Flores, leões, um não e a máquina mortífera

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Não tinha a certeza de quantas vezes conferi meu cabelo e roupa. Se bem que eu não tinha nenhum senso de moda e a única pessoa que tinha esse prazer em me vestir era Pansy, minha colega de apartamento. Pansy era um pouco mais adiantada do que eu, ela já cursava faculdade e eu ainda estava no ensino médio. Na verdade, era para eu já estar iniciando meu segundo ano na faculdade, mas por um evento inevitável eu deixei de ir à escola e me mudei de vez para Londres.

Calcei o tênis e conferi mais uma vez meu visual. Ao meu lado o relógio marcava seis e meia. A cada vez que o relógio contava um minuto, meu coração falhava uma batida, minhas mãos suavam e eu não conseguia manter elas quietas nem por um segundo. Respirei fundo e voltei a encarar os ponteiros até que...

– Ei o que está fazendo?– Questionei irritado por Pansy ocupar o campo de visão do meu relógio.

– Eu juro que vou quebrar esse relógio se você não parar de suspirar para cada minuto que passar – Ela diz irritada. – Draco levanta dessa cama antes que a sua roupa fique amarrotada e pelo amor de deus sai desse quarto.

Ela saiu do quarto como um furacão. Rolei os olhos e levantei, mas não antes de checar mais uma vez o relógio. Ainda tinha se passado meio segundo.

Desci as escadas. Pansy estava largada no sofá, o controle remoto em suas mãos e ela entediada passava os canais da TV. Sentei-me ao seu lado e passei a encarar os canais que eram passados quase que automaticamente.

– Você tem que parar em um canal para saber se é bom assistir ou não – Comentei.

Ela parou em um canal de culinária. Encarei-a com o cenho franzido. Desde quando Pansy gostava de culinária? Nem que Pansy tentasse não conseguiria fritar um ovo que não fosse queimado. Ela voltou a passar o canal e continuou até que retornar para o primeiro canal. Rolei os olhos e tirei o controle de suas mãos e desliguei a TV.

– Já chega – Digo irritado por vê-la tão entediada.

– Qual é Draco! Você vai ter um encontro e eu vou continuar aqui como uma... O que? Solteirona sem nada para fazer em plena sexta feira.

Ou seja, Pansy queria alguém para trocar saliva.

– Porque você não tenta organizar suas matérias ou sei lá, tenta ver se consegue fazer os deveres pendentes...

– Está brincando comigo? Você faria?

– Claro que sim – Respondo convicto.

Ela rola os olhos e cruza os braços.

– Você é um Nerd mesmo – Ela rir. – Um cara popular, gostoso e que é cobiçado por toda escola está querendo você e a única coisa que você pensa é em seus deveres de casa? Você é louco Draco!

Afundo-me mais no sofá. Não é porque eu só pensava em deveres de casa, mas porque minha vida, meus estudos e minha carreira bem pensada foram arrasados por um garoto idiota e agora eu não queria cometer o mesmo erro. Pansy pareceu notar meus devaneios e rapidamente me puxou para um meio abraço.

– O que aconteceu entre você e o babaca do Nott ficaram no passado – Ela Comentou. – Você deveria se perdoar pelos os seus erros e seguir enfrente. Harry não é o Nott e isso é perceptível pelo jeito dele. Você não é uma serpente Draco, não precisa se esconder e atacar quando alguém se aproxima. Deveria dar uma chance a ele.

Aconcheguei-me em seus braços. Por mais que eu detestasse pensar o contrário, sabia que Pansy estava certa e me doía todas as vezes que eu percebia o quanto afastava as pessoas de mim ou como eu as afastava. Afastei todo mundo que um dia quiseram meu bem e a única pessoa que suportou todo o veneno que eu lançava era Pansy e foi à única que suportou meu mau humor e a única que me entendeu. Desde então, Pansy fora a única pessoa por quem eu deixei entrar por minhas barreiras e a única que eu abriguei dentro dos meus muros de proteção. Por causa disso, Pansy sabia que Harry havia derrubado todas as minhas defesas e entrado na fortaleza a qual eu achava ser impenetrável.

O Leão e a SerpenteOnde histórias criam vida. Descubra agora