A Bola Resolve [Conto]

Os problemas te perseguem...

Tudo aconteceu tão rápido.

A bola murcha e furada foi arremessada de volta para a rua e aterrissou na frente dos pés do Taz quando uma senhora velha apareceu na janela entre os cacos quebrados. Taz ouviu os meninos correndo gritando algo como "Ele quebrou a janela da Bruxa" e "Corre que ela vai amaldiçoar todo mundo". Taz pegou a bola murcha do chão e quando olhou para cima viu os olhos vermelhos da velha encarando fundo os dele.

— Espera só eu descer aí para ver o que vou fazer com vocês seus moleques!

Taz petrificou. Mas foi logo puxado pelo Ataíde.

— Vem comigo.

Então eles correram por entre o beco de uma estreita ruelinha e Ataíde pulou por uma das grades de uma casa. Taz parou.

— Isso pode?

Ataíde travou e olhou rápido pra trás.

— Vem logo. — E nem esperou sua resposta, saiu correndo pela lateral da casa. Até que Taz perdeu ele de vista quando virou na parede onde um pálio estava estacionado.

Taz sentiu as mãos tremendo. Isso era invasão, podia dar cadeia, não? Ou bom... Pelo que ele tinha lido em algum livro em algum lugar. Mas se a bruxa colocasse as mãos nele provavelmente ia era desejar a cadeia.

Por isso ignorou a respiração ofegante, jogou a bola furada para o outro lado e escalou a grade de alumínio desajeitadamente. Pulando e logo correndo na mesma direção que o Ataíde. Virou no carro e deu de cara com um quintal grande de areia e um cachorro ainda maior que veio latindo de forma violenta em sua direção.

Taz não pensou duas vezes. Depois de um grito, voltou em disparada para trás do carro e se escondeu, a tempo de ver o cachorro raivoso quase se enforcar na corrente em volta do pescoço. Era só um susto, o cão tava acorrentado no canto do quintal, bem mais longe que seus dentes afiados conseguiam encostar no menino.

— Anda, Gringo. — ouviu o Ataíde do outro lado, perto de um buraco nas madeiras que cercavam o quintal.

Ele engoliu em seco e foi, bem pelo cantinho do lado oposto do cachorro, que ainda latia tanto a ponto de salivar.