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Essa festa está uma merda. Está, não; é. Um tsunami de adolescentes bebendo e gritando, cheirando e dançando, pulando na piscina fria com a temperatura quente. A casa mais barulhenta do que a colisão entre dois planetas - se bem que tal não emite som; péssimo exemplo. A casa mais barulhenta do que um avião de guerra, ou um festival de música, ou um microfone sendo testado e quase explodindo com o volume. Mas não tão barulhenta quanto os pensamentos de Tyler.

Queria que pudessem mergulhar, fosse no oceano, fosse na noite, longe dali. Ir para qualquer lugar, menos ali. Porque estava ficando sem ar, com dificuldade de respirar, sentindo falta do oxigênio. Seus pulmões estavam cheios de fumaça, uma mistura gasosa de maconha, nicotina, e o que mais as pessoas queimavam e inalavam. Se afogava sem uma única gota de água. Em compensação, litros e litros de preocupação.

Esbarrando em corpos cujos quais ele não tinha certeza se estavam mortos ou apenas alucinados, Tyler se esquivava, pedindo licença a princípio, e logo se irritando, pois ninguém o ouvia. Se esgueirar por entre a multidão era um ato se simpatia. Procurava, procurava por um garoto alto, milímetros mais baixo que ele, no máximo 1 ou 2 centímetros, olhos levemente puxados, lábios grossos e covinhas tímidas (elas só apareciam quando ele sorria), e um cabelo cor de rosa desbotado que lembrava um algodão doce vendido em um parque de diversões para uma criança que ficou automaticamente mais feliz quando o ganhou. Você viu esse garoto? Sabe onde posso encontra-lo? Seu nome é Josh, ele é carismático e adora sorrir, porque sabe o quão bonito fica sorrindo. Não o viu? Onde está Josh?

-Tyyy. - Joshua chega perto de colidir por completo com o moreno, sendo impedido pelo próprio. Seu sorriso derretia pelo rosto, seus olhos fumegavam e vagavam pelo rosto de Joseph. Segurava um copo, bebida até a metade, com uma mão e, com a outra, se equilibrava no ombro do outro.

-Joshua, onde você tava?

-Em uma festa! Legal, né?

-Josh, acho melhor você... - Ele para. Dun olhava para ele, para ele. Tinha foco, as pupilas dilatas, os dedos apertando sua roupa, a visão concentrada em sua boca. Os cantos de sua boca tremiam num sorriso travesso, malicioso, provocativo, e o lábio inferior era mordido como uma forma de se conter. Seus corpos não paravam de ser encostados por outros, e ficavam cada segundo mais perto, embora Tyler não soubesse se era culpa da festa ou dos pés de Joshua. Bambo, Dun praticamente joga seu peso contra o moreno, mirando sua boca, o copo derrubando algumas gotas saltitantes da bebida. Tyler só permite um segundo. -Não, Joshua, para. Não tente esse golpe. Não me beije.

Era completamente rendido pelo beijo de Joshua.

-Por que você ta tão bravo?! - Ele ria, o olhar se perdendo um pouco. Seu braço dobra para que ele consiga levar o copo até o rosto, e a bebida até a garganta, mas Joseph segura seu pulso antes que bebesse.

-Por favor, não beba mais cerveja.

-Tyy! Não é cerveja, bobo.

Ele ri, e quanto mais ele ri, mais o peito de Tyler aperta. Assiste o líquido descer pela garganta do colorido, analisa como ele nem reage mais à bebida e como seus olhos queriam mais. Joseph se sentia culpado, tão culpado. Josh bebeu todo o copo de uma vez.

-O que é isso, Joshua?

-Um copo. Para de me olhar assimm. Você não ta se- - Dun arrota. -divertindo?

-Não, eu to ocupado tentando cuidar de você.

-Eu sei cuidar de mim mesmo, Ty.

-Se soubesse não ia ta bebendo até água da privada.

-Como você sabe disso?

-Você bebeu água da privada, Joshua?

-Claro que não!! Viu, eu sei me cuidar, Ty. Meu deus, chegou!

wish you were soberOnde histórias criam vida. Descubra agora