Colega de quarto

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-A primeira regra é a mais simples, vai jurar lealdade a mim...

Levanto minha cabeça para dizer alguma subjeção mas percebo que estamos parados em frente a uma porta grande, diferente das outras que eu tinha visto antes de chegar ali, tinham mais portas como aquelas pelos corredores laterais então devia ser uma área diferente das outras, e realmente parecia que até tínhamos saído da tubulação de esgoto, as paredes eram mais altas, mas ainda eram totalmente brancas e sem vida, não havia nenhuma decoração e o chão era de cimento cinza.

-Detesto bagunça então mantenha o seu lado do quarto sempre bem arrumado, ou eu faço você dormir na sala de treinamento. -Ele fala alto fazendo com que eu saia dos meus pensamentos e foque nele apenas assentindo com a cabeça. Ele leva seu olho até perto de um scanner que estava na porta, assim que a porta se abre, ele entra ignorando completamente a minha presença. Fico olhando pelo quarto ainda do lado de fora um pouco nervoso, aquilo definitivamente não era nem um pouco parecido com o que minha mente havia projetado para um quarto em um esconderijo ou qualquer lugar nessa situação que estávamos. Dou alguns passos para dentro ainda meio relutante e me encolho escutando a porta se fechando, era um quarto bem grande com duas enormes janelas que fizeram com que eu percebesse que estamos de baixo da agua, a sensação de estar de baixo da agua ainda com duas janelas de vidro que iam vão do chão ao teto não era nada reconfortante. Me aproximo mais da cama analisando o local havia apenas uma grande cama no centro com dossel, uma porta no canto, duas poltronas iluminadas e diversas prateleiras abarrotadas de livro além de ter apenas duas cômodas de cada lado do quarto, aquele lugar pareceria majestoso mesmo sendo extremamente simples o que não era com certeza a minha visão de um quarto para uma situação caótica como essa.

Abaixo a cabeça tentando me passar como invisível já que Wooyoung não era exatamente uma pessoa que tentaria ser amigável ou que ia sentir pena de mim, eu até consigo compreender que para ele todos nós passamos pela mesma coisa então não há motivo de pena.

-Puxe uma cadeira que eu vou lhe dizer as regras. Ele fala sério se sentando na beirada da cama e eu logo assinto puxando uma cadeira e a posicionando de frente para ele, mas com uma distância considerável. Me sento com a postura mais correta possível e o olho.

-A primeira você já sabe, lealdade é a única coisa que vai nos manter a salvo na guerra então você tem que jurar sua plena lealdade a mim, a segunda você também sabe é a questão de organização, essas são as mais importantes. Em nenhuma hipótese você deve trazer alguém para esse quarto, o seu lado do quarto é o lado direito então não deve em hipótese alguma mexer no meu lado a única exceção é caso queira utilizar o banheiro, mas fora isso, não chegue perto das minhas coisas sem autorização. Eu não durmo usando o edredom então você pode utilizá-lo contanto que você arrume assim que acordar. Tem roupas novas na sua cômoda e seu irmão disse que você faz uso de um remédio continuo então o laboratório vai replicá-lo, isso é tudo espero que estejamos entendidos. -Ele fala sério e eu apenas sacudo a cabeça assentindo.

-Mas nós vamos dormir juntos? Na mesma cama? Eu não me sinto à vontade dividindo a cama com um estranho...-falo baixo.

Fico o olhando meio perdido e tentando entender todas aquelas regras, eu achava o orfanato rígido mas pelo menos eu podia andar pelo meu quarto confortavelmente e sem me preocupar em dividir a cama com um completo estranho que eu tinha acabado de conhecer, a única pessoa com quem eu havia dividido foi com Jong, mas isso só acontecia quando as marcas começavam a queimar. Mas pelo menos agora eu teria o meu remédio, então não teria que me preocupar com uma possível crise por bastante tempo.

-Sim e eu compreendo, também não queria ter que dividir meu quarto com um garoto que acabou de chegar, mas não temos escolha então se contente com o que tem. -Ele diz sério e se levanta saindo de perto de mim, o que me faz soltar o ar que eu nem sabia que havia prendido.

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