Um Intragável Guardião, Para Uma Pós-Morte Conturbada

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Era terrivelmente complicado entender seu estado atual enquanto observava o corpo nu numa mesa de autópsia, quando tudo havia acontecido rápido demais

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Era terrivelmente complicado entender seu estado atual enquanto observava o corpo nu numa mesa de autópsia, quando tudo havia acontecido rápido demais. Ela estava tentando não correr de um lado para o outro, chutar o armário com cadáveres e desejar uma catástrofe em nível destruidor, porque não compreendia exatamente o que suas ações poderiam provocar. Não agora que estava morta.

Num momento, Noah estava sorrindo com sua irmã, partindo para ir à igreja e agradecer a Deus pela vida perfeita que tinha e depois dar a melhor festa de aniversário para Eva; e no outro…

Morta. Noah Hall estava morta.

— Tão jovem. Uma pena. — disse um dos dois médicos que estava na sala, ela não os conhecia. 

— A estrada está muito perigosa hoje, isso aqui provavelmente estará agitado. Tsc. — ele balançou a cabeça com poucos fios cinzas desajeitado, com algum sentimento hostil endurecendo as feições cheias de rugas. — Uma droga, eu ia jantar com uma gracinha hoje à noite.

— Não é uma boa ideia sair com essa nevasca. — alertou o médico mais jovem, com um olhar de lamentação. Ela se sentiu agradecida pelo conforto. 

— Sorte da irmã, que não ganhou mais do que alguns arranhões, enquanto esta aqui parece ter sofrido tudo e mais um pouco.

O médico mais jovem suspirou, exausto demais para se importar com o tom impressionado do mais velho. Noah também conhecia aquele sentimento, se sentia exausta e perdida. O primeiro sentimento era intragável, enquanto o segundo parecia plausível.

— Os médicos responsáveis estão falando com a família. — refletiu, brevemente. — Lidamos com isso todos os dias, e aparentemente nunca fica mais fácil. 

— Fica, sim. — dessa vez, o médico mais velho parecia ter algum traço de compaixão em suas palavras, ao lançar um olhar de consolo. — Não mais fácil, mas mais suportável. Vem, me ajuda aqui, vamos começar com isto.

Noah se afastou, desviando os olhos para a porta com uma quantidade enorme de covardia. Não poderia ver aquilo. Mesmo com seu olhar mais profissional, não poderia assistir a sua própria autópsia. Seus olhos encontraram a porta de saída novamente, então os médicos conversando enquanto se preparavam. Nada de máscaras, ela percebeu. 

Não precisavam usá-las.

Antes que seus pés corressem em direção à porta, já estava do outro lado, a luz das lâmpadas no teto momentaneamente cegando sua visão. Ela piscou, inconformada que mesmo na morte ela estava sofrendo aquelas reações tão humanas. Correu pelo corredor, sentindo que deveria querer vomitar, mas não havia nada que a ajudasse a fazer isso. 

Então, ela correu o mais rápido e para o mais longe que pôde.

Quando finalmente parou, Noah percebeu que conhecia aquela pequena sala confortável. Com cadeiras que nunca ficavam vazias, pessoas que sempre estavam questionando alguma coisa para as enfermeiras nos balcões ou os olhares aflitos, que sempre estavam nos rostos humanos ali. 

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⏰ Última atualização: Feb 24, 2020 ⏰

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