A fuga

1.2K 75 15
                                    

Visão do Gabriel

O Léo tava aqui em casa, entramos em contato com o Conselho Tutelar e explicamos que queríamos financiar os estudos, lazer e tudo que ele precisasse mas não queríamos deixar o menino na rua.
A família inteira tá apaixonada por ele, acho que ele era a peça que faltava na nossa casa. Eu quero ficar com ele, mas a Carol acabou de passar por tudo aquilo e sei que o aborto ainda a afeta. As vezes pego ela meio chorosa, então não falei nada sobre adotar o menino. O Bernardo e a Malu perguntam a todo instante se o Léo vai ficar com a gente e nós nunca sabemos o que falar.

- e aí, Léo! Preparado pra conhecer o lugar?- pergunto e ele só faz um joinha, ele tava triste, olho pra Carol e vejo preocupação nos olhos dela.

- o que foi, docinho de leite?- apelido que ela deu após ele chorar de felicidade ao comer um bolo desse doce.

- nada!- ele fala desanimado e agora sou eu que insisto

- pô Léo, to preocupado com você! Tá sentindo alguma coisa?

- saudade- ele diz e eu olho pra minha mulher, que já está com os olhos cheios de lágrimas, automaticamente os meus fazem a mesma coisa

- a gente não já conversou? Você vai passar os fins de semana com a gente, as ferias, vai ver o Guto, Valentina, Malu, Bernardo, Maria e Davi na escola. Vai me ver todo dia...

- mas não é a mesma coisa de te abraçar quando eu acordo, dormir com o cafuné do Tio Gab, roubar a comida do Tio Reinier, pegar o celular da Tia Dhiovana...- ele fala relembrando situações que aconteceram nesse mês.

Chegamos na porta do lugar e fico incomodado, parece uma prisão, pego na mão da Carol e ela me olha.

- Que lugar é esse, Gab?

- não parece nem um pouco com as fotos que a assistente mandou!- falo indignado, EU NÃO VOU DEIXAR ELE AQUI!! Só queria que a Carol desse o aval!!!!!

- vamo fazer isso logo?- ele fala chamando nossa atenção

- pô Léo, tá com raiva da gente?

- era melhor ter me deixado na rua, ia doer menos!- ele diz olhando pra Carol que parece estar sem reação.

Tocamos a campainha e somos recebidos pela tal assistente social.

- Bom dia, esse que é o Léo?

- Sim!

- Bom, agora que ele já está aqui os senhores podem ir!- ela fala mas quando vai pegar o Leo a Carol passa na frente dela.

- cadê os papéis que temos que assinar pra ele ir todo fim de semana e férias pra nossa casa? Que vamos poder visitar, pagar a escola e plano de saúde e as atividades extracurriculares?- minha mulher parece uma leoa defendendo a cria e isso me faz ter mais certeza: Ele é nosso filho!!!

- podem esperar aqui? Vou falar com a coordenadora!- ela fala e ficamos no que parece ser uma recepção.

- eu não vou ficar aqui parado- falo e ando procurando os quartos, vejo várias crianças amontoadas e colchões no chão. Fico enjoado com a cena, eu não vou deixar ele aqui!

- mas que merda é isso??- a Carol fala aparecendo atrás de mim.

- Amor!- falo querendo chorar, olho pra ela e sinto que ela sabe exatamente o que eu quero dizer

- vamo embora daqui Gabriel, nosso filho não vai ficar em um lugar como esses!- ela fala e eu abraço ela com toda a força do mundo.

- se você sentia a mesma coisa porque não falou nada?- falo animado

- porque eu não sabia se você também queria!- ela fala surpresa

- dois bocós que queriam a mesma coisa mas não tiveram coragem de falar sobre!- falo e ela me beija
- nosso filho!

- agora temos quatro!- falo me referindo à princesinha que se foi e ela balança a cabeça.

Volto pra recepção e o Léo não está lá, eu e a Carol ficamos desesperados tentando encontrar o nosso menino de qualquer jeito. Sinto um frio na barriga e uma sensação ruim, meu peito tá apertado de preocupação. A coordenadora aparece e fala que ela não o levou pra lugar nenhum. Corro por todos aqueles quartos na esperança de encontrá-lo , vasculho cada canto enquanto, corro gritando por ele em todos os lugares enquanto escuto a Carol chorar. A última coisa que eu queria era ver esse choro de novo, depois de não ter mais lugar pra encontrar ele vou pra recepção novamente.

- tem câmera de segurança aqui?- pergunto e vamos checar, vemos a imagem do Léo fugindo daquele lugar, nem deu tempo dele saber que queremos ele!!

- ele fugiu Gabriel!- ela fala e eu abraço

- a gente vai encontrar ele, ja perdemos um filho não vamos perder outro! Isso eu te prometo- falo e ela me aperta contra ela.

Um amor incomum 2 e 3. GB.Onde histórias criam vida. Descubra agora