Diário de um Apocalipse

18/07/2035

Olá, meu nome é Natan tenho 25 anos e é isso, sem profissão, sem formação, sem destino e com exatos zero planos pro futuro. Dizem que no início desses diários é preciso fazer uma breve descrição do autor, porém eu não tenho descrição de mim pra fazer, sou apenas Natan de 25 anos de idade e vocês vão ter que se contentar com isso.

Espero de todo o coração que alguém um dia encontre esse diário e o leia e também distribua para todos aqueles que se interessarem a ouvir a verdade, a minha verdade, a verdade de alguém que cresceu num mundo em ruínas, um lugar que dia após dia foi devastado, onde nações inteiras sucumbiram e povos foram extintos. As perdas são imensuráveis e acredito que como tudo que acontece nesse mundo a história futuramente vai ser contada de uma forma diferente do que realmente aconteceu, e como eu odeio esses romantismos e floreados históricos que nunca apontam culpados e passam pano pra tudo que aconteceu eu deixo aqui a minha versão.

Mas como esse é um relato que quero deixar pra posteridade vou começar fazendo um breve resumo da minha vida e como tudo isso se desenrolou nessa merda toda que termina comigo em uma biblioteca abandonada na frente de um computador roubado que além das funções primarias só tem acesso a um número limitadíssimo de sites sendo um deles um maldito contador de mortes.

Se não fosse graças a esse computador e as placas solares no teto desse lugar pra garantirem energia eu já teria sucumbido a loucura desse inferno, sério, as vezes penso que já morri e isso aqui é inferno e eu estou pagando por todos os pecados que uma criança de 10 anos possa cometer, talvez eu não devesse ter jogado pedras naqueles passarinhos com o meu estilingue, talvez tivesse que dividir meus doces com os colegas da escola, talvez se eu não tivesse desobedecido tanto a minha mãe, mas para todos os efeitos se eu não estiver no inferno talvez algum dia alguém leia isso. Vou tentar fazer o máximo para guardar esses relatos em um lugar seguro para que seja encontrado.

É bem provável que escrever esse diário vá diminuir um pouco a tensão e ansiedade que sinto, as vezes o coração acelera de tal forma que acho que vai pular pra fora da caixa do peito, as mãos ficam suadas, o corpo treme a boca resseca. Em tempos normais eu procuraria um médico e tentaria tomar medicamentos, aliás eu até pesquisei nomes de medicamentos que combatem esse tipo de transtorno, porém tudo que encontrei por aqui foram farmácias vazias e as que tinham alguma coisa só restavam medicamentos vencidos e de que nada me serviria.

Enfim outras histórias ficam pra outros dias, por enquanto é isso câmbio desligo.