rapsódia de desespero

smells like sadness in a monday morning

traga de volta, presente, o passado que tomaste de minhas mãos, aquilo que me fazia sorrir mesmo que tudo estivesse desmoronando ao meu redor. aquilo que me deixava avoada da maldade ao meu redor. aquilo que me fazia sumir e meio do medo. aquilo que me dava esperanças mesmo que estivesse no último suspiro. a minha salvação que há muito perdi. perdi o que chamava de amor.

um buraco na alma que cresce cada vez mais sem piedade do meu coração já estilhaçado. a felicidade deu as costas para mim e agora faz com que eu corra atrás dela. a inocência de se alegrar com acontecimentos mínimos já não existe mais.

aquele a quem confiei a minha vida, foi se embora na brecha que eu mesma deixei se abrir. por que entreguei o que tinha mais valioso à mãos humanas? devia ter trancado o meu coração e o protegido, pois muito enganoso ele é, cheio de dúvidas que me fazem cometer erros e adquirir feridas profundas. a minha alma agora procura desesperadamente por fios invisíveis que poderiam trazer de volta aquela sensação gostosa de ter seus desejos mais puros realizados.

a carência de algo que nunca provei me levou ao delírio, me fez degustar de coisas estupendas, risadas verdadeiras que já não sei mais como são, sorrisos sem malícia, atitudes sem segundas intenções. experimentei o amor, confiei meu coração a quem me parecia ideal. inocente ou idiota? não sei dizer. é estupidez pensar nisso agora, depois de tudo dar errado é fácil reparar no que falhou.

pessoas me levaram ao paraíso de sensações, porém em certo momento me vi sozinha enquanto todos dançavam em uma chuva de cores estupendas. aos poucos, cada um que havia conseguido uma passagem para o meu eu interior e verdadeiro, foram me espetando como uma costureira e sua almofadinha de agulhas. assim como haviam me ajudado a realizar as vontades de alegria, deixaram que eu provasse de coisas horríveis.

quando me dei conta eu estava caída, rodeada de tristeza e amargura. porque, por causa do bem, o mal surge. no fim esses sentimentos me deixaram aqui, em uma sala escura, onde não sei se não vejo nada porque não há luz ou se é porque perdi minha visão.