Estudar outra língua?

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         Seul, segunda feira, 8:15 AM

O teste tinha 10 questões, e até agora eu só respondi metade, enquanto a outra metade eu fiquei apenas observando, sem saber o que fazer e tentando seriamente não demonstrar meu desespero interno para o professor. Eu sabia que ele queria minha cabeça numa bandeja de prata desde o momento que ele pisou nessa sala com um teste pós-férias.

Eu tô literalmente numa situação de calamidade, porque ‘tô pressentindo que me ferrei bonito nesse teste. Que bonito, Yeonjun. O que você vai dizer pra sua linda mãe quando ela vê a nota 0 no seu boletim anual? Que você ficou pensando no Soobin e que esqueceu de estudar para as voltas as aulas, sabendo que seu professor sempre passa teste no primeiro dia de aula?

— Pois é, ‘tô no fundo do poço. – suspiro e coço a nuca; tentando em vão relembrar das aulas que tive antes do período de férias. Mas como meu cérebro é horrível para resgatar memórias que não sejam as vergonhas alheias que passei na vida, então não consegui lembrar de nada.

A sala já estava se esvaziando aos poucos, e meu desespero se tornava cada vez maior. Céus, por que eu tinha que me apaixonar logo nas férias? Por que comigo? Existem tantos seres humanos no mundo e justo EU fui me apaixonar pra ficar  que nem um bobão pensando naquele sorriso lindo que é capaz de desestabilizar toda e pouquíssima sanidade mental.

O sinal bateu exatamente as 8:20 AM, o que significava que iríamos para a biblioteca estudar.

— Choi, só tem você na sala. – a voz de Donhyun me assusta, e eu sinto minha alma querendo fugir do corpo. Céus... Eu tô lascado, ele vai comer minhas tripas que nem os zumbis de The Walking Dead. — Vai me entregar o teste ou eu vou ter que ir aí buscar?

— Já estou indo, professor. – minha voz sai tão nervosa, que quase não a reconheço. Tudo bem, Yeonjun, você fez o seu melhor... Ok, poderia ter sido BEM melhor, mas ‘né? Tirando um 6.0 tá ótimo.

Reúno todos os meus materiais na mochila e me levanto. Me aproximo lentamente do sr. Jung Donhyun e entrego-lhe o teste, vendo seu olhar de reprovação.

É, claramente eu que lute para passar nos próximos testes e provas.

— Pode sair. – ele disse e eu agradeci, logo após saindo da sala e suspirando aliviado.

Nem tinha percebido que tinha prendido a respiração. Tudo bem, 8:30AM, hora de ir pra biblioteca. Talvez eu encontre o amor da minha triste vida lá, quem sabe? Espero que pelo menos nisso eu tenha sorte.

[...]

Ao chegar na biblioteca, os alunos esnobes que eu sou obrigado a chamar de colegas de classe estão em seus devidos grupinhos, e eu, como sou o isolado da turma me sento em uma mesa vazia. Pego meu caderno e vejo qual assunto devo dar mais atenção. Talvez todos, ‘né Yeonjun?

— Como vai, menino estudioso? – uma voz – que eu conheço muito bem – me obriga a tirar os olhos da minhas anotações desorganizadas.

— Tirando o fato de que eu tive certeza que zerei o teste de hoje, vou bem. – digo, e vejo-o sorrir. CHOI SOOBIN, VOCÊ NÃO PERCEBE QUE SEU SORRISO É UM PERIGO PRA HUMANIDADE?

Sinto minhas bochechas ganharem cor, e discretamente eu desvio o olhar. Ele se junta a mim, já que somos amigos mesmo.

— O que vai estudar hoje? Verbo to be? – ele debocha.

— Engraçadinho. Eu não aguento mais ver verbo to be. Tava pensando em estudar algo diferente.

— Guerreiro você. – ele solta uma risada. — Sabe, Yeonjun~ estava pensando em estudar outra língua.

Me engasgo com a saliva.

Ou eu penso muita merda, ou ele tá insinuando alguma coisa. Mas eu simplesmente decido fazer a egípcia.

— Pensando em estudar que língua? – minha voz quase não sai, e eu sinto meu rosto cada vez mais corado.

— Hum, tem uma língua bem interessante que eu tô querendo estudar há muito tempo. – ele sussurra e eu nem ouso olhar para a cara do safado, porque tenho certeza que ‘tô pior que um pimentão.

— E que língua seria essa? – pergunto, ousando me iludir ainda mais por ele.

— É uma língua que você conhece muito bem. – uma simples frase, que eu posso interpretar de diversas maneiras. E as mais erradas possíveis, pode crer.

— Hum... – eu literalmente enfio a cara dentro do livro, querendo esconder minha vergonha na língua inglesa.

— E o nosso vídeo game de hoje a noite? Está de pé? – ele pergunta, fazendo-me finalmente encará-lo.

— Sim, está. – murmuro, e abro um leve sorriso. Nossos olhares se encontram, e eu percebo uma expressão indecifrável. Eu não conseguia imaginar o que ele pensava ao me olhar tão fixamente.

Mas eu sei o que eu penso ao olhar nos olhos dele; Choi Soobin é realmente o motivo da minha gay panic.

[...]

O relógio já marcava 12:30 PM. Minha bunda já estava doendo de tanto tempo que eu fiquei sentado nessa cadeira. Decidi encerrar os estudos de gramática por hoje, então fechei os livros que havia pegado e me levantei para colocá-los de volta na prateleira.

Quando cheguei na sessão de gramática, uma movimentação estranha me chamou a atenção. Discretamente eu observei a cena, e tive uma desagradável surpresa.

Soobin estava com uma garota. Ele sorria e ela também, enquanto a conversa parecia fluir livremente, sem nenhum constrangimento. O pior disso tudo, é que eu me sinto incomodado ao presenciar essa cena. Sei que Soobin e eu somos apenas amigos, mas não consigo conter meus sentimentos por ele.

É, talvez ele não tenha os mesmos gostos que eu.

Quando ia colocar o último livro em seu devido lugar, eu acabo deixando-o cair no chão, e um barulho alto chama a atenção de todas as pessoas que estavam na biblioteca. Principalmente a de Soobin e a garota que ele conversava.

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