Vozes do Arrependimento

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Boa noite!!Escrevi uma pequena história de dois capítulos baseada em Black Swan!

Agradecimentos especiais à Luaziinha que ouviu o meu plot e me incentivou a escrever. E à UruDuck que me ajudou com a sinopse e com o nome. Amo muito vocês!

Espero que gostem e boa leitura!

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As luzes fracas e amareladas do palco acompanhavam meticulosamente cada movimento performado pelo rapaz, trazendo um ar denso e sombrio, jamais visto sobre aquele tablado de madeira escura da maior casa teatral da cidade

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As luzes fracas e amareladas do palco acompanhavam meticulosamente cada movimento performado pelo rapaz, trazendo um ar denso e sombrio, jamais visto sobre aquele tablado de madeira escura da maior casa teatral da cidade.

Os seus gestos eram suaves, como se uma doce brisa o guiasse pelo espaço, e sua trajetória leve como uma pluma em meio aos seus pulos e rodopios pelo cenário escuro e inexistente. Ele era a única peça necessária para a realização do show, logo, não havendo de colocar qualquer outro objeto junto de si sobre o palco.

Por mais gentil que aparentasse durante o ato, seu semblante permaneceu sério e imponente do início ao fim de todas as apresentações. Os toques dramáticos em seu próprio pescoço se tornavam agoniantes e levavam o público a acreditar que ele estava prestes a se sufocar; e, para piorar, era como se realmente desejasse por tal. Os seus braços eram constantemente jogados para frente, como um cisne em busca de uma salvação que nunca seria capaz de ir ao seu encontro.

O rapaz, então, caiu sobre seus joelhos machucados, desolado em uma atitude de arrependimento, e olhou para as suas mãos. Fechou-as em punhos tão fortes que, por pouco, as palmas não sangraram, os colidindo contra o chão inúmeras vezes no ritmo da música clássica e melodramática que ecoava pelo local.

No último toque grave proporcionado pelo violoncelo, enfim, abriu os braços em um impulso, deixando suas asas saírem para fora de seu corpo, e soltou as suas penas escuras como a noite em direção aos quatro cantos do teatro.

De imediato, a plateia foi levada ao delírio, com direito a assovios atordoantes, palmas fortes e gritos dos mais variados tipos.

Ah... como ele odiava aquilo.

A apresentação foi encerrada e Park Jimin se deixou erguer o rosto para assistir os seus espectadores sorrirem de modo assustador para si. Era como se estivesse em um filme de terror inacabável e a sua única vontade era de arrancar da face daquelas pessoas a máscara falsa que as guiava diretamente para aquele pesadelo.

Não sabia dizer se o pior era saber que ele mesmo havia pedido pelo cenário tedioso perante a si; ou se ter de fazer parte dele e performar incessantemente todas as noites, tendo plena consciência de que ninguém estava ali porque o admirava, mas por conta de uma maldição perversa lançada através de seus atos impensados, o que trouxe consequências irreversíveis.

As luzes da estrutura presa ao teto se apagavam simultaneamente à medida que as cortinas do cordame fechavam-se sozinhas. Os fantoches, assim denominados pelo rapaz, pouco a pouco se levantavam e, em grupos, passaram a sair do recinto enfeitiçado de modo sistemático, para voltarem exatamente iguais na noite seguinte e se sentarem nos exatos mesmos lugares.

O Último Canto do CisneWhere stories live. Discover now