Prólogo: A bênção do senhor das trevas

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      A noite era quente e úmida, um clima comum de final de ano para aquela região litorânea do Brasil, a Cidade do Rio de Janeiro, cujo Cristo Redentor permanecia com os braços abertos e iluminados. Aqueles que olhavam para o Cristo, admiravam-no com uma nova coloração diferente em sua iluminação: um tom de vermelho. Mesmo assim, o tal monumento estava de braços abertos para todos. A população local permanecia tranquila e calma, assim como as cores que circundavam toda a cidade naquela noite. Nada parecia de diferente naquele dia de dezembro do ano de 1998.

     Um pouco distante do Cristo Redentor, mais de uma dezena de carros pretos andavam pelas ruas da cidade rumo ao Palácio do Catete. Vários destes veículos eram importados e traziam consigo placas de identificação de outras nações, tais como Rússia, Índia, China, Estados Unidos, Argentina, Japão e outros. Para qual objetivo os seres humanos naqueles veículos se dirigiam ao Palácio do Catete, símbolo da história do Brasil? Afinal, quem eram aqueles homens?

     O primeiro veículo que liderava na rua chegou ao destino. Um grupo de homens fardados, com armas de alto calibre, outros de terno e óculos escuros — embora fosse de noite — tais figuras entraram logo em cena abordando aquele e os demais veículos que chegavam.

     Sem trocar muitas palavras, a equipe militar fazia uns sinais com os braços, apontando para um caminho alternativo, recém-construído, onde todos deviam seguir. Assim fizeram.

     Não havia nenhuma movimentação de imprensa, por mais que aquele evento internacional no Rio chamasse a atenção das pessoas que passassem nas ruas, as pessoas evitavam ter mais detalhes. Talvez o fizessem por medo ou pela falta de interesse. Contudo, a ausência dos meios midiáticos chamava a atenção. Simplesmente porque a fofoca devia existir quando o assunto, por qualquer que fosse, estivesse envolvendo duas ou mais nações, principalmente um encontro destas.

     Pouco longe dali, observando ao por trás de algumas pedras, havia um homem curioso que usava uma camiseta do seu time favorito: o Flamengo. Ele se manteve interessado pelo fluxo de veículos de outros países ali em sua redondeza. O que chamava sua atenção? Quem era?

     Contudo, sua vida não duraria muito.

     Um guarda negro, barrigudo, calvo e forte entrou em cena, junto com seu superior, um homem de mesma cor, cabelo bem raspado e alto. Ambos os guardas rapidamente alvejaram-no na cabeça e seu corpo caiu como um boneco no chão.

     — A curiosidade matou o gato. — Um dos guardas que o mataram murmurou rindo.

     — Mais um para o abate. — Comentou seu superior. — Vamos, me ajude a levá-lo junto aos outros.

     Então os dois pegaram o morto e rapidamente transportaram-no até um galpão com dezenas de outros "curiosos" que foram abatidos nas redondezas. Aqui está a grande resposta do porquê não havia imprensa no local: rapidamente eles eram assassinados, sem terem chance de se comunicarem e resistirem. Contudo, havia um alguém que observava tudo e sabia do que acontecia...

     — Pobres homens que matam uns aos outros... o preço de seu pecado é terrível diante aos olhos do Senhor. — Uma voz angelical sussurrava diante dos mortos.

     Os dois guardas responsáveis pelo abate ouviram tais sussurros no galpão.

     — Quem está aí? — Olhavam para os lados, para cima e para baixo, com as armas apontando para várias direções.

     Não houve resposta. Porém, algo parecia se movimentar e eles sentiam. Logo viram que o sangue dos mortos que escorria tornou-se em pegadas e, em um canto do galpão estava ele...

Marte: O Baú dos SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora