𝔟𝔩𝔞𝔠𝔨 𝔴𝔦𝔡𝔬𝔴

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agora já não adianta mais mentir que garotas de lacinho são inofensivas, e eu não digo isso porque tenho medo de olhos de vidro. eu queria que você soubesse que eu também sei andar sob a água.

queria te dar um tapa de blush avermelhado na cara, talvez o branco negligente do seu rosto se dissipe assim, de um jeito menos insignificante que a primeira neve do ano. você sabe que não há nada mais mortal do que a própria vida e vive nos padrões legistalivos porque é uma serpente com medo da própria natureza maligna. os seus olhos de vidro não podem ser nada menos do que duas aglomerações líquidas do seu veneno, e você só se engana mais ainda quando pensa que não dá pra enxergar a mágica por trás da sua própria íris. você tem medo de morder e gostar, mas isso é só uma implicância impessoal de segunda feira de manhã. coisas piores virão. piores tipo o vazio e o silêncio ou talvez a incerteza, te matando por dentro em golpes lentos.

eu posso fazer algo além de te esperar atrás da porta de vidro jurando que você não vai ver a minha silhueta se esquivando pronta para um golpe certeiro? seria bem menos risível se eu fosse um pequeno filhote de louva à deus, mas eu não exijo de você menos do que eu sei que você pode me dar, nem que isso seja uma provinha do seu coração e 10ml de veneno para usar de colônia quando algum garoto me chamar para sair mais tarde. bom, ou REALMENTE há algo de ruim em ter algo delicioso para comer no jantar ou você só tem o prazer de discordar comigo porque acredita que eu sou uma garota de verdade. carne e osso. seios e bunda. mãos com unhas bem feitas e pernas depiladas.

não é assim que a banda toca, porque quando você estiver prestes a me dar um mi, eu vou te exigir um ré e uma lambida no pescoço, só pra tirar gosto.

aranhas andam sob a água sim! eu já te persegui aos pulos num riacho enquanto torcia para que você não percebesse a fatalidade por trás das suas costas. um vazio existencial cobre a carapuça vermelha e preta que me inferniza. reclamar vai adiantar? eu ainda preciso me alimentar.

morda a maçã do inferno e chore baixinho com medo dos 7 pecados capitais acabarem te decapitado e depois se olhe no espelho do banheiro para ver qual é a real punição. muna minhas cordas vocais de ruídos satisfatórios aos seus ouvidos por detrás desse véu de incertezas ahe cobre essa porta sem tranca e espere, espere, espere, espere.

mimibella é só um apelido carinhoso para quem matou o irmão e compactuou com o testemunho duvidoso de um latino com posse de armas e sem green card. vai dizer que estar viúva é uma escolha insensível e que eu deveria começar a costurar o colorismo do vitral dessa infiel igreja sem padre ou simplesmente vai me deixar de mãos abanando num funeral porque veementemente acredita que eu sou uma assassina cruel com fome de fama. bom, gianni versace que se cuide, porque o nome eu já tenho, agora eu só preciso de uma arabella que queira se esconder pela penumbra desse ateliê de cadáveres.

você não precisa que eu te diga o que acontece quando se desperdiça um gole de veneno mordendo uma maçã com as presas afiadas dadas por deus ao invés dos seus molares e caninos.

eu te prendi na minha teia.

e agora, você pode testemunhar de um vazio diferente à cada um dos dias em que eu sonhar que você fugiu do meu calabouço enquanto eu ajudo uma mariposa e um cupim à  tanto tecer o seu terno de seda ou o seu paletó de madeira.

DONATELLAOnde histórias criam vida. Descubra agora