Família é mais do que sangue ou sobrenome

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Capítulo 9 – Família é mais do que sangue, ou sobrenome

Nunca imaginei que Harry fosse tão bom em se esconder. Quer dizer, até então eu pensei que eu fosse a pessoa que sabia correr e se esconder muito bem. No entanto, me surpreendi por não encontrar Harry em lugar nenhum, nem mesmo no refeitório no horário de almoço.

Agora o sinal toca anunciando o final das aulas. Procuro na sala por ele, mas não o encontro. A voz do professor anunciando as provas finais e o falatório dos alunos me desconcentra. Eu só quero encontrá-lo. Será que é pedir demais? Os alunos se aglomeraram em volta da porta. Eu por acaso, fiquei esperando todos saírem. Odeio tumultos. Tudo bem que quero ir embora desse lugar o mais rápido possível, mas não quero ser esmagado antes de passar pela porta.

Alguns alunos conversavam com o professor. Aquela semana era a preparação para as provas finais e após isso estaríamos formados e livres do ensino médio. Ainda tinha as provas dos vestibulares. Os mais bem colocados nas provas, teriam como garantia sua vaga nas melhores universidades. Eu deveria estar estudando, enfiando a cara nos livros, mas eu estou aqui desesperadamente procurando um leonino fujão. Tudo bem que eu tenho culpa, mas ainda assim, ele não precisava se esconder tão bem.

Uma cabeleira ruiva me chamou atenção. Estava de costa e conversava com o professor. Não me admiraria ser Hermione, no entanto, me surpreendi quando o rosto repleto de sardas se virou na minha direção. Os olhos claros de Gina Wesley estavam sobre mim e pareciam investigar minha alma, porque aquele olhar intenso não é normal. Corei. Por que ela me olhava daquele jeito? De quem tentava me avaliar?

Ela se despediu do professor com um aceno e para minha total surpresa e desespero, Gina, cabeça de cenoura, veio em minha direção.

Só o que me faltava.

— Ele está atrás das arquibancadas do campo de futebol — Ela comentou despreocupadamente.

Olhei-a com o cenho franzido. Rugas de dúvida se mostravam em minha testa. Desde quando Gina fala comigo?

No mesmo instante, minha ficha caiu. Ela estava falando sobre o Harry. Mas como ela... Oh! Aquele olhar de antes. Esse tempo todo ela sabia.

Não sei se deveria dizer obrigado. E mesmo que eu quisesse, ela já tinha saído de sala e só sobrara eu e mais dois alunos que falavam com o professor.

Me apressei para sair da sala e correr até as arquibancadas, porque se o que aquela água com salsicha dizia era verdade, Harry estaria ali. Esse tempo todo ele não tinha fugido, apenas havia se escondido.

E foi exatamente o que eu imaginei ele não tinha fugido. O que Gina tinha me dito também era verdade, embora aquela água com salsicha tenha falado como se fosse um enigma.

Harry corria pelo campo distraidamente. Depois ele parava no meio do campo e chutava a bola com força. A bola atingia a rede com uma força feroz, talvez tão feroz quanto a raiva que brilhava nos olhos verdes do leonino. Os lábios comprimidos em uma linha fina, a expressão doce agora era uma carranca de assustar até o satanás.

— Você tem que fazer alguma coisa — Ronald Wesley comentou e apontou a figura de Harry que corria furiosamente pelo campo e chutava a bola com toda a força, ou com toda raiva.

— É verdade — Dino Thomas completou. — Ele está desse jeito já tem tempo e não foi em nenhuma das aulas do dia. Já espantou o time e até mesmo o treinador do campo. Nunca vi uma cara tão azeda no Potter. É assustador.

Aquilo não era mentira. Harry sempre foi um doce e vivia sempre sorrindo. Aquilo que eles viam correndo pelo campo, não era Harry Potter. Não era o doce leonino que vivia sorridente. Seja lá quem seja, é verdadeiramente assustador.

O Leão e a SerpenteOnde histórias criam vida. Descubra agora