O leonino dócil e a serpente

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Embora eu gostasse da sua amizade ele era um saco e eu me irritava o suficiente para meter o pé na bunda dele. O problema é que aquele garoto é um leonino e leonino são dóceis e gentis de mais. Eu tinha vontade de soca-lo toda vez que ele falava comigo daquela forma preocupada ou tentava procurar amizade comigo.

Como certo dia...

Era um dia frio, o céu fora coberto de nuvens escuras e flocos de neve caiam solenemente no gramado da escola. Eu estava mais uma vez aproveitando o frio, sentindo a corrente de vento me envolver. 
Eu amava aquele tempo e por mim o inverno não precisava acabar nunca.

– Oi – A voz gentil me invadiu os pensamentos e me arranca dos meus devaneios. – Não acha que ficando aqui pode ficar gripado?
Leonino dócil e dramático. 

– Não precisa se preocupar – Digo de forma seca e grosseira, mas por alguma razão aquele leonino de quatro olhos sempre se aproxima.

– Eu estou bem, veja. – Toco em meu rosto e sinto o quanto está frio. Estremeço com o contato e aquilo foi o suficiente para o leonino se aproximar.

Seus dedos tocam meu rosto e no mesmo instante, a preocupação aparece na expressão do leonino idiota.

– Você está gelado Draco! – Ele retira seu cachecol, envolve meu pescoço e parte do meu rosto com ele. – Vai ficar gripado se continuar assim.

Eu sei que rolei os olhos, mas uma parte de mim sentiu-se quente e mesmo que o vento frio soprasse em meu rosto, eu o sentia fervendo. Harry, o leonino dócil e dramático, se aproxima e me envolve com seu braço forte e musculoso. Tensiono-me para baixo como se me encolhendo pudesse aproveitar mais daquele calor. Minha mente vaga e naquele momento eu não sinto raiva dele. Eu queria com todas as minhas forças aquele Leonino dócil, gentil, amável e dramático. E quando me lembro do que sou a serpente cruel, traiçoeira e nenhum pouco amável como aquele leonino, me afasto bruscamente. Eu não seria o certo para ele porque eu não era certo para ninguém, apenas para mim mesmo.

Harry me lança seu olhar preocupado, mas antes que ele possa questionar algo, fujo dos seus braços e de seu campo de visão.  Meu nome sai de seus lábios em gritos confusos e eu não volto atrás.
 
Harry Potter era o leonino doce e gentil e eu sou apenas uma serpente cruel, fria e sem coração. 
 


 


Já fazia uma semana que eu o evitava. Era quase cômico, eu o via por um corredor e entrava em uma sala até ele sumir. Quando ia ao vestiário depois das aulas de educação física e ele estava por lá, eu apenas me afastava e procurava outro vestiário. Eu tinha quase certeza que ele sabia que eu o estava evitando. Por motivos justos.

Quando Harry surgiu desde o começo com suas ideias leoninas e com seu jeito gentil eu me derreti. Até um tempo eu era uma pedra de gelo ambulante, mas Harry me derreteu com uma chama especial. Pode parecer dramático, mas eu sentia-me seguro e acolhido ao lado dele. Harry me fazia sentir que eu poderia confiar nele. Céus! Eu daria minha mão e iria ao fim do mundo com ele. Eu sentia a necessidade de estar ao seu lado, porque ele me fazia se sentir especial e que eu poderia confiar nele.

Naquele mesmo dia, eu não consegui fugir dele. No final da aula, quando estava saindo do laboratório de química, senti um puxão em meu braço e depois meu corpo se chocou em uma estrutura rígida e macia. Harry agarrava-me como se eu fosse virar geleia e escorrer por seus braços.  Levantei a cabeça e o encarei. Aquele foi o momento mais estranho da minha vida. Sabe aquele momento em que você olha o cara que gosta e ai você se sente hipnotizado pelo o olhar daquela pessoa?  Era assim que eu me sentia. Preso a um olhar intenso, lábios rosados, carnudos e convidativos.  A vontade de beija-lo foi acionada por uma parte inconsciente do meu cérebro e quando eu menos imaginei estava de frente a ele, minhas costas colidiram com a superfície metálica da porta de química e meus lábios foram esmagados pelos os deles.  Se antes o pensamento de virar geleia seria hipotético, agora eu tinha certeza. Eu me sentia mole, derretido por um calor intenso. Meu corpo parecia que ia explodir em êxtase e algo dentro de mim pulava e dançava ao som de uma música qualquer. Eu sentia meu interior explodir em sentimentos que eu não conseguia descrever.  Se isso é felicidade, eu iria morrer feliz porque estava beijando o leonino, Harry.

O Leão e a SerpenteOnde histórias criam vida. Descubra agora