Sinal Fechado - Min Yoongi

O tempo muda quase tudo.

A noite é quente como o coração de alguém apaixonado, abafada como à vida de quem não pode viver ao lado de quem ama e quebradiça como um coração partido.

Esse era um início de noite engraçado para conferir um imóvel para alugar, ainda mais depois de tão pouco tempo estando em Gwangju, não tivera tempo nem de rever seus amigos, mas já estava pronto para começar seu negócio.

É, parece que Min Yoongi finalmente cresceu, amadureceu, mas não perdeu a lembrança dela sobre as luzes dessa cidade.

Gwangju parecia estranha e menos barulhenta quando ela não estava ali gargalhando de qualquer besteira e dançando ao som de uma música latina. Ela era a única que dividia as mesmas paixões que ele, ela realmente foi especial e era estranhamente engraçado o fato de que enquanto se trocava, ele se lembrava tanto de uma pessoa que estava bem guardada no passado.

Não, pensar nisso não dói. Não tem como doer, Hwagi sempre foi uma das lembranças mais queridas que Gwangju o presenteou, mas a presença dela não era tão frequente em sua mente quando estava no exterior, enquanto que agora, assim que voltou, tudo o que come, olha e pensa é em como sua adolescência foi incrível e que deveria agradecer por ter tido alguém tão especial como ela.

Ele realmente queria vê-la, nem que fosse para dizer um simples "Oi, tudo bem?"

Mas descobriu que ela também se mudou para longe do lugar onde construíram suas memórias.

Contatos perdidos, é com isso que nós somos presenteados com o passar do tempo. Alguns são de agradecer e outros de se entristecer, e no caso dela, seria uma mistura dos dois, com certeza.

Roupa vestida, playlist pronta, está na hora de se despedir de Min Holly, descer as escadas, entrar no carro e ver qual o lugar ideal para o novo restaurante que irá abrir.

Ao descer para o estacionamento, viu que a maioria das pessoas estavam chegando naquele momento e pelo andar de tudo, iria encontrar um forte engarrafamento, então, logo se ajeitou no carro olhando todas as rotas possíveis pelo GPS, mas viu que não teria muito para onde fugir, mas mesmo assim preferiu não pegar a rota principal, já que ela sempre está mais cheia que as outras.

Estava quente e em um carro sem ar condicionado sua única saída era manter as janelas bem abertas e mostrar para toda a cidade o seu bom gosto musical.

Não, ele não entendia absolutamente nada de português, mas a paixão e simplicidade de cada acorde o fascinava desde a adolescência, aquele país sempre o fascinou.

Alguns minutos passam e ele continua tamborilando os dedos no volante, imaginando como seria tocar com pessoas tão empolgadas como as que cantavam a música, ele não se lembra bem a tradução mas a energia da composição passava pelos sons que cada um ali representava.

Uma curva.

Uma troca de música.

O trânsito naquela rua já estava parando, assim como o coração dele parou por um instante.

Aquela era realmente, a música de sua adolescência. Uma das músicas que ele mais ouviu em toda a vida.

A música que o fez aceitar a proposta que só o deixou voltar agora.

Outra curva.

E ele coloca a música no loop que possivelmente duraria alguns dias.

E se distrai ao som dos acordes que não percebe que a rua estava estranhamente vazia. ele confere o GPS, mas ao que parece ainda está na direção certa, então decide continuar pela rua iluminada pelas luzes da cidade, até que escuta uma melodia conhecida, mas abafada pelos vidros fechados do carro. Era o carro que passou a segundos a sua frente.

Ele instantaneamente abaixa o volume da sua música para descobrir qual era aquela outra canção.

O sinal fecha.

E o carro dele está ao lado daquela melodia impertinente.

Ele finalmente reconhece e sorri. Talvez não seja o único com bom gosto musical que está na cidade.

Ele sabia que não era o mais maduro, mexer com alguém só por causa de uma música, ele era um adulto agora.

Mas quem se importa com maturidade quando se trata de alguém que tem o mesmo gosto musical que você?

Ele buzina e ousa dar uma batidinha no vidro ao lado, e sorri simples quando vê o vidro se abaixando aos poucos.

Era uma mulher.

E ela não parecia muito paciente, já que nem fez questão de olhar para o lado e permaneceu olhando para frente.

- Desculpa o incômodo, só queria dizer que você tem um ótimo gosto musical. É uma música incrível, mas a que eu estou ouvindo é melhor! - Disse convencido, sem se importar com o fato de que ela não virou o rosto para ouvir o que ele ia falar, ele só precisava que ela tivesse ouvidos.

Quando à voz dele chegou até os ouvidos dela, sua dona já tinha congelado enquanto que o aroma de baunilha fugia para fora do carro também, era para aquele carro estar frio, o ar condicionado tinha estado ligado ali desde quando ela saiu de casa, mas ao ouvir o timbre daquela voz, seu rosto esquentou. Era ela.

- Min Yoongi? - Hwagi diz receosa , dessa vez voltando seus olhos para ele que parecia ainda mais surpreso, ela sorriu como se o tempo não tivesse passado. - E qual música você está ouvindo?

Antes de responder ele apenas aumenta o volume e deixa os acordes tristes e apaixonados ressoarem para fora do veículo. - Eu não acredito que te encontrei assim, do nada! - Olha surpreso e ela sorri como resposta.

- Me sinto finalmente vivendo a música de Paulinho da Viola. - Ri concordando.

- Sinal fechado. É uma boa música para representar isso agora, mas prefiro a versão da mulher.

Ela sorriu simples, concordando, mas ainda sem acreditar que era ele bem ali, no carro ao lado. - Mas, e aí? Como você tá?

- Bom acho que estou bem, é, eu estou ótimo. E você? - Um sorriso sem jeito surge em seus lábios, mesmo tendo pensado tanto nesse instante, nunca creu que ele realmente aconteceria. Enquanto ela, que pensava que não ficaria mais nervosa ao conversar com alguém, estava ali suando frio, sem saber ao certo o que falar.

- Eu? Eu estou ótima também, correndo um pouco, como uma boa adulta, mas estou muito bem.

- Está indo para onde? O que acha de um café?

- Não sei, o sinal se abriu. Se eu aceitar, não vamos seguir o roteiro da música.

- Não sei se um dia nós seguimos algum roteiro.

Fim,

Estou treinando um novo estilo de escrita, deu pra perceber ou só eu que tô achando que pode estar diferente? kkk

Espero que estejam morrendo de vontade de conhecer essa história! Vou me preparar bem para não decepcionar ninguém :)) 

Sei que é chato pedir isso, mas vai ficar melhor para anunciar e deixar os avisos sobre a publicação futura (que pode ser adiantada) caso me sigam, e coloquem o livro na biblioteca :)))

caso alguém tenha percebido, há uma vírgula porque esse nunca será o fim. Particularmente, eu nunca acredito em fins, e vcs?

beijo na testa!