Acostumando ( Capítulo 2)

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- Música acima para acompanhar a tradução!
- Pode aparecer  um pouco de sangue ao longo da história?
[....]

Peter acordou sobressaltado, o corpo encharcado de suor frio. Seu peito subia e descia em respirações rápidas e instáveis, enquanto imagens do passado voltavam à sua mente como lâminas cortantes. A escuridão do quarto parecia sufocá-lo, tornando impossível ignorar as lembranças dolorosas da época em que esteve na Hydra. Anos haviam se passado, mas os fantasmas ainda o perseguiam.

Ele passou a mão trêmula pelo rosto, tentando afastar o torpor do pesadelo. Seus olhos buscaram o relógio no criado-mudo. 2h da madrugada. Suspirou pesadamente, já acostumado com noites em claro. O sono era um luxo que raramente lhe pertencia.

Sem vontade de voltar a dormir, pegou o celular e colocou nos fones de ouvido. Ajustou o volume e escolheu uma música específica — "Who Am I", de Besomorph & Riell. O ritmo melancólico e a letra intensa eram quase um reflexo do que sentia. Ele sempre cantava para tentar se acalmar, para recuperar um pouco de controle sobre si mesmo após os pesadelos ou ataques de pânico.

Sua voz preencheu o quarto escuro, suave no começo, mas logo carregada de emoção:

Você viu seus pesadelos ganharem vida...
"You've seen their nightmares come alive..."

No corredor, Tony saía de seu laboratório, esfregando os olhos cansados após horas de trabalho. Estava prestes a seguir para a cozinha quando ouviu algo incomum. Parou por um instante, franzindo o cenho. Alguém estava cantando? Seguiu o som, guiado pela voz que se tornava mais nítida conforme se aproximava.

Você viu seus sonhos mais doces florescerem e morrerem...
"You've seen their sweetest dreams blossom and die..."

Ao chegar à porta do quarto do sobrinho, Tony ficou imóvel, chocado. Nunca tinha ouvido Peter cantar antes.

Enquanto isso, no outro lado da base, a equipe foi despertada pelo alerta de Sexta-Feira, por ordem de Stark. Os primeiros resmungos de protesto logo cessaram quando os Vingadores começaram a escutar a melodia que ecoava pelos corredores.

Então, por que você nos constrói para desmoronar e cair?
"So why do you build us up to crumble and fall?"

Steve, Bucky, Natasha, Sam, Clint, Wanda e os outros se reuniram silenciosamente no corredor. O timbre de Peter carregava um peso emocional que não poderia ser ignorado. Seu canto não era apenas bonito — era cheio de dor, de algo não dito, uma confissão melancólica sem palavras diretas.

Bucky franziu o cenho, reconhecendo aquele tom. Sabia que Peter tinha acordado de um pesadelo ou, pior, de um ataque de pânico. Ele próprio já passara por aquilo inúmeras vezes.

Diga-me agora, oh, diga-me agora, quem é que eu deveria ser...
"Tell me now, oh, tell me now who is it I'm supposed to be..."

A cada verso, a voz de Peter oscilava entre força e vulnerabilidade. Os Vingadores se entreolharam, surpresos e, ao mesmo tempo, tocados. Quem diria que a pequena aranha, um ex-agente da Hydra, escondia um talento como aquele?

A música seguia, e com ela a tensão no ambiente aumentava. Peter parecia estar se desfazendo aos poucos, entregando-se às emoções que mantinha tão bem trancadas.

Algo está errado comigo, não consigo me decidir...
"Something is wrong with me, can't make up my mind..."

Steve observava tudo em silêncio. Seu coração apertou ao ver a sombra de sofrimento que ainda perseguia seu filho.

Ceifador  (APRIMORADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora