Capítulo 1

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        Observaram os jornais antigos, e lembraram do mundo fantástico de Willy Wonka.

Era considerada a noite mais fria desde 1984. Charlie lembrava daquele dia como se tivesse acontecido há poucas semanas. Estava frio e mesmo assim foi o dia mais encantador e feliz que já tivera.

Naquela época, a promoção que o louco chocolateiro Willy Wonka havia criado, gerou uma montanha de dinheiro sobre os vendedores de chocolates. Toda e qualquer pessoa queria conhecer aquele mundo maluco que o senhor Wonka escondia por dentre enormes portões de pedra.

Charlie era muito novo, mas ele sabia que por mais que desejasse ser uma das crianças vencedoras, a possibilidade era mínima.

O pequeno garoto era extremamente pobre e enquanto seus colegas de escola compravam pelo menos três barras de chocolate Wonka por dia, ele ficava satisfeito com uma por ano.

E foi nesta barra, nesta única barra que poderia não vir naquele ano, que Charlie depositou suas esperanças. Ele sabia que seus pais só o dariam aquele chocolate, se uma mísera quantia do pouco dinheiro que a família possuía, sobrasse.

Mas foi por muita sorte, que no inverno de 1984, Charlie encontrou uma nota presa a neve que caíra durante  uma noite. Com desejo ardendo em suas veias, comprara uma barra de chocolate que foi devorada em poucos segundos. Lembrando de seus familiares, pediu mais uma.

Uma simples e premiada barra de chocolate.

Correu para casa com todo o fervor de uma criança e mostrou o bilhete para seus familiares. Pensou em vender, mas talvez se tivesse feito isso, a maior e mais fantástica fabrica de todos os tempos teria falido.

Com estas lembranças, o herdeiro do Senhor Wonka bebeu mais um gole do mais delicioso chocolate quente que poderia ser feito. Vivia naquela fábrica a anos e mesmo assim não se enjoava do sabor especial que Willy havia lhe ensinado a fazer.

Rio, por um momento, ao mergulhar em outra lembraça. Lembrou da cara e da birra que Willy fazia ao ter que ir até o pai para ver como estava a saúde bucal. Tal costume tonara-se rotina logo depois que o criador da fábrica adquirira uma carie.

O homem tornava-se menino e Charlie, que na época tinha apenas dezesseis anos, puxava Willy para o consultório do senhor Wonka.

"Charlie, eu estou bem, meu dente nem doeu durante esta semana. Eu já aprendi a passar o fio dental e escovo depois de cada refeição! Me libera esta semana vai!"

Willy choramingava enquanto se prendia a pequena árvore de alcaçuz que havia dentro da fábrica. Mesmo reconciliado com seu pai, odiava ir ao dentista e até mesmo sair de sua amada fábrica.

Enquanto Charlie suspirava cansado, os Oompas Loompas soltavam os dedos de Willy, que reclamava da ingratidão deles em ajudar Charlie e não o grande salvador que os libertou de uma floresta cruel e perigosa.

"Senhor Wonka" Charlie retrucava "Sabes que se não cuidar da saúde bucal pode acabar perdendo um dente em algum chocolate, então todo o seu trabalho será em vão."

Charlie sabia que Willy não havia levantado e se endireitado por acreditar que poderia perder um dente em algum doce e arruinar o seu sonho, e sim porque o chocolateiro detestava quando Charlie o chamava pelo nome da família.

"Já te disse estrelinha, me chame de Willy."

O senhor Wonka saltou, enquanto a perna esquerda dava o primeiro passo para fora do grande jardim. O corpo perfeitamente endireitado, a cartola já posicionada sobre os cabelos bem cuidados, a cauda do fraque a voar com os passos rápidos e nervosos.

O Adeus de Willy WonkaOnde histórias criam vida. Descubra agora