Why so serious

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Todos querem ter o que querem, comigo não foi diferente. Nasci no Brasil, fui criada lá. Desde de pequena já ficava na frente da Tv admirando e imitando o jeito que aquelas modelos andavam. Mamãe sempre foi muito a meu favor, até hoje é. Fui crescendo e com 12 anos participei do meu primeiro desfile, quase não me aguentava de ansiedade e nervoso, mas quando coloquei meu pé naquela passarela eu soube que minha vida era aquilo dali. De lá para cá não parei mais, estou sempre nela. Aos 18 me mudei pra Londres, mamãe veio para ver onde eu iria ficar. Fui contratada por uma grande agencia aqui, faço muitos trabalhos.

Moro em uma república de modelos, é assim que chamo. Eles não gostam, a Sra. Allen não gosta que falo assim. Ela é quem cuida da gente e coloca ordem na casa, a mais legal, a considero como mãe já que a minha está no Brasil.

Cada uma aqui tem seu próprio quarto. Somos em 30 garotas, um pouco de cada lugar do mundo. Muitas culturas juntas, é uma loucura. Tenho duas melhores amigas: Karlie e Candice, modelos muito bem conhecidas. Elas foram as primeiras que me acostumei e que simpatizei de cara. Karlie é da Califórnia e Candice veio de Nova York. Temos quase as mesmas idades, sou a mais velha.

 Ser modelo é a melhor coisa que se pode querer, eu amo meu trabalho. Dos anos que venho fazendo isso até a poucos meses não me arrependi de nada. Sim, de até alguns meses, porque agora estou arrependida de ter vindo para cá. Está tudo um inferno. Não nos deixam respirar, estão cada vez mais colocando pressão sobre nós. Vamos de um lugar ao outro sem comer direito ou dormir. Tem dias que viajamos para três cidades diferentes e dormimos menos de cinco horas por dia quando isso acontece. Quando estamos com alguma olheira ou cara de sono levamos a maior bronca e ainda somos punidas de alguma forma, como: retirar de nosso salário ou não deixar participar de algum evento.

Isso está me torturando e a minhas amigas também. Antes quando viemos nos liberava para festas, com o motorista da república. Podíamos ir quando não estávamos trabalhando. Voltávamos tarde, dançávamos, conhecíamos gente nova e os lugares daqui. Mas agora, não saímos mais para nada a não ser a trabalho. Só ficamos presas nesse lugar. Às vezes inventamos de fazer noite do pijama, como fizemos ontem, é nossa única diversão. Ah, esqueci de dizer, não podemos namorar. Isso é o cumulo. Uma de minhas colegas foi punida porque começou a namorar um outro modelo, ela não participou de dois desfiles seguidos. Isso é pior que o inferno, eu só não paro tudo porque batalhei muito para estar aqui e ganho muito bem. Meus pais vivem uma vida maravilhosa no Brasil. Tenho tudo que o dinheiro pode comprar, menos liberdade.

Hoje temos mais um desfile para uma grande agencia dos Estados Unidos. Ontem tivemos dois, estou exausta, acabou tarde e acordamos cedo para fazer teste de roupa. Karlie está dormindo em pé toda hora tenho que cutuca-la para o Rick não ver ela cochilando. Rick é o assessor, está sempre nos vigiando é ele que proíbe e coloca as regras. Odeio ele que se eu pudesse eu arrancava aquele topete loiro com as unhas. Ele não gosta de mim, eu sei disso. Somos as que mais dá trabalho, quando ficamos conversando até mais tarde no quarto uma da outra ou vagando pelo pátio da mansão a noite.

Agora ele está chamando todas para a sala de troca de roupas batendo palmas como se fossemos vacas indo para o curral. Como eu odeio esse cara.

-Vou escrever na minha testa ‘’ não sou cachorro, pra você estar me tocando com as mãos desse jeito’’ –Candice reclamou bufando. Reviramos os olhos irritada e nos levantamos indo para a sala.

-Quero todas se vestindo rápido o desfile começa em meia hora –Rick e sua voz estridente empurrava as meninas para perto das araras –andem, o que estão esperando? Se vistam.

Fui até as araras procurando por meu nome e vestindo, era um desfile de lingerie. Eu e as meninas nos vestimos rápidos para evitarmos ficarmos surdas com os gritos de Rick. Passamos pelo cabelo e maquiagem e já estávamos prontas aguardando sermos chamadas.

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