A Teoria de Darwin

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    Não vou negar que estou com um pouco de fome, o tempo dentro deste castelo é muito confuso, já não sei a quanto tempo jantei, e para deixar tudo mais confuso, todas as janelas lacradas com algum tipo de metal não demonstra luzes externas, é dia, é noite? Não sabemos! Quem sabe em outros cômodos tenham janelas de vidros.
    – E então pessoal...devemos comer? – Alguém mais além de mim está com fome.
    – Não acho que seja uma boa ideia Spike, pode haver substâncias venenosas! Se lembra como viemos parar aqui? Depois de um jantar.
    – Vai dizer que não está com fome Bruce? – Os dois possuem pontos convincentes, fome e veneno, a composição desta farta refeição pode ser fatal.
    – Vamos analisar com calma gente, o porquê disto está a nosso alcance! – Nas deduções dele eu confio mais.
    – Vamos, diga-nos Denner, o que acha?
    – Pois bem Lauren. Sei que todos aqui estão com fome, podemos não enxergar o céu lá fora, contudo, nosso relógio biológico ainda funciona, suponho que estamos na tarde sábado, ou seja, quase um dia inteiro depois de sermos capturados e trazidos – isso explica a fome, e também explica porque não estamos desidratados por exemplo, não se passou tanto tempo assim –, a comida oferecida não deve possuir veneno algum!
    – É um ótimo ponto Denner, mas lembra que o anfitrião nos avisou sobre as “armadilhas” espalhadas pelo castelo? – Parando para pensar, Bruce pode estar certo. Olhando melhor a cozinha, além de sua decoração de bom gosto e o espaço enorme que ela dispõe, seria o lugar perfeito para uma primeira armadilha!
    – Bruce, aprecio sua preocupação, mas irei lhe refutar com 2 argumentos que acho serem válidos! Primeiro, não sei se todos se esqueceram, mas ainda tem um assassino à solta em algum lugar deste castelo, – por um momento eu tinha esquecido, e pela expressão de tristeza no olhar dos outros, eles também deixaram isso um pouco de lado – e segundo, essa pessoa nos assiste constantemente, logo quer se divertir com nossa situação, não acho que seria satisfatório ver todos morrerem comendo essa comida em vez de ver todos sendo caçados por assassinos que ele se deu o trabalho de juntar aqui!!
    – Ele tem razão, vou comer, e outra coisa, prefiro morrer envenenada do que brutalmente assassinada por maníacos! Os EUA têm um histórico desse tipo de gente aterrorizando pessoas inocentes, me mudei de Manhattan por causa de um deles.
    – Isabella tem razão, vou comer também!
    – Obrigado Johnson, pelo menos em alguma coisa concordamos!

    Ficamos nos entreolhando enquanto Isabella e Johnson comiam com diligência é rapidez, não teríamos tempo de distinguir opiniões a respeito da comida, estávamos com fome e por isso atacamos também, a comida estava uma delícia. Ninguém se sentou à mesa, comíamos em pé e com pressa, próximo a um enorme pato assado no centro da mesa havia um bilhete, era do Union Square Park, no bilhete estava escrito: “Por favor desfrutem de nossos deliciosos pratos”.
    Todos viram, mas ninguém se importou, as bocas e estômagos estavam cheios.
    Terminando de comer, fomos em direção a saída da cozinha, demos de cara com um grande corredor e algumas portas, quase que no meio dele avistamos uma porta entre aberta, a cercamos, agora eu já tinha em mãos uma faca que peguei na cozinha, lentamente Johnson empurra a porta, seguimos lentamente o movimento que a mesma fazia e aos poucos revelava do que se tratava o cômodo, era uma biblioteca.

    – Primeiro as damas!
    – Não seja estúpido Spike, quer me mandar na frente para se certificar de alguma coisa?
    – Isabella, chega! Vocês dois são infantis, deixa que eu vou. – O Denner também demonstra pulso firme quando precisa.
    Olhando a portinha, quem diria que a biblioteca seria tão grande por dentro, livros e mais livros, acho que foi por isso que Denner quis entrar primeiro. A decoração da biblioteca era mais moderna, não parecia que o cômodo pertencia ao castelo, até computadores tem, mas é claro que nenhum funciona, todos sem fio para conectar a tomada. Ainda estou preocupado com a situação, minha mão treme um pouco enquanto seguro a faca, porém Alyssa já vem se mantendo calada desde que saímos daquela sala, sua expressão mudou, ela me parece mais abalada agora, diferente de alguns outros, Isabella aparenta sentir raiva o tempo todo, Bruce não mudou a feição de sério desde que acordou, Jimmy nem fala, só fica abraçado ao machado olhando para os lados sem parar, os outros, parecem interessados, com medo, mas com um sentimento de aventura, principalmente Denner e Spike, de maneiras diferentes porém eles me parecem empolgados.
    – E então Alyssa, tudo bem aí? – Preciso animá-la.
    – Claro, sem problemas, e você? – O sorriso me parece falso desta vez.
    – Tremendo, igual uma folha ao vento.
    – Estou me perguntando o que virmos fazer aqui, o assassino já deve estar se aproximando, e nós viemos ler livros? – Seu sorriso falso se torna um sorriso nervoso.
    – Também não sei bem. Mas precisamos saber quem está nos trancando aqui!
    – Desculpe Steve, mas é óbvio quem seja, o problema não é saber quem, mas porquê! – Óbvio? Realmente me sinto menosprezado agora.
    – Bom, eu não faço ideia de que seja... – Ela vem me dizer isso em voz baixa, não parece tão óbvio assim.
    – O filho do bilionário, o tal de Javier! – Faz e não faz sentido.
    – Por que acha que é ele?
    – Aí que está, não tenho certeza de nada, mas deve ter haver com o pai dele. – Nenhum de nós matou o velho, pelo menos eu acho que não, foi dito que ele morreu de parada cardíaca.
    – Acha que alguém tem relação com a morte do pai dele?
    – Provavelmente!
    – PESSOAL!! Achei algo que possa ser de nosso interesse. – Denner achou algo, parece que nossa visita a biblioteca não está sendo em vão.
    – O que Denner, o que é isso?
    – Dados, Steve.
    – Sobre?
    – Um dos assassinos que está dentro do castelo, e convenientemente possa ser o primeiro que foi solto. Na capa do livro não tem título nem nada escrito, por isso me chamou a atenção. Logo na primeira página está escrito: Dossiê do primeiro serial killer; e logo na segunda página tem isso aqui: A TEORIA DE DARWIN.
    – E o que isso significa?
    – O histórico de seus assassinatos, avaliações psicológicas e seus métodos. – Talvez nos ajude.
    – Vai nos dar alguma chance contra ele Denner?
    – Não sei Alyssa!
    – AHHHHHHH!!!
    – O que foi Jimmy??? – O que ele quer agora?
    – Tem alguém vindo do final do corredor!! E parece que ele está armado!

Hóspedes do Castelo: Na Ilha do Purgatório  Onde histórias criam vida. Descubra agora