SÁBADO

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SÁBADO

Naruto pertence a Kishimoto-san.

Hinata aninhou a caneca entre as mãos delicadas, sentindo o calor exalar da cerâmica para sua pele. Ela correu os olhos pelo quarto, a penumbra acolhedora que envolvia o cômodo despertando um sorriso nela. Adorava manhãs escuras e frias. Os olhos dela pararam no homem adormecido, jogado de qualquer jeito na cama. Observou os cabelos castanhos esparramados sobre a fronha, os braços fortes ao redor do travesseiro e se controlou para não tocar-lhes, sem notar que suas faces não se avermelharam. Ela nunca corava quando estava perto dele.

O relógio acusava sete da manhã e ela achou melhor acordar logo Neji. Aproximou-se da cama, abaixando-se até que o rosto dos dois ficasse nivelado.

– Acorda, Comandante. – Ela sussurrou no ouvido dele, passando os lábios de leve pela barba dele, pequena após um dia sem ser feita.

Afastou-se somente o suficiente e observou os olhos sonolentos dele abrindo-se devagar, focando-se nela. Ele levantou a mão e colocou-a sobre o rosto de Hinata, o polegar acariciando a bochecha dela suavemente.

– Não acredito que você acordou antes de mim. – Ele zombou, a voz pesada de sono, o sotaque arrastado.

– E te fiz café – Hinata revirou os olhos, divertida, e levantou-se, gesticulando na direção do recipiente que detinha a bebida matinal. – Mas só café mesmo, que é pra não te deixar mal acostumado.

– Ah. – Neji sentou-se, jogando os pés pra fora da cama. Hinata gostava de observá-lo despertando, o ritual que ele sempre seguia inconscientemente: Sentava-se, passava a mão pelo rosto e cabelo de uma forma quase brusca, e, quando tinha café, tomava tudo em um gole só. Era por isso que, apesar de sempre acordar atrasada, às vezes ela fazia questão de levantar mais cedo e preparar café.

Mas é claro que ele não sabia disso. Se ele soubesse, a graça se perderia.

– Tem alguma roupa minha aqui? – Ela perguntou, indo para o banheiro. Conhecia aquela residência como se fosse sua, com seus tons pastéis e decoração minimalista que eram tão característicos de Neji – Eu não trouxe nada ontem.

– Deve ter. Sempre tem. – A voz dele foi ficando longe.

– Pois tem que parar de ter – Ela replicou, prendendo o cabelo no alto da cabeça e escorregando a camiseta dele para fora do corpo, parada em frente ao chuveiro. – O que você vai falar se alguém achar minhas coisas por aí?

– O que você fala quando alguém encontra as minhas coisas no seu apartamento? – A resposta veio antes de ela sequer ligar a água. Ela sorriu e girou o registro, a mão estendida para sentir a temperatura do banho antes de entrar.

– Hinata – A voz estava tão perto que ela se assustou. Virou-se e viu Neji na porta, uma expressão aborrecida no rosto.

– O que? – Ela perguntou, finalmente achando a temperatura ideal e entrando debaixo d'água.

– Hoje é sábado. – A voz masculina decretou, e o olhar de Hinata observou a figura dele se aproximando e ficando cada vez mais próxima, mais séria, mais próxima, mais próxima.

Claro que era sábado. E ele não trabalhava sábado. Nem ela. Poderiam estar dormindo ainda, não fosse pela confusão que ela fez. Hinata mordeu o lábio inferior, tentando engolir um sorriso.

– Desculpa? – Apesar da água quente descendo por seu corpo, ela tremeu.

– Não. – Ele se aproximou, os olhos perolados cintilando. – Vamos ter que fazer alguma coisa sobre isso.

Sábado,Onde histórias criam vida. Descubra agora