05
Um tempo depois, soube que Ryo e seu pai tinham viajado de carro para outro lugar.
Eu estava fazendo alguns desenhos para pregar na geladeira de casa, tinha certeza de que desenhava minha mãe e meu pai em uma folha. Na outra, desenhei e eu Ryo quando fomos tomar sorvete juntos. Já fazia um bom tempo que eu não o via. Estava com saudades.
Naquele dia, a campainha de casa havia tocado, eu tinha aberto a porta.
- Hana, querida, sua mãe está? – a mãe de Ryo perguntou, sorrindo.
Eu assenti, gritando minha mãe logo em seguida.
- Hana, pegue o casaco, filha – minha mãe disse, aflita.
- Mãe? – eu perguntei, sem entender.
- Vá! Agora!
Eu engoli um soluço. Fui para meu quarto e peguei meu casaco, voltei e avistei o desenho de mim e Ryo e por algum motivo o dobrei e coloquei no bolso.
Minha mãe me pegou no colo e junto a mãe de Ryo, nós três entramos no carro.
Foi quando chegamos ao hospital.
Mamãe e a tia conversaram com algumas pessoas e logo fomos para um quarto.
E eu não acreditei no que vi.
Ryo estava deitado em uma cama branca, com algumas mangueiras no corpo, parecia dormir.
- Ele entrou em estado de choque, a colisão foi muito grande – a médica disse.
Meus olhos encheram de lágrimas. Desci do colo da minha mãe e me aproximei.
O movi.
Ryo não acordou.
- Querida – Mamãe disse.
- Por que ele não acorda, mãe? O que houve? – perguntei, confusa. – Ryo! Por favor! Por favor!
- Hana.
- Ele morreu, mãe? – minha mãe me envolveu num abraço apertado. – Ele morreu?
Eu ainda chorava ao ver que Ryo não se movia.
Então lembrei do desenho que fiz de nós dois na sorveteria.
O retirei do bolso do casaco.
- Aqui, esses somos nós na sorveteria – eu disse, mostrando. – Lembra quando a gente se viu pela primeira vez? A casa na árvore? Eu sempre dei uma de esperta, me desculpe...
Eu ouvi um respirar forte.
A melhor lembrança daquele verão foi quando Ryo abriu seus olhos.
E sorriu para mim.
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Summertime
RandomLembranças tornam a vida mais interessante. Seu melhor amigo, uma grande parte delas.