CAPÍTULO 1

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DONGHYUCK

Suspiro desalmadamente, o meu peito vazio de qualquer tipo de esperanças enquanto encosto o queixo ao braço apoiado na mesa da cantina. Continuo a observá-la de longe, sozinha a almoçar, admirando a sua beleza fora deste mundo. Céus, o quão mais falhado posso ser?

"Alguém chame a polícia, o tarado voltou!"

Acordo dos meus delírios com a voz melódica e irritante do Jaemin e reviro-lhe os olhos. Tento ignorar o seu comentário, mas os meus restantes amigos insistem em ajudá-lo a humilhar-me.

"Tarado e virgem, o sonho de todas as mulheres." o Renjun junta-se à piadinha e não surpreende absolutamente ninguém.

Arqueio-lhe uma sobrancelha enquanto espero que o grupo pare de rir. "Não sou virgem," tento defender-me, ouvindo uma gargalhada mais alta vinda do Chenle. "nem um tarado sexual! Só estou a olhar para ela!"

"Pela milésima vez numa só semana..." o Mark retorquiu de imediato. "Podes não ser um tarado, mas pareces um stalker maluco. A rapariga nem pode comer em paz."

Não percebo o que é que estou a fazer de mal. Não é crime nenhum admirar a beleza de uma pessoa, especialmente a de alguém como ela: Jung Jaeji. A rapariga em quem pus os olhos desde o seu primeiro dia na escola e não consegui mais desviar o meu olhar. Não só pela sua beleza, mas também por outros dois motivos.

O primeiro: a sua personalidade misteriosa deixa-me extremamente curioso. A Jung Jaeji não se dá com absolutamente ninguém, sempre sozinha, como agora, em todos os intervalos e aulas. É demasiado reservada, pelo que percebi, ou talvez imensamente tímida como eu.

E segundo: o dia em que me defendeu de um parvalhão que se atreveu a meter comigo, quando eu não estava com os rapazes. Não tive tempo sequer de reagir, porque a rapariga não hesitou em gritar que ele devia arranjar um espelho após o mesmo me ter chamado de «feioso de caixa de óculos». Quis falar com ela logo a seguir, para lhe agradecer, mas ela fez o seu melhor para me evitar o resto dessa semana.

Desde esse dia que o meu coração acelera cada vez que a vejo.

Mas não tenho qualquer tipo de má intenção como os meus caros amigos gostam de insinuar, só para se meterem comigo.

"Ela é tão bonita..." baixo a cabeça, encostando a testa à mesa tristemente. "Tenho zero chances..."

"Ei," sinto o Jeno a pousar a mão no meu ombro. "Não digas isso. Talvez se fosses falar com ela–"

"Já olhaste bem para ela?!"

"Não tanto como tu–"

Interrompo-o de novo. "A Jaeji é muito areia para o meu camião. Ela nem olha para mim durante um único segundo, Jeno. Nem me deve achar interessante."

"Bem, ela defendeu-te por algum motivo, não?" o Renjun contrapõe, franzindo a testa. "Vais desistir antes de sequer tentar? Para de ser um bebé chorão e vai falar com ela!"

Encaro-o durante um momento, talvez demasiado longo ao ponto de pensarem que troquei de crush, antes de sentir algo a surgir no meu peito previamente vazio. Assinto com a cabeça lentamente enquanto uma adrenalina repentina me enche a alma às suas palavras encorajadoras. Bato com a mão na mesa e levanto-me.

"Se há algo que eu não sou, é bebé chorão!" minto com convicção, inspirando fundo ao que estou prestes a fazer.

"Bora, tigre!"

"Não digas porcaria–"

"Isso mesmo, garanhão!"

O entusiasmo dos meus amigos só me dá mais motivação. Tenho a certeza que os meus olhos estão a brilhar de esperança, porém, acalmo-me um pouco quando percebo que tenho mesmo de ir ter com ela.

"Chego lá e digo o quê?"

"Doeu quando caíste do céu?"

Felizmente, não sou o único a grunhir à tentativa do Mark.

"É por isto que és o virgem número dois, hyung." o Jaemin gargalha alto. "Precisamos de uma boa cantada, pensem, rapazes."

Volto a olhar para a Jaeji e fico nervoso quando a vejo a desviar o olhar, que não estava especificamente em mim, mas no grupo. Noto na sua expressão confusa e de julgamento, deixando-me ainda mais receoso.

Não, não, não. Não posso perder o único pingo de coragem que tenho desde há tanto tempo. Começo a ir na sua direção, ignorando os meus amigos confusos. Respiro fundo mais uma vez, ficando mais nervoso a cada passo mais perto. Passam-me imensos pensamentos inseguros pela cabeça, mas tento não pensar neles, tento focar-me no quão bonita ela está hoje, com o seu cabelo preso numa trança.

Mas talvez deva voltar para trás– Não, era tarde demais. Ela já tinha subido o olhar até ao meu, meu Deus.

Ignoro a sua expressão rígida e sento-me à sua frente, ajeitando os óculos pretos e grossos que deslizam pelo meu nariz.

"Conheço-te?"

Engulo seco ao seu tom frio, intimidador, e à questão que me mata levemente por dentro. Tento não me deixar afetar pelo facto de não se lembrar de mim e abano a cabeça de um lado para o outro.

"O que é que queres?"

Limpo a garganta com uma tosse forçada. Vá lá, Lee Donghyuck. É agora ou nunca. "Queria desejar-te um bom dia, porém só te contigo desejar para mim."


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JAEJI × Haechan/Lee DonghyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora