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Passei por horas e horas andando sem destino pelas ruas, pensando em tudo, pensando no que fazer.

Vi um telefone público, entrei na cabine resolvi ligar.

- Alô, boa noite, residência dos O'Connell?

- Boa noite, quem deseja?

- Uma amiga, ham...amiga da família, o Sr. Finneas está?

- Não senhora, ele e a Srta. Eilish partiram de viagem a mais ou menos uma hora. Quer deixar recado?a Sr. Maggie os acompanhou até o aeroporto mas já deve estar de volta.

- Não obrigada, eu só precisava, falar com Finneas, boa noite.

Devolvi o telefone de volta ao gancho.

Estava frio, e provávelmente dona Suzan estaria me esperando chegar acompanhada, como estava acostumada sempre que eu aparecia tarde em casa depois de conhecer Billie.

Sem muito esforço me arrastei até em casa.

Suzan- Que bom que você chegou, a janta está pronta.

- Obrigada mãe, mas estou sem apetite.

Suzan- Aonde estava? você está gelada, vá tomar um banho morno e por agasalhos.

- Mãe, o que você sentiu quando o meu pai se foi?

Suzan- Você nunca havia me perguntado isso querida. Bem... quando nos separamos, estávamos em crise, então decidimos que seria o melhor, eu era jovem, já tinha você, precisava trabalhar pra me manter sozinha, então você foi morar com o seu pai para que eu pudesse me organizar, mas você se acostumou, e não quis morar comigo, e então quando eu soube que ele faleceu, e senti que havia o-perdido de verdade dessa vez, pra sempre.

- Ela foi embora mãe, e eu não sei quanto tempo isso vai levar.

Suzan- Mas como assim? do nada? vocês estavam...bem, estava tudo indo bem.

- Nós brigamos, e acho que eu fui apenas uma experiência para ela, ou um passa tempo, eu não sei, mas acho que não passou disso.

Suzan- Eu sinto muito mesmo, você sempre sofre de alguma forma e eu não vejo como ajudar, eu moveria céus e terra por você se eu pudesse, mas só posso te dar o meu colo.

- É o bastante mãe, obrigada por isso.- A-abracei.

Suzan- Você não vai mesmo comer? nem um pouco?

- Não mesmo, talvez outra hora, só preciso de um banho.

Entrei no meu quarto, peguei o meu celular com esperanças fudidas de haver alguma mensagem do tipo "te trollei" ou um simples "você está bem?"

A única coisa que havia era mensagens em grupo.
Abri minha conversa com ela e eu estava BLOQUEADA.

Comecei a digitar mesmo assim.

Eu sei que você não vai ler isso

sei que não se importa se eu estiver mentalmente fodida nesse momento

mas quero dizer isso

porque de alguma forma

eu preciso dizer o quanto
está doendo agora

e o quanto eu quero que você esteja bem

foda se

eu amo você

Bloqueei o celular e fui pro banheiro, tomei um banho demorado, sai e vesti um conjunto de casaco e calça de moletom, e nos pés, meis.

Me deitei, encarando o telhado por alguns instantes, eu não queria dormir, porque sabia que ao acordar, a primeira sensação seria a dor no meu peito e não um pesadelo, no qual eu estava pedindo que fosse.

Fiquei horas e horas andando pelo quarto, olhando pela janela, esperando que o carro dela aparecesse, mas não apareceu, eu adormeci sentada na poltrona do quarto.

Suzan- Querida, acorde, você vai ficar com dores por todo o corpo.

- Eu, acabei dormindo aqui, acho que estava cansada.

Levantei ainda sonolenta, e me deitei na cama.

- Não vou ao colégio hoje.

Suzan- Você não pode ficar faltando, mas hoje eu vou abrir uma excessão, mas só hoje, não quero que se prejudique.

- Eu te amo, sério, obrigada por isso.

Suzan- Você não comeu, fiz uma vitamina de morango e torradas, nem pense em dizer que não vai comer.

- Não quero te explorar, mas pode trazer pra mim ?

Suzan- Claro que sim, sem problemas algum, só um instante, já volto.

Minha mãe saiu do quarti e eu peguei o celular na cabeceira.

0 mensagens. Que maravilha, realmente abandonada.

Suzan- Aqui está, come tudo, eu preciso ir trabalhar agora. Promete que vai se cuidar?

- Eu prometo, mãe, bom trabalho.

Ela me deu um beijo na cabeça e saiu.

Passei o dia inteiro sem sair da cama, definitivamente não havia nada que me fizesse ter algum ânimo.

Chorei e chorei por horas.

Tentei telefonar mas sempre caía na caixa postal, talvez ela tivesse trocado de número.

Estranho, ela sumir e me evitar dessa maneira, e tudo que ela dizia sentir por mim? eu fui tão ingênua em acreditar.

Zoe, é claro, ela deveria saber de algo.

- Alô, Zoe?

- Alô, oi querida, como está?

- Estou bem, você tem notícias dela? eu não consigo ter contato desde...desde ontem.

- Não, que eu sei ela trocou de celular, a tia Maggie disse que vai avisar sempre que ela ligar.

- Está bem, obrigada.

- Você está bem mesmo?

- Estou ótima, obrigada mais uma vez.

Desliguei.

wish you were gay.Onde histórias criam vida. Descubra agora