CAPÍTULO 17

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RENJUN ᵖᵒᵛ ᵉˢᵖᵉᶜᶦᵃˡ

São poucas as pessoas que admiram o quão paciente eu sou. Algumas até se dão ao trabalhar de achar que não tenho um pingo de paciência, que é totalmente mentira.

Só eu e o universo é que sabemos o quão paciente é preciso ser quando se é amigo de alguém como o Lee Donghyuck e a Jung Jaeji.

Observo, nada chocado, o Donghyuck a chorar desalmadamente com a cabeça afundada na sua almofada, no seu quarto. Talvez lhe desse um estalo na nuca noutras circunstâncias, já habituado ao quão chorão ele é, mas desta vez não o faço, devido ao quão destruído está de momento. Nem se atreveu a ir à escola nos últimos dias, convencendo a sua mãe de que estava doente. Aposto que foi fácil convencê-la devido aos seus olhos e nariz avermelhados de tanto chorar. O rapaz estava desidratado.

"Donghyuck, vá..." o Mark murmura com pena. Estamos todos – menos a Jaeji, claro – no quarto dele há algum tempo, a tentar que pare de chorar. "Para com isso... Estás quase a sufocar-te na almofada..."

"Era um favor que me fazia– EI!" acabo por ceder às minhas tentações e bato-lhe na cabeça com força. Ele levanta a cabeça para me oferecer um olhar zangado e choroso. "A sério?! Até quando estou em sofrimento?"

Bufo. "Até em sofrimento só dizes merda..."

"Renjun." o Jeno repreende-me e eu encolho os ombros.

Alguém precisa de pôr senso comum no Lee Donghyuck.

"E–eu disse que queria estar sozinho e vocês invadem-me a casa!" o chorão volta a reclamar, limpando a cara com as mãos. Noto nos seus óculos pousados na mesa de cabeceira, partidos. Meu Deus...

"Hyung, porque é que lhe disseste aquilo?" o Jisung pergunta, direto ao assunto. Ninguém precisa perguntar do que está a falar.

A Jaeji contou-nos tudo, no quão estúpido o nosso amigo tinha sido para ela sem qualquer explicação. Não fiquei admirado, ao contrário dos nossos amigos. Assim que vi o Yangyang a entregar-lhe aquela flor, sabia que o Donghyuck tinha ficado destroçado por não ter a mesma coragem e por não se ter despachado mais cedo a dizer o que sente.

Parvalhão.

O chorão suspirou tristemente, fungando o nariz. "Eu estava chateado... Não queria que ela me visse assim." pausou, limpando mais uma lágrima. "Não importa. Agora ela vai poder ser feliz com o Yangyang sem que eu estrague tudo. Já estraguei o suficiente e ela merece estar com alguém que lhe dê tudo o que eu não consigo dar."

O Jaemin senta-se ao seu lado, abraçando-o para o reconfortar. Acharia querido, se não estivesse tão aborrecido com as parvoíces do moreno. Acho ainda mais ridículo a forma como ambos têm sentimentos mútuos um pelo outro e insistem em dramatizar algo tão simples de resolver.

Não tenho muita coragem de admitir em voz alta, mas sei o quanto eles os dois ficariam bem juntos, se parassem de ser burros e começassem a falar o que realmente sentem.

O Donghyuck sempre foi um dos meus melhores amigos. Desde pequenos que aturo as suas lamechices e ele atura os meus resmungos. Fico triste por vê-lo tão inseguro como sempre foi e fico chateado por ele não perceber o que está a perder com isso.

A Jaeji enturmou-se no nosso grupo devido à paixão do rapaz. Não foi difícil habituar-me à sua presença quando percebi o quão parecidos eramos nalguns aspetos. Sou muito mais resmungão que ela, especialmente hoje em dia. A Jaeji foi amolecendo com o passar do tempo, especialmente com o Donghyuck. Não demorei muito a perceber que ela estava a ganhar sentimentos por ele. Sou observador o suficiente para reparar num olhar ou outro e em como preferia sempre falar com ele quando estávamos em grupo. Talvez o Donghyuck também teria reparado se choramingasse menos.

Estou farto de vê-lo a sofrer por algo que só está a acontecer na sua cabeça.

"Já chega, Lee Donghyuck." assusto-os com o meu resmungo repentino e levanto-me da sua cama para lhe apontar um dedo à cara. "És burro ou fazes-te? Não consegues ver que ela te ama? É assim tão difícil? Queres que te compre uns óculinhos novos–?"

Ele interrompe-me com uma expressão confusa. "Renjun, o que–?"

"É isso mesmo que tu ouviste, ó, marmelo." bufo enquanto reviro os olhos. A Jaeji que me perdoe, mas alguém tem que resolver o que estes dois palhaços não têm coragem de tratar. "Ela estava à espera que tu a convidasses para o estúpido baile. Aceitou o convite do Yangyang porque não queria ir sozinha, porque ele é simpático e porque tu não tens coragem! Ela queria-te a ti!"

O Donghyuck permanece perplexo ao que acabo de expor, sabendo o quão chegados eu e ela nos tornámos. Sabe também que nunca o enganaria com um assunto destes. Ando a tentar que ele pare de ser parvo e confesse os seus sentimentos há demasiado tempo.

"E só para acrescentar..." o Mark limpa a garganta, juntando-se ao meu discurso enquanto os outros observam. "Foi ela que se agarrou a ti na festa do pijama, Donghyuck. Acho que ficou bastante claro que ela quer estar contigo."

"Mas... Mas agora é tarde demais–"

Santa paciência. Reviro os olhos pela milésima vez e agarro-o pelos ombros, abanando-o. "Donghyuck, pelo amor de Deus! No dia a seguir aos anos do Jisung, ela passou o dia todo a falar de ti. No quão bem cheiravas, no quanto gostou de dormir contigo e no quanto gosta de ti. E ficou com esperanças de que ainda gostes dela. Estás-me a dizer que tive de aturar esta novela toda para nada?"

"Donghyuck," o Jeno intervém quando o moreno fica calado. "pensa um pouco... Estamos fartos de te dar dicas e o Renjun acabou de expor a Jaeji por completo. Achas que nós te mentiríamos sobre isto?" pergunta e recebe um «não» silencioso e tímido. "O baile é hoje à noite. Vais mesmo deixá-la apaixonar-se por outro rapaz...?"

"Ou vais parar de ser um cobarde e dizer à Jaeji que a amas?!"

Sei que fui um pouco bruto, mas ver o click no olhar do Donghyuck foi satisfatório o suficiente para assumir que a minha brutidão foi necessária. Ele levanta-se da cama numa rapidez nunca antes vista e corre até ao seu roupeiro. Vemo-lo a tirar um blazer preto do fundo e eu sorrio orgulhoso.

Finalmente. 


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JAEJI × Haechan/Lee DonghyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora