frágil, magnífica. 4 anos de pesquisas e testes , mas 2 anos e meios de incubação para finalmente ter um ser vivo quimerizado. A primeira vista aparentava ser uma criança qualquer, entretanto, apresentava diversos componentes animalescos como um par de chifres em forma de tridente no ápice da cabeça e orelhas de cervo nas laterais, pequenos espaços da pele possuíam escamas como na região da bochecha esquerda, ombros, parte de cima das costas e laterais das coxas. Além de um escurecimento da pele nos membros superiores e inferiores do corpo,iniciava a cima dos joelhos e cotovelos realizando um degradê do moreno da pele até o negro absoluto.
- Quanto tempo você ficará dormindo? Já estou cansado de esperar , sabia? - bebericou o café com leveza observando os anos de trabalho soltando alguns espasmos involuntários.
Essa espera rendeu outra rodada de café e mais tempo em frente ao cilindro até sentir um dos maiores prazeres da vida ao ver a jovem Quimera abrir os olhos. Tinha que admitir, aqueles olhos violetas cheios de vida eram algo extremamente lindos. Começou a se debater dentro da cápsula em desespero, não sabia o que estava acontecendo e acabou arrancando acessos localizados em algumas partes do seu braço, pernas e cabeça e o equipamento respiratório. As agulhas dos acessos dançavam no líquido do cilindro exalando algumas gotas da criança que agora , sem o equipamento respiratório, começou a entrar em desespero por está se afogando dentro do local que gestou sua formação.
Queria ver o menor sofrendo um pouquinho mais, a irritação por ter demorado a despertar ainda permanecia queimando seu coração. No estado atual, a morte do experimento seria um dos menores problemas para o cientista, seu ego era enorme e criar outro que nem esse garoto seria um trabalho 10 vezes mais fácil da próxima vez... Bem, seu orgulho pensava dessa maneira. Enfim, cansou de ver aquelas reações miseráveis e foi até o computador e abriu a cápsula. A parte de vidro abriu lançando a solução aquosa por todo o chão junto com o resultado dessa brincadeira divina.
Um baque molhado perturbou o silêncio do laboratório. O pânico ainda permanecia bombeando adrenalina para o pequeno corpo da criança que seguia os instintos expelindo uma quantidade considerável de água que engoliu sem querer. A cabeça latejou junto ao resto do corpo ao levar os primeiros volumes de oxigênios para o pulmão que doia por está trabalhando por conta própria pela primeira vez.
Dor, era tudo que sentia no momento. A luz incomodava, o peito ardia, a cabeça era um caos sem fim ao tentar registrar todos os novos estimulos do exteriores e a atual situação que se encontrava. Lágrimas pecorriam o rosto em busca de diminuir o ardor que sentia nos olhos.
- Como está sendo seus primeiros segundos de vida , Mikkael?- Outro barulho? Sim, mas era algo familiar, de todas as coisas, essa era a única coisa que sentia não ser nova.
Com dificuldade, levantou a cabeça deparando-se com um ser alto de cabelos vermelhos e cacheados grandes ao ponto de tampar os olhos e um sorriso no rosto. Tentou levantar o corpo ao se apoiar com os braços, contudo eles cederam com facilidade causando na sua segunda queda e mais outra onda de dor.
Tadano olhava com desprezo o estado deplorável da sua Quimera que permanecia no chão se acostumando com o ambiente fora daquela cápsula. Ela deveria está em constante dor pelo fato do seu corpo nunca ter agido por conta própria, causando uma dificuldade para a criança poder se movimentar ou até mesmo raciocinar.
- Amei a nova aparência querido , sempre falei que castanho não combina com você. – Uma voz feminina invadiu o cômodo e depois soltou um curto assobio ao ver o pequeno que antes flutuava naquela incubadora enorme aos prantos no chão tentando respirar. – Você acha mesmo que essa coisa vai sobreviver ,Alpha? Ela mal tá conseguindo respirar. Parece até um peixe fora d’água , essa porra. – A garota soltou uma risada ao ver outra queda do menor.
- Tudo e questão de costume, Heather. – O cientista rebateu passando as mãos pelos cachos que havia criado a pouco tempo com sua quirk, conseguia modificar o seu corpo a vontade com manipulação do seu próprio genes. – Além disso, o Mikkael está indo bem até agora.-
-Mikkael? Já deu nome para essa coisa? Rapaz, quem e você e o que fez com o meu amiguinho? – Indagou fingindo surpresa escutar as palavras do amigo que nunca fora de se importar com as coisas ou os outros.
- E claro, ele precisa de uma identificação apropriada ou prefere chamá-lo de quimera 177013 ?-
-Eu não sou nem corna pra ficar chamando esse merda de quimera 177013. Deixa Mikkael mesmo , nome bonito , nome legal.- Concluiu a morena do seu jeito bem boca suja de falar.
Enquanto os dois conversavam a Quimera permanecia presa a tempestade de duvidas, o que aqueles dois debatiam? O que estavam tramando? Simplesmente, não entendia. Depois de passar 10 minutos aprendendo o básico do corpo , expirou de maneira lenta o ar dos pulmões e depois inspirou sentindo o órgão respiratório piquicar com sua expansão. Apoiou o corpo no contêiner que vivia e o usou como suporte para se manter em pé.
-Olha lá, né que esse desgracado está conseguindo ficar de pé. Jurei que do chão ele não sairia vivo.- A garota apontou o dedo para Mikkael com um sorriso na cara chamando a atenção do amigo.
- Parece que ele é mais resistente do que eu pensei.- o maior falou colocando o copo no balcão analisando a criatura a sua frente.
O corpo do Mikkael parecia que entraria em colapso a qualquer segundo , mesmo com o apoio suas pernas tremiam por não terem o costume de sustentar o peso do corpo e a respiração voltou a ser densa por causa da nova posição que se encontrava. Esforçou para enxergar o rosto daquelas pessoas, mas os olhos permaneciam serrilhados o que transformou o ato de enxergar difícil.
- re....sis...tan..the..- As cordas vocais pareciam facas que cortavam a sua garganta sem pudor a cada tentativa de falar.
- Olha só, então entende o que eu falo... Ou deve está testando o seu equipamento vocal. Não é mesmo Mikkael?- O ruivo pôs a ficar de frente para sua criação com o sorriso que o pequeno não conseguia distinguir , na verdade na conseguia entender quase nada no momento.
-..... K..a.e...l? – Repetiu a Quimera ajeitando o corpo para continuar em pé.
- Exatamente, esse e o seu nome e eu sou seu mestre. Você e a minha criação, um experimento perfeito e só meu. Bem, só meu até quando não for mais inútil. Por enquanto, você tem que ser um bom menino e me obedecer. – Tadano curvou-se para ficar da mesma altura que o menor , encaixou a mão no rosto de Mikkael que se arrepiou com o contato repentino, a mão dele era fria.
-Afinal.- Deslizou a mão até os lábios do menor forçando-o a abrir a boca , tirou uma lanterna pequena do bolso e avaliou de maneira rápida a cavidade bucal do garoto que possuía caninos avantajados e o resto normal ( no quesito humano). – A sua vida , lealdade, destino e chifres me pertencem agora. – Sussurrou para a Quimera que paralisou ao ver o olhar que aquele cara possuía, passavam uma sensação de extrema frieza e cobiça. Não sabia o que ele queria , mas um interesse estava claro no seu olhar.
A garota se aproximou entregando uma coleira metálica para maior que encaixou e prendeu na garganta da criança.
- Não se esqueça de me pagar depois , sabe que fazer uma coisa dessas é extremamente desgastante.- remungou a garota saindo do laboratório após cumprir sua missão. – até logo, seu monstro. Espero que se canse logo dele e me dê como presente.- lançou um beijinho para ele antes de sair.
Ao encaixar a coleira, a Quimera sentiu algo perfurando as costas do pescoço e escutou a coleira falar algumas palavras antes de descarregar uma carga elétrica por todo o seu corpo ocasionando em outra queda e diversos espasmos pelo menor.
- aAAAARFFF . AAAA.- Mikkael gritou colocando as mãos no aparelho que continuava com os choques constantes. Esse tratamento de choque durou longos 4 minutos até deixar o corpo da criança em completa exaustão e respiração irregular. A visão começou a afundar a cada segundo e a respiração diminuir, estava com medo , muito medo. Não sentia direito os membros e a mente era engolida por um redemoinho que sua cabeça formou. Não sabia, mas estava sentindo o corpo desmaiar.
Olhou de relance para o homem que permaneceu todo o evento agachado olhando sua situação com um sorriso entre os lábios. – Bem vindo a existência, minha criaturinha.- essas palavras ecoavam pela mente do menor afogando junto com o resto da consciência do garoto que fechou os olhos entrando em estado de desmaio.
Se Deus realmente existir, soltaria uma longa gargalhada na sua cara aí ver que fez o que essa divindade nunca criou até agora. Tadano acariciava o cabelos negros da criança com grande satisfação, chegou até os chifres pegando-os com força e jogando o braço de um lado para o outro vendo-os permanecer firme na cabeça do menor... Eram verdadeiros. Deslizou a mãos pelo corpo da criança sentindo a pele macia e algumas partes ásperas por causa das escamas que possuía , tão reais. Pegou o garoto no estilo noiva vendo a cauda ir até o cauda negra e volumosa ir até o chão.
Sinceramente, havia criado uma criatura magnífica, algo só seu. Estava ansioso, ansioso para testa-lo , ver sua força , velocidade , inteligência ,vê-lo por completo. Ver um ser vivo que só ele pensou agindo , o sentimento de ter algo só seu era algo que ele mais gostava de sentir.
Colocou o menor de qualquer jeito no quarto que havia criado para seu novo brinquedo e foi em direção ao quarto jogando-se na cara e torcendo para tudo que viu ser a realidade e não uma alucinação que seu estado deplorável tinha criado. Tinha que ter certeza, odiaria acordar e ver tudo só foi um sonho , por isso pegou uma faca que escondia no travesseiro e cortou a mao sentindo o calor do sangue percorrer a mão. Foi assim que dormiu , sentindo a queimação e dor o membro machucado . Agradecendo cada segundo , pois sabia que essa dor era a prova de tudo ser real. Todos seus esforços deram certo outra vez e iria colher cada fruto daquele resultado que repousava a uma distância considerável do seu quarto. Algo que só ele havia criado.
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Minha pequena quimera
FanficO surgimento dos quirks foi um marco na evolução humana. Com o avanço da ciência e a ambição de certos cientistas, brincar de Deus seria algo que perpetuaria o pensamento de alguns estudiosos. Tadano Hirogore, acabou sendo uma das vítimas que ocasio...