Vamos fugir

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Subir no telhado do orfanato ao anoitecer, era de longe o melhor momento da minha vida. A única coisa que minha doença me proporcionava de bom era essa "liberdade", poder fazer o que quiser durante a noite, que é o horário que todos voltam para casa, des que eu estivesse longe das outras crianças era uma simples obrigação minha. As únicas pessoas que chegavam perto de mim, era meu irmão e meu melhor amigo, já que eram os únicos que não tinham medo de mim.
Todos, até os abantentes, tinham medo de mim, achavam que de algum modo iriam se contaminar, pelo menos eu achava que eles eram minha família e não sentiriam repulsa de mim, mas parece que eu estava errado já que recentemente até os mesmos tem me evitado.

Balanço a cabeça para tentar afastar meus pensamentos e olho para lua. Estar aqui me trazia uma paz provisória, mas logo poderia sair desse orfanato junto de Jongho e Seonghwa, nosso aniversário está chegando faltam apenas dois dias então faremos o exame de qualificação na semana que vem e então poderemos viver no mundo do lado de fora. Mas o que tem lá, como é lá, que tipo de pessoas encontraremos, será que quando sairmos lá fora encontraram a cura para minha doença. Muitas perguntas tem permanecido na minha mente, eu não lembro de como ou quando exatamente cheguei aqui com meu irmão mas deve ter acontecido da mesma forma com que as outras crianças chegam, na velha picape dentro de uma cadeirinha com uma lista de informações.
Eu devo ser muito paranóico para estar olhando para o céu nebuloso com uma lua grande e brilhosa, falando sozinho com o meu subconsciente.
Saio de perto da velha chaminé e vou me empurrando devagar até a ponta do telhado, pulo na varanda do meu quarto e entro pela porta que já estava aberta. Com a mesma rotina durante anos as coisas passam a ser um tanto monótonas, logo meu irmão deve estar terminando de jantar e subindo as longas escadarias para me trazer a comida que Seonghwa preparava, ele com certeza seria um cozinheiro lá fora, mesmo a sopa do resto de comida que sobrava que o mesmo preparava para mim era saborosa, eu tenho sorte de ter um outro quase irmão mas as coisas estão estranhas entre nós.
Mas voltando ao que nós faríamos Jongho seria do exército dos abatentes era óbvio, todos os abantentes elogiavam sua intelectualidade e força então não seria surpreende sua decisão.
Mas o que eu faria lá fora, o que Choi San seria? Eu não faço a mínima idéia.
Começo a andar para um lado e paro o outro, pensando em minhas opções e infelizmente eu não tenho nenhuma. Me sento na cama olhando para o espelho velho no canto da parede de tijolos.

-É melhor eu esperar o exame aí sim, saberei o que fazer.
Olho para o pequeno quarto que tinha uma bela porta que abria para varanda, as camas simples feitas de madeira escura não combinavam nada com o lugar. O quarto era um grande vazio com duas camas, um espelho velho, portas bonitas e muitos e muitos tijolos.
Será que alguém que já esteve aqui também estava ficando sem opções, será que também tinha muitas perguntas em mente, será que conseguiu achar sua vocação.
Era difícil acreditar que a felicidade estava atrás dos gigantes muros mas devia ser verdade já que ninguém voltava de lá.
Olho para a porta e para para meu relógio de bolso para ver às horas, ou Jongho estava atrasado ou o relógio tinha parado de novo mas logo minha pergunta foi respondida pela porta pelo susto que levei da porta sendo aberta e fechada com pressa, e um Jong com os olhos arregalados e a respiração totalmente descompensada.
O olho com raiva e me sento direito na beirada da cama, odiava quando ele tentava me assustar, ele acha que eu tenho 8 anos de novo.

- Posso saber onde está minha comida? -falo irônico.

-Eu descobri uma coisa junto do Seonghwa e isso tem tirado meu sono por muitas noites.-Jong fala rápido já fechando as cortinas e trancando a porta.

-Tudo bem...Mas o que é?-falo sentindo um breve medo e me ajeito na cama o olhando assustado, aquilo não era o normal de Jong.Primeiro que ele dorme muito, até além do normal, então perder noites de sono é novidade, e ele nunca foi paranóico então deve ser sério.
Ele se senta ao meu lado e segura minhas mãos enquanto me olha nos olhos.

-Eu e o Seonghwa há uns 6 meses estávamos na cozinha arrumando tudo e logo nós iríamos para o quarto mas escutamos a porta da sala de jantar se abrindo então fomos conferir o que era.-fico o olhando desconfiado e confuso,sinto suas mãos começarem a suar e emgulo a seco tentando entender tudo o que estava acontecendo.

-Então vinos que eram os dois abatentes chefes, eles não perceberam nossa presença na cozinha então decidimos esperar para poder passar e ir para o quarto, apagamos as velas e esperamos na porta mas logo eles começaram a falar sobre o exame. Eles estavam falando em como eu e o Seong poderíamos ser úteis no exército mas logo passaram a falar sobre o que aconteceria se você não passa-se então disseram que teriam que sacrificar os três se algo desse errado...
Sinto minha respiração acelerar e a vejo o medo e preocupação estampado em seu rosto. O que tudo aquilo significava, como assim sacrificar nós três? Isso é inacreditável, não pode ser real.

-O exame que faremos para qualificação ele...bom...ele descarta os que não passam para alguma funcionalidade para o exército e se passarmos vão nos transformar no que aqueles abatentes virarem quando tiraram as máscaras. San, os abantentes são algum tipo de criatura estranha e vão nos matar assim que nos levarem para um abate, se não passarmos no exame. Para eles somos meros soldados. Eu e o Seong procuramos mais informações nos livros mas nada fala sobre isso, só falam sobre a grande revolução do século negro, então pensamos em todas as formas de nos salvarmos, o que foi bem inconclusivo...mas nós decidimos que vamos para o abate com você, no caminho entre aqui e o abate tentamos que fugir de algum modo. -tiro minha mãos das dele e o olho desacreditado, tudo aquilo só poderia ser mentira, não faz sentido algum, criaturas são coisas de livros de criança para dá alguma lição de moral, isso é impossível.

-Eu sei que parece uma brincadeira mas eu sinceramente achei que teríamos mais tempo para pensar mas o exame vai ser feito amanhã e não daqui a algumas semanas, isso complica toda nossa fuga e eu não sei se tudo vai dar certo. Não sabemos se mais alguém fugiu ou descobriu algo, nós não sabemos o que nos espera do lado de fora dos muros.-ele fala com uma um tom de voz sério e melancólico.
Me afasto dele com um empurrão e sinto minha cabeça girar, minha visão ficar turva e tropeço em um sapato caindo no chão.

-Isso é sério Jong? Isso é verdade? Toda nossa vida foi baseada em uma mentira e talvez vamos morrer amanhã. Isso é muito para raciocinar, parece tudo uma mentira e não faz sentido algum. Vocês só podem ter desmaiafo e estarem imaginando essas coisas-falo me encolhendo no chão e olho para o teto, na minha mente toda a minha vida passava em flashes minha mente e nada mais fazia sentido.

-Infelizmente é mas nós temos que descobrir toda a verdade, não podemos nos render.
Abaixo minha cabeça pensando, é difícil pensar que toda sua vida é uma farça,mas e se quando sairmos acharmos nossos pais, uma cura para a minha doença, alguém que não tenha medo de pegar essas marcas horríveis, nós sabemos que não é contagioso mas os soldados falaram para manter distância de todos, será que lá fora eu teria respostas ou a morte seria o melhor caminho.
Olho em sua direção, respiro fundo e me levanto meio zonzo.
-Eu acho melhor me deixarem para trás, como você disse eu sou a razão para vocês serem sacrificados então eu posso...talvez eu possa acabar com isso então vocês teriam o futuro que merecem.

Jong me abraçar apertado e eu sinto lágrimas escorrerem por minha bochecha.

-Eu não posso te deixar, você é meu irmão gêmeo, eu não consigo viver sem meu irmãozinho, além disso nunca viveríamos como soldados depois do que vimos. O Seong concordou e nós vamos sair dessa juntos como sempre foi. Lembra de todas as coisas que planejamos fazer juntos, nós três contra o mundo, cuidando um dos outros.-sinto o pingo de coragem surgir e nos separo do abraço.

-Quer saber, todos nós vamos morrer um dia...bem eu acho que podemos tentar. Certo?-falo meio inseguro e o mesmo assente com a cabeça.

-Acho melhor você dormir, amanhã se tudo der certo, vamos passar bastante tempo sem uma casa mas finalmente livres. Eu vou passar no quarto do Seonghwa para dizer que você concordou.-ele diz e eu assinto com a cabeça, ele vem até mim e dá um último abraço antes de sair pela porta.

Ando até minha cama e me deito fechando os olhos tentando descansar mas a minha mente estava a mil.
Como que chegamos aqui? Será que nossos pais eram monstros? O que é essa bendita revolução? Porque o mundo está virando de cabeça para baixo?
E foi com essas diversas perguntas na minha mente que eu finalmente adormeci.








Oie gente, bem essa é minha primeira fic então talvez tenha alguns errinhos,me desculpem.
Comentem o que acharem, opiniões são bem vindas.
Espero que tenham gostado, beijos de luz♡

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