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Um tempo depois, soube que Ryo e seu pai tinham viajado de carro para outro lugar.

Eu estava fazendo alguns desenhos para pregar na geladeira de casa, tinha certeza de que desenhava minha mãe e meu pai em uma folha. Na outra, desenhei e eu Ryo quando fomos tomar sorvete juntos. Já fazia um bom tempo que eu não o via. Estava com saudades.

Naquele dia, a campainha de casa havia tocado, eu tinha aberto a porta.

- Hana, querida, sua mãe está? – a mãe de Ryo perguntou, sorrindo.

Eu assenti, gritando minha mãe logo em seguida.

- Hana, pegue o casaco, filha – minha mãe disse, aflita.

- Mãe? – eu perguntei, sem entender.

- Vá! Agora!

Eu engoli um soluço. Fui para meu quarto e peguei meu casaco, voltei e avistei o desenho de mim e Ryo e por algum motivo o dobrei e coloquei no bolso.

Minha mãe me pegou no colo e junto a mãe de Ryo, nós três entramos no carro.

Foi quando chegamos ao hospital.

Mamãe e a tia conversaram com algumas pessoas e logo fomos para um quarto.

E eu não acreditei no que vi.

Ryo estava deitado em uma cama branca, com algumas mangueiras no corpo, parecia dormir.

- Ele entrou em estado de choque, a colisão foi muito grande – a médica disse.

Meus olhos encheram de lágrimas. Desci do colo da minha mãe e me aproximei.

O movi.

Ryo não acordou.

- Querida – Mamãe disse.

- Por que ele não acorda, mãe? O que houve? – perguntei, confusa. – Ryo! Por favor! Por favor!

- Hana.

- Ele morreu, mãe? – minha mãe me envolveu num abraço apertado. – Ele morreu?

Eu ainda chorava ao ver que Ryo não se movia.

Então lembrei do desenho que fiz de nós dois na sorveteria.

O retirei do bolso do casaco.

- Aqui, esses somos nós na sorveteria – eu disse, mostrando. – Lembra quando a gente se viu pela primeira vez? A casa na árvore? Eu sempre dei uma de esperta, me desculpe...

Eu ouvi um respirar forte.

A melhor lembrança daquele verão foi quando Ryo abriu seus olhos.

E sorriu para mim. 

SummertimeOnde histórias criam vida. Descubra agora