Necessito de um tempo para me convencer de que estou em uma sala de aula, e não, em um local que dá para debruçar sobre a mesa e tirar um cochilo básico, só para me manter desperto quando a aula não começa e eu me sinto perder na realidade, ao invés de tentar me manter acordado. Na verdade, acho que não é por falta de tentativa, mas de oportunidade.
— Oi, está congelando lá fora, — sou arrancado do mundo dos sonhos por uma menina de cabelos caramelados presos, magra e baixa, deve ter se aproximado quando viu a carteira ao meu lado vazia — posso? — não se senta logo de cara, pergunta antes. Oque eu posso dizer? Não? Exato!
— Uhum... — respondo mesmo sem querer e ela se senta ao meu lado. Já tem algumas pessoas na sala, por motivos de força maior, preferi me sentar distante pra não ter ninguém falando comigo, algo que não deu muito certo, pelo visto. As pessoas chegaram aos poucos e é um processo longo esperar o professor. Observo o quadro enorme, sem saber ao certo se é possível preenchê-lo em um só dia e...
— Eu sou Jade, — vejo o sorriso fofo que ela abre entre os lábios volumosos, mostrando os dentões. — E você?
— Eu também. — Me distraio completamente com meus pensamentos e levo segundos pra perceber a merda que fiz. — Quero dizer... — ela ri da minha confusão. — Sou Kihyun, desculpe.
Eu não pedi por isso, Deus.
— Não tem problema, está tudo bem, ninguém pensa direito à essa hora da manhã. Você está aqui à muito tempo?
— Cheguei em fevereiro, quando as turmas foram abertas. Você veio de onde? — Não sou fã de forçar simpatia, mas o mínimo que posso fazer é conversar com ela, já que está sendo simpática quando poderia estar na dela com meu péssimo humor.
— Inglaterra. Minha irmã já morava aqui, então foi mais fácil ficar. Você é asiático ou descendente? — a pergunta me pega de surpresa, ninguém havia feito isso antes.
— Obrigado por perguntar e não presumir que sou de um país totalmente aleatório, — agradeço sendo até um pouco rude, mas ela ri.
— Você deve passar muito por isso, né?
— Foi difícil aturar as pessoas me chamando de chinês e japonês, ainda há poucas, mas estão se conformando que tenho um nome. E sim, eu sou asiático, vim de Goyang, não é uma localidade tão pequena, mas não é imensa como Seul.
— Acho a Ásia muito extremista. Eu conheço umas pessoas que defendem com unhas e dentes, mas... não é algo que eu curto.
— Defesa ou a Ásia?
— Ambos. — ela ri baixo.
— A Coréia do Sul pode ser um pesadelo, mas há seus encantos...
— Pontos turísticos?
— São os melhores, como você disse, eles são extremistas, tanto na tortura e preconceito, quanto em comodidade para os turistas.
— Pelo menos algo de bom... — comenta baixo e dessa vez quem ri sou eu.
Dentro do pouco tempo em que nós conversamos, o local vai enchendo aos poucos, mas algumas cadeiras ainda ficam vazias, até que o professor surge na sala e siga para seu lugar. Confesso que eu esperava algum estereotipado nova-iorquino, mas, eis que surge outro asiático ou descendente. Tivemos aula com um professor no começo, mas devido à mudanças internas, o outro chegou hoje.
— Bom dia!
Pelo menos é educado, espero que isso não cause conflitos entre nós. Alguns, como Jade, respondem, outros como eu, não.
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We Think ;; ChangKi - Segunda Temporada
Fanfiction"Ano novo, vida nova, era o que Kihyun acreditava depois do último ano turbulento que teve, assim como Changkyun e Minhyuk. Mas mexeram e tiraram uma das pessoas que ele mais ama, pensando que um garoto bolsista, pobre, vindo de um bairro humilde n...