— Por que, exatamente, eu tenho que fazer isso? – o rapaz perguntou, cerrando os olhos para evitar um pouco a luz.
— Porque eu quero. – claro, tinha que ser isso. O que se esperar de sua namorada, não é mesmo?
— Isso não é...
— É resposta, sim. Cala a boca.
Soltando um suspiro, Ray ficou quieto. De nada adiantaria discutir com Yoshiko, afinal.
O dia estava claro, muito claro até, e Yoshiko achou que um passei seria uma ótima ideia, uma ideia incrível, mas tinha que ser até o fim do mundo – vulgo o terreno da antiga escola, que era longe da casa de ambos – DE BICICLETA! E quem pilotou? Ray.
Ou seja, estavam aqui Ray e Yoshiko, ele morto de cansado, ela radiante com a cesta de comida, no teto da antiga Uranohoshi, observando nuvens.
Sim.
NUVENS!
Para Ray não fazia o menor sentido, dizia ela que era legal observar as formas que elas faziam, mas ele não enxergava nada além de formatos uniformes. Deitados embaixo do Sol quente.
— Aquela parece um cachorro.
— Definitivamente não é um cachorro.
Yoshiko sentou, encarando-o como se quisesse que ele caísse dali, o que ele não se importava agora se acabasse no mar.
— Por que você nunca concorda comigo? – perguntou, em um tom claramente magoado.
— Isso é mentira. – ele também sentou, cuidando de se aproximar, sutilmente, dela.
— Em que você concorda comigo? – sua voz ainda parecia triste, Ray teria que passar seu limite normal pra mudar isso.
— Tipo, eu concordo que somos um ótimo casal.
Yoshiko instantaneamente corou, desfazendo até a expressão, Ray se aproximou mais.
— Que você é linda.
Ele forçou seu corpo em cima dela, fazendo-a deitar novamente.
— E que eu te amo.
Então a beijou. E, de repente, ter vindo até aqui não foi tão ruim.