5 - Better Than Words

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Maya

Quinta Feira

Aqui estava eu, esperando do lado de fora pra minha segunda consulta com a terapeuta.
Eu estava uma pilha de nervos.
Eu e Josh não nos falamos desde terça, e eu estava realmente preocupada com essa conversa.
Não sabia o que esperar. Não sabia o que ele iria falar ou como iria reagir. Minhas pernas não paravam quietas, eu estava inquieta.

- Maya? - olho para a porta vendo Brenda - vamos? - concordo com a cabeça entrando na sala - hoje não teremos ninguém pra atrapalhar né?

- Espero que não - sorrio nervosa me sentando junto a ela nas poltronas

- Você quer continuar no assunto com seu pai? - concordo - você já conversou com ele sobre esse sentimento de culpa?

- Não. Eu perdi o contato com ele há uns anos atrás. Ele mandou alguns cartões de feliz aniversário. Foram 3, e depois, eu simplesmente não tive mais notícias

- Maya, você sente raiva dele? - concordo

- Ele não tinha o direito de simplesmente ir embora, sem uma justificativa. Simplesmente deixou eu e minha mãe, sem nenhuma estrutura financeira. Minha mãe teve que começar a trabalhar o dia inteiro, e eu tinha apenas 5 anos. Foi aí que eu conheci a Riley. Eu ficava alguns dias lá, e, hoje em dia, tenho o pai dela como um pai pra mim.

- Sentimento de raiva não é bom, mas acredito que todos devemos perdoar. Eu vou te ajudar a encontrar o seu pai, pra vocês conversarem, e, talvez, você perdoe ele - ela diz compreensiva e eu concordo

- Minha mãe nunca falou mal do meu pai durante esse tempo todo. Ela fez de tudo pra mim não sentir raiva, mas como eu não sentiria, vendo minha mãe trabalhar 24h por dia 7 dias por semana? Tinha semanas que eu nem via ela, porque ela dormia pelo trabalho, tudo isso pra nós sustentar, pra não morrermos de fome - sinto lágrimas descerem pelo meu rosto

- Sua mãe ama você a cima de qualquer coisa, Maya. Ela fez tudo isso por te amar e não querer o seu mal

- Com isso tudo, eu perdi a esperança nas pessoas. Quando você não espera algo, você não se decepciona. Não tenho esperança de aparecer alguém que me ame e que fique - ela me olhava com seu olhar ainda compreensivo - desculpa, eu não consigo, eu preciso ir - pego minha bolsa saindo da sala o mais rápido possível. Corro pelos corredores indo até a saída da escola. Me sento nas escadas, e desabo.
Eu estava a tanto tempo segurando essas lágrimas dentro de mim, que quando saíram, foram de chegar a soluçar

- Maya? Você está bem? - sinto a presença de alguém ao meu lado. Eu instantaneamente a abraço, sem nem saber quem era - você quer conversar? - a pessoa me abraça de volta e Eu nego com a cabeça. Eu só queria chorar. Por tudo pra fora. Sinto um cafuné em meus cabelos. Resolvo olhar a pessoa: era Charlie. Me desfaço do abraço, e ele passa o polegar pelas minhas bochechas secando as lágrimas.

- Eu quero ir embora. Eu quero a Riley. - ele entende o que eu quis dizer. Então vamos até o metrô, e ele me acompanha até a casa da minha melhor amiga.

- Tá entregue. Tem certeza que vai ficar bem? - concordo

- Muito obrigada, Charlie, mas eu vou ficar bem

- Você fica linda com os olhinhos inchados - rio fraco

- Maya? - olho para o lado vendo Josh - você tá chorando? O que você fez pra ela idiota? - ele se aproxima rapidamente de Charlie, mas eu entro no meio deles

- Ele não fez nada, Joshua - me viro para Charlie - obrigada mais uma vez, nos vemos amanhã - do um beijo no canto da boca dele

- Precisando é só ligar - concordo com a cabeça, e ele vai embora com um sorriso bobo nos lábios. Me viro indo em direção a porta

- Maya você tá bem? - me viro

- Estou ótima Joshua - e entro na casa procurando por Riley

- Peaches?? - vejo ela no corredor. Ela vem na minha direção um pouco manca por causa do gesso, e me  abraça. Me seguro muito pra não chorar mais um pouco - tá tudo bem, eu to aqui com você - a abraço mais forte

- Riley? Seu pai tá aí? - Josh havia entrado

- Deve chegar daqui a pouco - ela diz sem me soltar

- Eu vou ficar esperando aqui, tem problema? - Riley diz que não, e ele se senta no sofá

- Maya, senta aqui, eu vou lá preparar um chazinho pra você - Ela diz indo para a cozinha, e eu me sento no outro sofá. Fico olhando minhas mãos enquanto respiro fundo, tentando me acalmar 100%. Sinto o sofá afundar ao meu lado, e alguém me abraçar de lado. Deito minha cabeça no ombro da pessoa, que eu sabia que era Josh. Seu cheiro era bom e marcante, impossível não reconhecer.

- Eu vou sempre estar aqui - Ele diz e segura a minha mão

- Por que não fica então?

-  É complicado Maya. Eu queria muito te contar, mas por hora eu não posso. Me desculpe - olho para ele

- Eu gosto de você Josh. É de você que eu gosto - seus olhos brilhavam, mas nada saiu da sua boca - Nunca foi uma quedinha. Eu entrei no Long Game, mas ele está me machucando demais, eu preciso sair - ele entristece um pouco, e a porta de entrada se abre, revelando Cory, Topanga e Auggie

- TIO JOSH!!!! - o pequeno corre até o moreno que estava do meu lado, que se levanta indo abraçar o sobrinho. Me levanto e vou até a cozinha atrás da minha melhor amiga

- Eu não quis atrapalhar, vocês pareciam conversar sobre algo sério - ela diz estendendo uma caneca para mim e eu sorrio fraco

- Será que algum dia eu e ele podemos dar certo? - pergunto pegando a caneca de chá

- Você gosta dele não é? - eu concordo com a cabeça

- Eu amo o seu tio Boing - eu e ela rimos do apelido

- Então vai dar certo. Maya, o Tio Josh só não admitiu ainda que quer você, mas é questão de tempo

- Espero que não demore muito - digo tomando um gole da bebida quente

Espero que seja logo.

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