Tem horas que tudo
Me recorre abstrato
As paredes, a decoração
E não sei por onde seguir
Como um retrato
Presa sem emancipação
Não sei o que desejar
Não sei o que pedirPor onde correr?
Contra qual maré remar?
Todo caminho serve
Para quem não sabe que estrada trilharE eu poderia cair
Como Alice ficar sem seguir
Somente ao doce moldar
Da dura gravidade
E estou sem idade
Para com o tempo brigar
Para com ira me saciarO que estou fazendo?
Esta tampouco reconheço
Que me trai e adoeço
Não adormeço
Como vigia
Esperando amanhã que nunca vem
O que estou fazendo?
Ciclo vicioso que se mantémCirco armado
Os trapezistas são meus pensamentos
Coração armado
Com bala até os dentes
Com sangue em veias doentes
Turbilhão de tormentosAs pílulas já não me podem salvar
Eu mesma sou labirinto sem par
Dama sem rei
E eu vou decepcionar
Eu vou me matar
Aos poucos
Jogar minha sanidade aos loucosPor onde eu devo ir?
Deixar a realidade
Perder a Verdade
Eu só quero fugir
Eu só quero que tudo pareEstou me perdendo das mãos
Como areia
Me desfaço em grãos
Nada me norteia
Tudo me rodeiaE giram tão rápido!
Me roubam tão rápido
Eu já não posso lutar
Eu já não consigo mais me encontrar
Então gritem comigo!
Me chamem através da escuridão
ALGUÉM FAÇA ALGO!
Por favor...Porque não sabem
Com quem mexem
Eles não têm ideia
E não querem ter
Eles não desejam saberEntão me mate
Me drogue e me prenda
Me retire de mim, me apague
Me pague
E me apague
Apague as luzes...