(1) pizza de chocolate

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— Shouchan, já 'tá tarde, o que você 'tá fazendo? — chamou com uma voz manhosa, observando seu alfa com o rosto enfiado em um monte de papelada e o laptop ligado. Ele estava no escritório em vez do quarto novamente.

— Estou ocupado com algumas coisas do trabalho, bebê. Vai pra cama, não é bom você estar acordado às 1 da manhã. — um bico irritado surgiu juntamente de uma carranca no ômega quando o bicolor sequer o olhou para dizer aquilo.

— Shouchan, vem comigo... Eu não quero dormir sozinho. — se aproximou, abraçando as costas do Todoroki mais velho. Até mesmo liberou um pouco mais dos seus feromônios para persuadir o alfa, mas foi com decepção que o viu rejeitar seu pedido.

— Vai pra cama, Izuku. Mais tarde eu também vou. — empinou o nariz feito uma criança mimada que tinha seu desejo não concedido e cruzou os braços, birrento, voltando pro quarto sozinho.

— Shouto estúpido… Só você me entende, Toshi-chan. — reclamou com chateação, acariciando a barriguinha de seis meses enquanto se deitava na cama de casal vazia.

(...)

— Shouchan, você tá bravo? — se aproximou mansamente, observando como seu alfa parecia furioso com alguma coisa do trabalho. Sequer imaginava quão exaustivo deveria ser o emprego de advogado.

— Só são aqueles malditos do… Ah, deixa pra lá. Você está se sentindo bem, bebê? — se forçou a manter a calma ao perceber a presença de seu marido no recinto. Sabia que não era saudável para um ômega grávido estar tão exposto a feromônios agressivos.

— Estou… Mas eu quero chocolate e pizza. Eu quero pizza de chocolate! — pediu, se enterrando no abraço de Shouto.

— Isso não me parece muito saudável… Eu queria que você se alimentasse bem durante a gestação. — franziu o cenho, torcendo o nariz para o pedido do amado. Odiava chocolate, misturado com pizza deveria ser pior ainda. — Você também tinha me dito que queria manter uma dieta.

— Mas eu mudei de ideia e quero pizza de chocolate! Pessoas não podem mudar de ideia? — reclamou irritado. Izuku grávido podia ser comparado a uma criança mimada e às vezes Shouto não sabia o que fazer com ele.

— Mas, bebê…

— Todoroki Shouto…

— Certo, eu vou pedir pra você, okay? — observou a carranca furiosa do marido sumir instantaneamente e dar lugar a um sorriso adorável. O Todoroki mais velho apenas suspirou enquanto beijava os fios esverdeados.

(...)

— Aquela vadia tava nitidamente dando em cima de você! Para de defender ela! — praticamente rosnava enciumado.

— Midoriya, já chega! — Shouto utilizou sua voz de alfa, já estressado com a explosão repentina do ômega. Em resposta, Izuku apenas se encolheu, cobrindo os ouvidos com os olhos marejados. Seu Shouchan nunca mais o chamou pelo antigo sobrenome desde que se casaram, muito menos brigava consigo. — Não acredito que você fez uma cena daquelas justo no meu trabalho! Ela era só uma cliente, Izuku, eu jamais daria bola pra ela, tudo bem? Nós somos casados, marcados e ainda por cima vamos ter um filho, será que não podia ter um pouquinho mais de confiança em mim?!

— E-Eu confio em você, Shouchan… Mas eu não gosto dela. — tentou se explicar em meio a soluços, se sentindo enjoado por estar brigando com o pai do seu filho daquela forma. — Eu sinto muito...

— Está tudo bem, eu sei disso… É só que… — suspirou frustrado, odiando ver o rosto do seu ômega completamente vermelho e molhado por lágrimas. Por isso apenas se dispôs a sair de casa para não ter que encará-lo, não acreditando que tinham discutido por causa de uma garota qualquer.

No fundo sabia que Izuku só estava mais sensível que o usual por conta da gravidez, mas não pôde deixar de se sentir decepcionado com as acusações.

(...)

— Quer milkshake? Bolo? Doce? Qualquer coisa por você, amorzinho. — ouvia a voz de Ochako tentando animá-lo, mas não conseguia tirar a carranca do rosto.

— Shouto estúpido, idiota, maldito! Como o meu Toshi-chan tão fofinho vai ser filho daquele banana otário?

— Vocês tentaram conversar depois da briga…?

— Não! Não quero falar com o Shouto estúpido nunca mais! — disse, mesmo sabendo que se o alfa aparecesse na sua frente, choraria no seu colo depois de o encher de tapas.

— Por Deus, vocês são casados, marcados e vão ter um filho… Já faz dois dias que estão fugindo e a briga nem deveria ter sido tão séria assim! — tentou ser a voz da razão no relacionamento daqueles dois.

— Nós só estamos um pouco nervosos por causa da gravidez… — resmungou, jogado na cama.

— Pois bem, se resolvam, oras!

— Tá bom… — fez biquinho.

(...)

Shouto suspirou mais uma vez, buscando por coragem antes de entrar em  casa com uma caixa de pizza de chocolate e vários outros doces que seu ômega amava. Sua marca ardia como o inferno e sabia que era porque seu amado tinha passado a última noite inteirinha chorando sem nenhum consolo. Se culpa matasse já estaria empalado a muito tempo.

— Bebê? — sentiu seu coração apertar ao ouvir os soluços do seu ômega vindo do quarto. Abriu a porta do quarto com cuidado e deixou os mimos que tinha comprado em cima da escrivaninha, observando Izuku se enfiar ainda mais debaixo do edredom, se recusando a encará-lo. — Meu amor, me perdoa. Eu não queria ter usado minha voz com você.

— Hm.

— Você pode me bater se… Ouch! — reclamou quando sentiu um chute no braço. — Você nem me espera terminar. — riu baixinho, esfregando o local onde fora atingido.

Mesmo assim, o menor não moveu um músculo para sair debaixo do tecido. Suspirou, tendo consciência de que era totalmente sua culpa.

— Izuku… Eu amo você mais do que tudo e jamais te trocaria por alguém, espero que saiba disso... Só faria isso se estivesse muito louco, o que felizmente não é o caso. Ainda tenho todos os meus parafusos. Você é meu mundo, só tenho olhos pra você.

Observou o esverdeado pôr apenas os olhinhos inchados pra fora do edredom e sorriu, esfregando os cachinhos bagunçados que pareciam algodão doce de tão macios.

— Eu sei que você não gosta de ser comprado, mas eu trouxe doces e… — Izuku sequer se importou consigo e pulou da cama atrás da comida. Bufou chateado ao constatar que o ômega não poderia estar se importando menos e se contentou em vê-lo devorar a pizza sozinho, com um sorrisinho no rosto.

— Shouchan… Promete que não vai me abandonar? — perguntou baixinho depois de um tempo em silêncio.

Shouto apenas o puxou pro seu colo e o beijou, intercalando os selinhos entre o rosto sardento e o pescoço cheiroso, o que arrancou algumas risadas do ômega, que sentia cócegas com as carícias.

— Eu já disse: eu seria completamente louco se deixasse um marido tão maravilhoso como você. — repetiu a fala interior, fazendo o esverdeado se derreter inteirinho com a carência.

— Shouto estúpido, eu também te amo muito, muito. — murmurou com um biquinho e os olhos marejados. O bicolor não disse nada, somente retornou a espalhar os beijinhos que seu ômega tanto amava.

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