Mal sai, fui logo ter com ele, deixando a Filipa e a Luísa para trás. Ele continuava em silêncio, fui com ele até a parte de trás da escola, e finalmente ele começou a desabafar, a dizer tudo o que sentia, que estava muito magoado e que o custava ver a sua ex-namorada com outro, e que estava farto de tudo e não queira saber de nada.
Eu: Mas tens de ser forte, não podes continuar assim, por causa dela! Ela não merece cada lágrima que estás a deitar por ela!
Mateus: Mas é tão difícil! É difícil não ter um apoio feminino aqui.
Eu: Obrigada pela parte que me toca...
Mateus: Oh, não é esse apoio...
Eu: Eu sei... Mas não podes estar assim! Já nem pareces o rapaz de antigamente. Tu não eras assim, tu nunca ficavas a chorar pelos cantos, menos daquela vez, no infantário que perdeste a tua fraldinha, choraste bastante, depois eu encontrei e tu acalmaste-te, de resto, nunca ficas-te assim na tua vida.
Mateus: Já nem me lembrava disso! Isso foi há que tempos!
Eu: Sim, foi. Mas depois separamo-nos.
Mateus: Pois foi! Tive tanta pena. Mas olha posso te contar uma coisa que nunca te disse nada antes?
Eu: Podes dizer...
Mateus: Sabes porque que chorei tanto por causa daquela fralda?
Eu: Porque era a tua favorita?
Mateus: Sim era, mas sabes porque?
Eu: Não...
Mateus: Porque era tua, tu tinhas me emprestado quando eu me tinha esquecido da minha e acabei por ficar com ela.
Eu: Pois foi! Já nem me lembrava disso! Que saudades desses tempos!
Mateus: Era tudo muito mais fácil.
Eu: Lá isso era! Não havia sofrimento, somente quando caia ou perdia as minhas fitas de cabelo.
Mateus: (rindo) Pois era! Ficavas bem lixada, ninguém te aturava, eras uma autêntica Diva.
Eu: Não te rias! Eu gostava muito daquelas fitas.
Mateus: Estou a brincar, Dita.
Quando ele me chamou de Dita, foi como eu fosse ao espaço e voltasse. Já ninguém me chamava de Dita desde do infantário! Ele é que começou a chamar-me assim, era uma maneira mais fácil de dizer Rita. Senti- me tão bem em recordar aqueles momentos todos do infantário.