Duas semanas antes.
—“Wei Ying, você sabe quem eu sou?”
A voz ao outro lado soou distante, tão distante que o espaço que os separava tornou-se ainda distante através daquela chamada.
Wei Ying levou alguns minutos para reconhecer a pessoa por trás da linha, mas não deveria ter demorado tanto. A voz era leve com uma lírica de tenor subjacente, igual que sua própria voz.
—Sim? —Contestou por fim, monossilábico. —Você é o Wei WuXian, certo?
—“Sim, sim! Sou eu,” —“Wei WuXian”, como se chamava, confirmou. Agora parecia estar entre uma mescla de alívio e contentamento. —“Como você está?” —Fez uma pausa. —“Sinto muito pelo que houve com a nossa mãe.”
Wei Ying sentou-se no sofá, não sabia ao certo o que dizer.
—Sei que sente.
—“Me sinto muito mal por não ter estado ao seu lado quando ela se foi, mas sabe, estive pensando, talvez devêssemos marcar um reencontro,” —sugeriu. —“Quando foi a última vez?”
Houve uma última vez?
Wei WuXian não esperou pela resposta.
>> “Eu realmente queria ter ido ao velório, mas naquela semana o pai e eu estávamos na Europa com um acionista,” —explicou. —“Wou, o verão de 2018 foi realmente muito ocupado.”
O rapaz suspirou. Cangse Sanren faleceu no verão de 2017.
—Como está o nosso pai?
—“Melhor do que nunca,” —Wei WuXian riu.—“Está na Espanha com a nova esposa, a quarta. Uma francesa aspirante a top model, mais uma com pernas longas e magras. Conhece o nosso pai.”
Não, Wei Ying não o conhecia.
—“Mas voltando ao assunto, falta muito pouco para o nosso aniversário. Já é em uma semana, vinte e três, pode acreditar? Por que você não vem a *Bel Air para passarmos o dia no iate do nosso pai? Quero dizer, não sei se você está trabalhando ou estudando, mas podemos marcar para um dia em que você esteja disponível. Eu faço meu próprio horário, então quando der pra você, dá para mim. Seria bom nos encontrarmos, não acha? Wei Ying?”
—Sim, eu… —Não, não achava. —Acho que sim, WuXian.
—“Está bem. Sábado é bom para você?”
—Ah, bem, no sábado, —pensou em dar uma desculpa, mas não ocorreu-lhe nada. —Não sei, ainda tenho que ver...
—“Wei Ying, você está agindo como se não quisesse me ver.” —A voz soou receosa. Wei Ying estranhou, mas não comentou nada a respeito.
—Não, não é isso, é que para mim é meio difícil de compreender, —o rapaz fez uma pausa.—Depois de tanto tempo, por que só agora…?
Ali estava a questão, direta e rápida. Durante todo aquele tempo, Wei WuXian nunca havia se incomodado em pegar um telefone, ligar e perguntar sobre como Wei Ying estava, tampouco para se informar sobre o estado de saúde da mãe deles. O outro Wei estava sentado lá, em sua luxuosa mansão em Bel Air, bebendo Louis Roederer e vivendo uma boa vida. E Wei Ying estava na pior, lutando dia após dia para sobreviver enquanto trabalhava duramente para pagar a clínica de reabilitação da mãe deles.
—Por que não agora? —Wei WuXian objetou, com o tom beirando o sugestivo.
Eram gêmeos univitelinos, extremamente semelhantes um com o outro. Foram separados ainda bebês. Seus progenitores não puderam com a incompatibilidade da relação. Wei Ying nunca entenderia o que levou Wei Changze, alguém que vinha de longas gerações de nobreza e poder aquisitivo, a se interessar por uma ingênua estrangeira da classe baixa moradora do Bronx. Sanren foi desde o início como um peixe fora d'água dentro da alta sociedade. E a falta de um sobrenome influente não agradou para nada a família de Changze.
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The Pretender • Wangxian
FanfictionWei Ying e Wei WuXian são irmãos que vivem em mundos completamente diferentes. WuXian é rico, bem casado e dono de uma personalidade fatal, em contrapartida, Wei Ying é um paisagista frustrado que não tem nada e nem ninguém na vida. O que ambos têm...