He

First He

Era a minha festa de noivado. Era um dia esplêndido que não poderia ser estragado, a não ser pelo casamento arranjado que deveria me trazer algum tipo de alegria. Karin Uzumaki era uma mulher linda e bem sucedida. Eu a conheço desde sua adolescência, e agora estávamos noivos. Bom, não era surpresa alguma o nosso noivado, afinal, isso era discutido desde os meados do nosso colegial. Porém, não queríamos aquilo, não tínhamos o sentimento necessário. Hoje, estou com vinte e nove anos, consegui evitar o inevitável durante tanto tempo e agora isso estava acontecendo. Não era de um todo ruim, Karin era uma dama nata, tinha classe e uma beleza inestimável. Educada e boa de conversa. Éramos amigos há bastante tempo, então aceitamos melhor o casamento. Casar com uma amiga não parecia ser o fim do mundo.

A festa já havia começado, e nossos discursos de noivado e haviam sido ditos. Agora, estávamos cumprimentando os demais convidados. Eu estava para conhecer a família completa de Karin. A menina era a caçula de dois irmãos. Nagato, de trinta e três anos, um homem simpático, porém de pouca conversa. Ele era alto e tinha cabelos ruivos. Ocupava o cargo de advogado da família. Em seguida, sendo dois anos mais novo, vinha o irmão avoado da família, Naruto. Eu nunca o conheci de verdade, mas sempre que tocavam em seu nome os olhos se reviravam e os insultos começavam. Ele era cozinheiro, fugindo de toda a linhagem empresarial dos pais. Tinha uma rede de restaurantes famosos por todo o mundo. Me diziam que ele tinha uma personalidade exótica, o que me levava a entender que ele não tinha escrúpulos. Era quase sempre uma angústia falar sobre ele e eu me sentia imensamente curiosos sobre sua pessoa.

-Eu não aguento mais essa gente. - ouvi a mulher dizer, e deixei um aperto em sua cintura, concordando com suas sérias palavras. Bebi um gole de meu champanhe e suspirei, observando em volta. -Estou ansiosa para ver meu irmão. - aquilo atraiu minha atenção total. -Ele foi estudar na Itália quando eu tinha quinze anos, e desde então nunca mais voltou. - suspirou, cruzando os braços. -Ele disse que vinha...

-Ele deve estar atrasado, Karin. - confortei-a.

-É a cara dele chegar atrasado. - bufou furiosa. -Eu juro por Deus que se ele não aparecer, eu o matarei! - ameaçou.

-Certo, certo. - sorri para ela. -Irei fumar um pouco lá fora, tudo bem se ficar aqui?

-Vai lá, depois é a minha vez de fugir daqui. - ela riu, e logo demos um selar simples.

Estávamos nos acostumando com esse tipo de carinho. Enquanto caminhava pelo jardim lateral da grande mansão Uzumaki, já ia tirando o maço de cigarros de meu paletó. Me coloquei sentando num dos banquinhos bonitos do pátio frontal. Coloquei o cigarro na boca, buscando nos bolsos pelo isqueiro. Quando o alcancei dentro do paletó, o levei até o objeto entre meus lábios, acendendo-o. Traguei uma vez, sentindo a nicotina fazer efeito no meu corpo. Aquilo era relaxante. Traguei mais duas vezes, vendo a fumaça deixar minha boca e sumir no ar límpido daquele dia. Olhei em volta e logo pude admirar uma silhueta afeminada entrar na residência. Por mais curvilíneo que fosse aquele corpo, seu dono era um homem. E que homem! Ele vinha e tudo parecia estar em câmera lenta. Vestia um terninho sport na cor vermelha com detalhes acetinados em preto. Sua blusa de botões estava levemente aberta, mostrando a pele bronzeada da clavícula e o início de seu peitoral. Sua estatura baixa o deixava mais afeminado do que já era.

Ele mexeu nos fios loiros e virou o rosto para mim, me notando ali. E foi assim que eu percebi estar o encarando demais. Senti uma fisgada em minha virilha quando vi seu repuxar de lábios. Ele sorria para mim. Suspirei, desejando saber quem ele era. Me bati internamente, desfazendo aqueles pensamentos eróticos com um homem. Voltei ao meu cigarro, e pude vê-lo sumir da minha vista, entrando na festa possivelmente. Suspirei, tragando o cigarro outra vez, mas dessa vez não pude sentir a mesma sensação relaxante de sempre. Droga, estava tenso e com uma semi-ereção. Como pude ficar assim por um homem? Não me lembro de ser gay. Jesus, o que estava acontecendo comigo? Só pode ser uma grande piada do universo. Joguei o cigarro no chão, furioso pela situação atual. Pisei na bituca e suspirei, me levantando, pronto para retornar ao meu pequeno inferno pessoal. Fiz o caminho para o quintal de trás, onde todos bebiam, comiam e falavam sobre alguma besteira. Encontrei Karin quase aos prantos, abraçada a alguém.