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Different He

-Você lembra onde deixou? - questionei, batendo a porta do carro ao estacioná-lo numa das vagas da residência.

A semana passou corrida desde o almoço que tivemos com Naruto. Soube por Karin que ele estava atolado com o restaurante. Eles dois saíram no dia seguinte ao almoço, fizeram compras juntos e se divertiram bastante, porém a mulher já não o via tinha alguns dias, conversavam por mensagem ainda. Eu estava agora caminhando pelos ladrilhos da grande mansão Uzumaki. Karin havia me pedido para buscar um documento sobre um imóvel que estava para alugar. A ruiva era corretora de imóveis assim como sua mãe. Tinha um escritório superior na firma da matriarca e trabalhava meio período quase sempre. Eu tinha folga naquele dia, e como ela precisava de uma mãozinha, eu não hesitei em ajudar. Com ela ao telefone, questionava sobre o tal documento, querendo ser rápido para não atrasar seu serviço.

-Está no meu escritório. - falou, se referindo o cômodo próximo ao escritório de seu pai.

Assenti num murmúrio, alegando que ligaria assim que o achasse. Guardei o celular no bolso da calça jeans que vestia e subi as escadas de mármore branca que se alastrava pela entrada da casa. Franzi o cenho ao entrar e não escutar qualquer barulho de algum empregado. Caminhei pelo hall de entrada e logo já estava na sala de estar, esta que era gigantesca e ligada às escadas e aos outros corredores. Estava para subir os degraus cobertos por um carpete escuro, porém congelei ao ouvir um tilintar desconhecido. Me virei para a sala, tentando buscar de onde o som viera. Outra vez ele soou alto, ecoando pela casa silenciosa e vazia. Vinha de algum lugar à esquerda, e foi para lá que segui, entrando num dos corredores, este que dava diretamente para a cozinha. Era comum encontrar empregados por ali, porém nem mesmo uma alma viva estava presente. Cheguei ao cômodo espaçoso, tendo uma enorme e maldita surpresa ao parar na entrada. O som das panelas ao fogo pode ser ouvido.

-O que faz aqui? - questionei, vendo o loiro saltar assustado e se virar. Seu rosto estava pálido, mas ele logo relaxou a postura ao me ver. Respirou fundo, levando a mão ao peito e se encostando no balcão.

-Vuoi uccidermi? - disparou irritado. Eu deveria ter feito italiano no colégio.

-Quero saber o que faz aqui. - corrigi, cruzando os braços.

-Cozinhando, não está vendo? - rebateu irônico, voltando sua atenção para as panelas. -Dio santo. - ouvi seu resmungo ainda sentindo o susto.

-Nessa casa? - insisti.

-Ela é minha também, pelo menos era antes de eu ir embora. - ele jogou, sem me olhar.

-Pensei que odiasse esse lugar. - disparei, vendo seu corpo tensionar.

-Odeio. - respondeu. -Mas essa cozinha é o meu lugar favorito em todo o mundo. - confessou, desligando uma das bocas do fogão. -Foi aqui onde eu aprendi a fazer a minha primeira refeição. Onde eu me escondia de Nagato. Onde eu descobri a minha paixão. - ditou, desligando as outras bocas, se virando para mim. -Então, sim, odeio essa casa com todas as minhas malditas forças, mas essa cozinha é minha e somente minha. - a certeza e defesa em sua voz era assustadora. O vapor das panelas se alastrava pelo lugar, me permitindo sentir o delicioso aroma da comida. Era como voltar no tempo quando era criança e sentir o cheirinho do tempero de minha avó. -Nostálgico, não é? - o ouvi indagar, me fazendo acordar do transe e ver seu sorriso bobo.

-Me lembra da minha avó. - confessei, extasiado com aquilo.

-Me lembra da minha também. - ele disse, perdendo o olhar por alguns segundos, porém o sorriso se abobou mais ainda, me fazendo sentir a respiração falhar por alguns segundos.

-Ela morreu quando a Karin tinha treze, não? - murmurei, vendo-o perder o sorriso e assentir.

-Era a única adulta que ainda me via como gente. - riu fraco. -Karin ficou devastada com sua morte.