Meu Fantasma Particular

Yashiro gostava de ar

- Donuts ou Constelações, qual você gosta mais Amane?

A Yashiro levanta a capa dos cadernos em minha direção com entusiasmo. Uma capa de livro não é a coisa em si, os dois eram bem bregas na verdade. Disse a ela que não precisava de material novo, era só usar o que ela tinha sobrando, mas aqui estamos.

-Qual é o mais barato?

Ela faz um biquinho fofo e aperta o meu nariz.

-Eu disse qual você gostou mais! Não se preocupe com o preço!

Claro que me preocupo, os pais dela mandam dinheiro para apenas uma pessoa, isso pode acabar faltando depois. Pego o caderno e olho o preço atrás, era tudo o mesmo preço, vou nos cadernos mais baratos e aponto.

-Esses aqui estão bom Yashiro.

-Amane você só está indo nesses porque são mais baratos!

E aquela carinha novamente fica emburrada, para minha alegria.

-Por que você quer tanto que eu escolha? Está tentando me agradar?

-Estou sim! Eu quero ser melhor para você!

Fico sem graça, recuo e me viro para ela não ver o meu rosto.

-Yashiro eu realmente não ligo para cadernos... tem outros maneiras que você pode me agradar.

Ela para de ficar emburrada e me pergunta inocentemente.

-Como eu poderia te agradar?

Se você falar assim não dá para resistir...eu a puxo pela cintura e me aproximo de seu rosto. Ela cora levemente, mas não desvia o olhar. Falo aproveitando cada sílaba dita.

-Que tal com o seu corpo?

Ela fica constrangida, o rosto se enrubesce mais, mas não se desprende de mim, na verdade continua me olhando. Como se estivesse esperando algo.

Que?

Isso não é o que normalmente acontece.

Era para eu já ter levado um tapa ou no mínimo um xingo, mas ela está olhando para baixo sem graça. Não sei como lidar com essa situação. É minha vez de ficar vermelho.

Isso é um teste?

Isso é uma piada?

Isso é uma oportunidade?

Eu começo a ficar um tanto agoniado e só quero que essa situação acabe.

-Eu quero Donuts! Compra para mim que vai me agradar muito Yashiro!

Ela me olha um tanto atordoada e tenta seguir comigo na amenização do clima.

-Ah claro! Vamos comprar o seu material e a gente passa por lá!

Tem algo estranho acontecendo.

Nós compramos os Donuts e ela pediu para irmos ao parque ao invés de ir para casa. Fomos para um canto que não tinha muita gente a Nene abre a caixa com os doces e está comendo sem falar nada. Até aí pensaria ser uma questão de variar um pouco a rotina e aproveitar o momento.

Mas porque ela está com a cabeça encostada no meu ombro? Há uma vontade de apenas ficar calado e aproveitar esse momento, mas minha curiosidade fala mais alto. Eu mordo um Donut de chocolate e tomo coragem.

-Yashiro, tá tudo bem?

Ela continua encostada em mim, pega outro de morango da caixa e começa a despedaçá-lo levando às partes aos poucos. Parece uma eternidade até que finalmente fale.