1. Prólogo

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Confira o trailer clicando aqui em cima e boa leitura!

[🧚‍♀️]

Carros e seus motoristas barulhentos formavam a exata definição de "pé no saco". Como Yin e Yang, eram o complemento natural um do outro no quesito chatice.

Jimin ainda procurava encarar a maior parte deles como suportável, afinal, nada se passava além de uma máquina criada para te carregar por aí. Foi uma lástima tomar a decisão de se mudar para um apartamento que residia logo em frente a uma das ruas mais movimentadas e gritantes de São Paulo. Ele já deveria esperar por situações do tipo ou, ao menos, ter preparado os ouvidos. Nem mesmo o sol recém surgido da manhã foi capaz de evitar conflitos, e a discussão em frente a casa de Jimin já durava longos e infernais minutos.

— Idiota! Como você não me viu entrar? Tá de sacanagem?! — gritava alguém do lado de fora da casa, na rua. Outra voz soou muito mais baixa e pacifista, porém difícil de escutar, então Jimin ignorou-a. Logo depois, o berrante retornou a falar: — Nem mesmo era a sua mão, cara! Você entrou errado!

Assim que percebeu que não conseguiria voltar a cair no sono tão cedo e abriu os olhos, a necessidade de fechá-los retornou rapidamente. Uma fisgada de dor pontilhou em sua cabeça quando o fez e seu corpo se encolheu um pouco. Ele estava deitado numa superfície dura, dura demais, embora ainda conseguisse sentir algo macio cobrindo suas pernas. Novamente tentou abrir os olhos e desta vez somente um permaneceu aberto, pelo menos o suficiente para lhe dar um resquício de visão. Não demorou a notar que aquele era seu quarto, e a "superfície dura", o chão. Como ele havia parado ali, não sabia. Talvez fosse até melhor não saber.

Acompanhado de uma notória dificuldade, Jimin conseguiu se sentar; apoiou-se na beira da cama e levantou, por fim. Seguido disso, um novo motivo de irritação nasceu em seu corpo, obviamente ocasionada por sua noite desconfortável, mas ele não fez nada além de demonstrá-la com uma careta, e arrastando os pés, seguiu para fora do cômodo.

A primeira coisa em que prestou atenção foi no barulho de água corrente vir da cozinha e isso também foi o que o motivou para ir até lá. Ele encontrou Taehyung, seu melhor amigo, de costas para si e enchendo um bule. Com a aproximação nada discreta de Jimin, Taehyung sentiu a nova presença e virou a cabeça, fitando-o por cima do ombro.

— Que milagre, acordou sozinho dessa vez! Ainda bem, viu? Você não iria gostar nada dos planos em que estive trabalhando para te tirar da cama. — ele disse e fechou o registro. — Tá a fim de ouvir?

Jimin caminhou até a cadeira perto da bancada e sentou, ainda na cozinha. Afastou as mãos do corpo e as espalmou sobre o mármore, pendendo o corpo para trás. Os olhos preguiçosos enxergaram a expressão que Taehyung lançava para si; claramente um julgamento silencioso. 

— Iria perguntar se você está com fome para eu preparar alguma coisa, mas está tudo praticamente vazio. Qual é? Você vive de chá e café, Jimin? Quando foi a última vez que fez compras? 

E aí estava o julgamento. 

— Há quanto tempo está aqui? — Jimin decidiu que seria melhor desviar dos questionamentos anteriores. Percebendo isso, Taehyung suspirou e deixou o bule no fogo para esquentar a água.

— Algumas horas, eu acho. Recebi sua mensagem de ontem e imaginei que estaria nesse estado hoje. — respondeu. — Decidi vir antes de você se enfiar em mais merda.

— Bem... eu agradeço, — disse Jimin. — mas era apenas uma festa. 

— Sempre é, abre aspas, apenas, fecha aspas, uma festa. Vem sendo assim desde o seu término e toda vez você acaba desse jeito.

Não Acorde • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora