Camila, era apenas uma jovem menina doce e ingênua, que acreditava fielmente no amor e no príncipe encantado
Lauren, era apenas uma mulher infeliz, que vivia sua vida pacata, em uma rotina sem graça, ao lado do seu marido mais sem graça ainda.
Mas...
Camila acordou ofegante, suada, com todas as malditas memórias à assombrando-a novamente. Ela sentou-se na cama abruptamente, com a respiração pesada, enquanto levava a mão a testa, sentindo-a molhada devido o suor e negou minimamente, tentando afastar aquelas memórias da cabeça. Voltar ao passado não lhe fizera bem.
Quando aqueles malditos pesadelos iriam acabar? Ela não sabia responder.
Desde que Lauren a deixou, todas as pequenas lembranças a atormentava dia após dias, ano após anos...
A latina soltou uma lufada de ar, jogou-se na cama e olhou para o teto branco. Passou as mãos pelo rosto e virou-se de lado, abraçando o travesseiro, sentindo como se fosse Lauren ali, ouvindo o tic-tac do relógio, como se ouvisse o som dos batimentos do coração dela, e uma lágrima de desolação escorreu por seu rosto.
Sentia-se tão abatida, seu coração doía, e aquilo não há deixava em paz. Estava acordada em um dos seus piores pesadelos, sentindo-se como em um afogamento. Ela ainda se lembrava de como era o cheiro dos cabelos de Lauren, como era bom o som angelical de sua risada e o som rouco e sexy de sua voz, lhe sussurrando "te amo". Sentia o vazio em seu corpo, por onde as mãos da maldita que partiu seu coração, costumavam percorrer, sentia toda dor que ela deixou, quando a deixara sozinha debaixo daquela chuva, com apenas uma maldita carta, tanto que nos dias de chuva, relembrava de tudo, como se estivesse revivendo aquele maldito dia de novo.
Camila fechou os olhos com força, suspirando fundo, sentou-se na cama, colocando os pés pra fora e calçou os chinelos. Ela abriu uma gaveta da cômoda ao lado da cama e pegou uma chave dourada de dentro. Olhou por alguns segundos pra mesma na palma de sua mão, pensando se faria ou não aquilo e saiu do quarto, decidida que sim, que faria aquilo.
Desceu a escada, indo em direção a sala, onde hesitou por um momento e sentou-se no sofá, levando as mãos aos cabelos, apertando os lábios, enquanto sentia o nó preso em sua garganta.
Com um suspiro dos frustrados, levantou-se decidida e foi para um pequeno cômodo fechado a sete chaves, que ficava embaixo da escada e entrou.
O cômodo era o que devia ser seu ateliê, mas serviu apenas para guardar todos os desenhos que fizera de Lauren, e todas as lembranças dela.
Camila sentiu as lágrimas invadirem suas órbitas, quando abriu uma pequena caixa e viu a xuxinha que Lauren lhe dera anos atrás, em Nova York e viu a carta, amassada, rasurada e desgastada pelo tempo. Lembrou-se de todas as coisas que queriam juntas. Todos os sonhos e promessas... todos perdidos.
