{🌌} ruin

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Eu batucava nervosamente meus dedos em minha perna sentindo o pânico dominando meu corpo. Joohyun nunca tocava naquele assunto, mas, por mais delicado que fosse, minha curiosidade indiscreta falou bem mais alto. Não era usual de nossa parte sentir desconforto, porém, tratando-se de um certo tópico, qualquer comodidade evaporava e o tão famigerado silêncio constrangedor se instalava.

— Então, Joohyun —  comecei inquietamente. — Como você acabou presa em um espelho?

— É uma história interessante, para ser sincera —  a profundidade das trevas em seu olhar me assustou. Seu tom gentil e delicado se foi. — Eu fui tão podre por dentro, tão egoísta, que agora estou aqui, desfrutando de minha ruína e mais alguns caquinhos.

Era devastador, devo confessar. Joohyun tornou sua fala em uma coisa tão amarga e cruel. Senti aquele sufoco no peito de todas as vezes em que ela me encanta com suas palavras, mas desta vez foi bruto e rude. Como se tivesse me golpeado sem clemência e misericórdia alguma, derrubando-me e enterrando-me com sua solidez.

— Como se houvessem correntes doloridamente colocadas em meu pulso para que eu jamais fugisse da perversidade de meu próprio ser — prosseguiu. — Eu fui uma balança descontrolada. Minha vida tornou-se um redemoinho de dor e enganação e agora estou presa, apenas aguardando a luz se apagar para eu poder dormir. No escuro feito de mim. Não há melhor inspiração do que uma vida desmoronada, e foi na minha própria masmorra que eu aprendi a construir a beleza feita de aflições em meu discurso.

E novamente, as palavras não saíam da minha boca. Não posso comentar o sofrimento de outras pessoas se eu nunca estive em sua pele para sentir o vácuo te puxando para o fim.

Lágrimas desenfreadas corriam por todo o seu rosto pálido de boneca de porcelana. Joohyun agora vomitava a dor há muito tempo entupida na garganta. A humanidade só aprende a calar-se e ter compaixão quando o outro está no ápice de seu tsunami de abalo e infelicidade, e eu realmente me afoguei junto a ela.

— Não há volta do ponto em que estou — limpou uma lágrima. Meu coração se estilhaçou ao ver o precioso diamante rosa chorar. — Eu mereço estar aqui porque acreditei que obras primas eram apenas concretas e realistas. Ninguém quer ser a imagem refletida do outro lado e é por isso que espelhos costumam ser quebrados de um jeito que pareça uma obra de arte natural e não proposital.

— Então esse é o motivo do espelho. Uma prisão do lado que a mente idealiza uma utopia. Quando ela se desfaz, ninguém quer ser a pessoa presa do lado refletido.













desculpa demorar tanto pra atualizar mari :((((((((
o bloqueio criativo me pegou por mais de um mês, além de todo o tempo que a escola tem me consumido.
queria deixar claro que o próximo é o último aaaaaaaaaaaaaaa
prepara o heart.

beyond the mirror [ 𝒘𝒆𝒏𝒓𝒆𝒏𝒆 ]Onde histórias criam vida. Descubra agora