Tinha ouvido falar que cios envolviam várias sensações esquisitas. Nas palavras de sua professora do fundamental, ele ia sentir calor e ter dificuldades para comer e beber por causa de dor de estômago. Os corpos dos ômegas, segundo ela, ficavam mais focados em procriar e reagiam mal se não conseguiam o que queriam, algo que envolvia dor.
Quando falara com seus amigos ômegas, a única resposta que tivera foram expressões sofridas e conselhos envolvendo coisas embaraçosas. Honestamente, como um adolescente, ele tinha interesse nessas coisas, mas é claro que não usou nenhum desses conselhos em seu primeiro cio porque, caramba, ele realmente não esperava ter um cio de qualquer espécie.
Foi terrível, ficou preso nele por cinco dias e teve que ir ao hospital depois por desidratação. Tudo doía, mas especialmente sua consciência. Queria não ser um ômega desde que entendera de fato o que um ômega era e agora, ironicamente, ele era um!
Ia precisar de um tempinho para se acostumar com a ideia, mas não mudava tanto assim as coisas... Continuaria a ser baixinho e fraco comparado com outros jogadores de vôlei, mas já estava acostumado com isso. Ômegas não eram tratados tão diferentemente, então tudo com que teria que se preocupar era possíveis parceiros tentando cortejá-lo, o que podia acontecer agora que tinha segundo gênero, e os cios de quatro em quatro meses.
Por causa do cio, perdeu o acampamento de treino, então teve um tempo para pensar a respeito, e, quando viu Kageyama de novo, as aulas já tinham voltado com tudo.
Depois disso, por um tempo pareceu ter alguma coisa desconfortável entre os dois. Todos os amigos de Hinata ficaram repentinamente interessados em seu recém-descoberto segundo gênero, mas Kageyama não dizia uma palavra a respeito disso, ou a respeito do fato de que ele sabia que Hinata estava começando um cio naquele dia de verão, quando o acompanhou até em casa.
— Obrigado — Hinata murmurou um dia, quando ambos estavam responsáveis pela limpeza pós-treino. O ginásio estava espaçoso e vazio, e suas palavras ecoaram lá dentro quando as disse, mesmo que tivesse mantido a voz baixa.
Kageyama levantou a cabeça de sua tarefa de esfregar o chão, a atenção inteiramente sobre ele, e sua expressão deixava claro que não estava entendendo sobre o que Hinata estava falando.
— Sabe, por me levar pra casa aquele dia — explicou Hinata, focando-se em pegar as bolas espalhadas pelo chão. Deu de ombros. — Por não fazer perguntas. Aceitar tudo isso, ou melhor... Não se importar.
— Por que eu me importaria? — Kageyama perguntou com simplicidade, dispensando seu agradecimento. — Nada mudou, idiota.
Hinata sorriu para si mesmo durante o restante da noite.
Depois disso, a distância estranha entre os dois desapareceu por completo, e voltaram ao jeito como eram antes. O novo status ômega de Hinata incomodava um bocado de jogadores de vôlei dos outros times e interessava a uma boa outra metade deles
Até onde sabia, ômegas não eram tão comuns assim em times desportivos.
Desde que os direitos ômegas haviam sido legislados e aplicados, eles vinham sendo tratados como iguais em relação aos alfas e betas, mas, em termos de esportes, ficavam todos juntos na categoria masculina, o que significava que tinham que jogar na mesma equipe. Obviamente a maioria dos jogadores era composta de alfas altos e fortes, já que ser fisicamente superiores estava ligado aos seus genes, e alguns betas também se destacavam. Havia alguns ômegas fortes também, mas não era tão comum, e Hinata claramente não estava nesse grupo.
Já que ômegas, betas e alfas ficavam nas mesmas equipes, normalmente os ômegas não conseguiam um lugar em um time de esporte, já que tinham desvantagens.
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Time will tell
Fanfiction"Kageyama era um lar, certa vez concluíra. Mas ele não era só um lar. Ele era as boas vindas acolhedoras, ele era o abraço sincero e os olhos esperançosos. A razão para voltar." Ou a história sobre como Hinata, com o passar dos anos, aprende a lidar...