Prólogo

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 Observei minha chave abrindo um sorriso. O meu coração estava totalmente acelerado, enquanto a ansiedade percorreu pelo corpo, agarrei a chave em mãos.

Parado em frente ao prédio, uma pequena satisfação invadiu o peito, de forma quente e gostosa. Não sabia se o calor era da ansiedade, ou das pequenas gotas de suor que escorriam meu rosto, logo sendo secadas pelas costas de uma das minhas mãos. Era aquela sensação que tínhamos quando um sonho se realizava, não é? Coração acelerado, e mal conseguimos respirar.
E isso me empolgava demais, eu realmente me esforcei pra conseguir tudo aquilo, e ali estava o resultado do meu trabalho. Depois de anos, voltei para minha cidade natal, para finalmente recomeçar o que havia sido desfeito.

Abri a porta de vidro escuro, cumprimentei o porteiro subindo rapidamente as escadas. Meu sorriso permanecia no rosto, quase que me fazendo tropeçar. Parei em frente ao corredor ofegante, quarto andar não era pra qualquer um. Andei pelo corredor procurando pelo número do meu apartamento tentando, com passos lentos, acalmar o coração. Achei a porta, que logo destranquei, me deparando com caixas de papelão e um colchão deixado no chão. Tirei a mochila das costas, contemplando a euforia que estava dentro de mim.

— Finalmente...

A mente já havia sido preenchida por positividade e expectativas. Eu havia esperado muito por isso. E o primeiro passo, seria cumprimentar os vizinhos. Apesar que essa aparência um pouco cansada e minhas roupas não serem tão formais, eu não poderia esperar que o mundo fosse gentil comigo, antes de eu ser gentil com ele, certo?
Eu não sabia se de fato estava certo, mas foi o que adotei ao longo da vida. E assim o faria, além de organizar meus documentos, também cumprimentaria a vizinhança para conhecer cada um.

Repentinamente, sinto uma dor na barriga e logo um barulho foi ecoado pelo cômodo. Pego meu celular do bolso, olhando as horas. Já se passavam das oito, e eu ainda não havia comido nada desde a manhã passada. Suspirei desistindo. Pensei em ser cedo demais, e eu fosse um dos poucos acordados. Optei por levantar para andar pelo local, e comer alguma coisa.

Peguei minha carteira que estava na mochila, que eu precisava para comprar o café, já que demoraria muito até eu desembalar todas as minhas coisas. Saí do apartamento trancando a porta do mesmo, quando acabo por passar meu olho em um moreno, logo na porta ao lado. Antes mesmo de eu cumprimenta-lo, meus olhos pararam no mesmo. Por um momento, notei os cabelos negros e um pouco compridos, que me lembraram Sasuke.

Um sorriso invadiu meu rosto, enquanto as lembranças invadiram a mente. Sasuke era meu melhor amigo na infância, e uma das pessoas mais importantes para mim, ou pelo menos era.
Havíamos nascido nesta cidade, e desde que eu me entendia por gente éramos inseparáveis, eu nunca havia me visto um dia sequer sem a presença do outro. Claro, amizade de criança é muito mais ingênua do que qualquer coisa, mas não deixa de ser válida.

Nós vivíamos grudados, jogando vídeo-game ou fazendo dever de casa, e apesar da personalidade um pouco difícil, sempre me dei bem com Sasuke. Mas, acabamos nos separando quando fui morar com alguns parentes distantes, com 13 anos. Meus pais haviam sofrido um acidente na época, e não me restou escolha além de me afastar aos poucos do moreno.
E apesar de eu estar resolvido com todos meus conflitos passados, Sasuke era um pouquinho diferente dos outros, representando uma das melhores épocas da minha vida, além da infância. Poderia considera-lo quase como um ponto fraco, ou uma história em que acabou pela metade.

Foi assim que eu me dei conta de estar encarando meu vizinho desconhecido. Instintivamente, acabei por descer os olhos pelo seu corpo, observando a regata que usava, e uma marca um pouco tampada pelo tecido da roupa, que de repente, pareceu tão familiar.

Desisti, sem me lembrar de onde eu havia visto tal símbolo. Subi um pouco os olhos, e notei que ele estava me olhando. Meu coração acelerou, e o meu rosto esquentou. Por quanto tempo eu o encarei?
Tentei pensar em algo, ou até mesmo esperei que ele falasse alguma coisa. O nervosismo havia tomado conta de mim, e eu só consegui dizer a primeira frase que veio na minha cabeça.

— Bom dia, vizinho.

Bom Dia Vizinho | OmegaVerseWhere stories live. Discover now