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2006

Na primeira vez, achei que estavam sozinhos.

Quando a mamãe e o papai decidiram sair de casa naquele domingo de sol, uma barulheira enorme vinha por de fora de nossa casa. Eu, como tudo que questionava, tudo que pedia, insisti para ir com eles. Mas quando descobri que dessa vez eles não iriam ao supermercado, ou ao parque, ou me levar à escola, a dúvida tinha ficado ainda mais aparente.

Mamãe amarrou meus cabelos num rabo de cavalo, colocou meu macacão e segurou minha mão, o papai parecia estar com pressa. A lembrança era vaga, mas ele estava suando muito em questão do calor.

Eu tinha oito anos quando fomos para fora e um enooorme caminhão estava à frente da casa ao lado, o papai se apressou em ajudar o moço que carregava um sofá velho para dentro de casa, eu e mamãe fomos cumprimentar a moça de cabelos escuros que retirava coisas de casa, de dentro do caminhão.

Quando papai e o outro moço retornaram, todos se cumprimentaram.

Foi aí que percebi que eles não estavam sozinhos.

Um garoto franzino, tímido, se escondia por detrás das pernas do pai, seus cabelos jogados na testa tapavam seus olhos, e ele ainda chupava o dedo. Ao perceber que o mirei, ele se escondeu ainda mais, estava envergonhado.

- Hana, este é o Ryo. – o homem a frente disse, papai me deu um empurrãozinho. – Não fique tímido, Ryo, cumprimente-a.

O garoto, dificilmente, se aproximou. Ele estendeu a mão, juntou e saudou. Por algum motivo, papai e mamãe e os outros riram.

Logo fiz o mesmo.

E ele também.

E eu não percebi.

Mas, naquele momento, tinha acabado de conhecer o meu melhor amigo. 

SummertimeOnde histórias criam vida. Descubra agora