Capítulo 13 - Consciência

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Tapei minha boca por conta do grito que dei dizendo que também amava Lisa. Eu e ela permanecemos nos encarando, não fizemos nenhum movimento.

- Wow, isso foi...

- Inconsequente.

- Mas eu gostei.

- É, foi um alívio. – soltei a respiração. Ela sorriu para mim.

- Mas eu ainda não entendi se sou bebê ou a fada. – bati minha mão na testa.

- Você é a gata tagarela que é péssima em entender analogias e fazer piadas.

- Gostei da parte da gata! – ela fez uma careta sugestiva e eu aproximei. Lisa ficou de pé e segurou cuidadosamente minha cintura, em seguida iniciou um beijo. Passei as mãos ao redor do pescoço dela e me senti relaxada, como se nada mais importasse.

- Isso, viva uma mentira!  – empurrei Liz e olhei para os lados.

- Quem disse isso?

- Isso o quê? – ela olhou também com a testa franzida.

- Vai dizer que não ouviu alguém falando?!

- Vou, porque eu não ouvi. Jennie, você ta bem? – balancei a cabeça, afastando esses pensamentos doidos.

- Desculpe. – sorri para ela e me aproximei, continuando o beijo. Ouvi uma risada, mas ignorei e permaneci com Lisa.

- Para! – ignorei novamente - Para com isso! Você tem que parar! PARA! – empurrei Lalisa novamente e ela me olhou totalmente confusa.

- Tem certeza que você está bem?

- Na verdade não.

- O que você tem?

- Eu não faço ideia.

- Como assim não faz ideia?

- Não fazendo, ué.

- Mas você...

- Caramba Lalisa! – sentei na cama - Eu não sei o que está acontecendo comigo. Se eu soubesse falaria, mas eu não sei!

- Tá bem, eu só quis ajudar. – ela levantou as mãos em sinal de rendição.

- É melhor você ir, preciso descansar mai um pouco.

- Certo.

- Nos vemos amanhã?

- Aham. – a loira disse meio seca e saiu pela janela. Acho que fui meio grossa com ela, no entanto eu estou nervosa e Lisa me deixou eufórica. Mesmo assim tenho que me desculpar amanhã com ela.

*****


Nesse momento eu encarava o teto do meu quarto enquanto estava deitada na cama. De onde tinha vindo aquela voz? Porque fui grossa com Lisa? Com que cara vou falar com Pranprya na escola? O que vou fazer da minha vida?

Eram muitas perguntas.

- Acho que estou completamente...

- Maluca?

- Exato. – espera! Quem disse isso? Levantei num pulo e vi uma garota idêntica a mim sentada na minha espreguiçadeira.

- Quem é você e porque se parece tanto comigo?

- Porque eu sou você sua doida.

- Realmente você é muito bonita.

- Há há há! Menos. – ela revirou os olhos. Ou eu revirei os olhos. Sei lá!

- Vem cá, por um acaso eu to ficando louca? Porque não é nenhum pouco comum uma pessoa falar consigo mesma.

- As pessoas fazem isso o tempo todo nos filmes.

- Sim, nos filmes. Não no mundo real. – ela riu – Qual a graça?

- Nada não.

- O que você quer... Hã... Consciência? – eu me encarei - Quero dizer, você é minha consciência, não é?

- Tipo isso. Vamos dizer que sim.

- Ai credo, eu to ficando louca! – cobri meu rosto com a mão e sentei na cama novamente – Enfim, o que você quer? Ou eu quero... Isso é muito confuso!

- Falar sobre você. Acabou de dizer que não gosta mais da Pranprya e sim da Lalisa. Tem certeza disso?

- Se eu falei é porque tenho.

- Ah ta! Você não pode se desapaixonar de uma garota como a Pranprya assim desse jeito.

- Talvez eu nunca fosse apaixonada por ela e só gostasse da sensação de...

- Acha que ama ela? Ah, por favor! Não minta para si mesma. Ela te levou ao local especial dela e da mãe, fez cookies com você, te beijou e ainda te trouxe pra casa mesmo depois de ter visto Lisa entrando na sua janela, mesmo depois de ter sido traída.

- Nós não tínhamos nada e pra ela ter sido traída nós tínhamos que ter alguma coisa.

- Claro, claro. – eu fiquei de pé e vim até mim - Jennie, se eu sou sua consciência e estou te falando que você estava errada, quer dizer que você pensa isso de si mesma. Eu só estou transmitindo as informações de um jeito não-convencional criado pelo seu cérebro maluco.

- Não estou entendo onde eu quero chegar. Quer dizer que meu cérebro criou você só para dizer que eu não amo a Lisa?

- Não, para dizer que você ainda ama a Pranprya e que é melhor você não se iludir.

- Desculpe, eu ainda não compreendi o propósito dessa conversa. – pontuei. Bati minha mão na testa. Como eu adoro fazer isso.

- A questão é, você está se enganando. Está vivendo uma mentira.

- Não, não estou.

- Já disse pra não mentir para si mesma. Aceite os fatos e encare os problemas de frente. Eu sei de tudo o que acontece com você, porque eu sou você. Lembre-se que estou fazendo isso pelo nosso bem. – ela pulou por cima de mim e eu fechei os olhos com força e logo os abri.

Encarei o teto do meu quarto e percebi que estava deitada na minha cama. Esse deve ter sido o sonho mais louco que já tive.

Olhei para o relógio e percebi que faltavam minutos para eu ter que levantar e me arrumar para a escola. Virei e afundei meu rosto no travesseiro.

Tenho que me desculpar com Lalisa e criar coragem para tentar falar com a Pranprya. Só que o problema maior é que eu não sei o que falar. Minha consciência tem razão, ela foi tão legal comigo e eu simplesmente decidi ficar com Lisa. Será mesmo que eu ainda amo Pranprya?

Abri a gaveta do meu criado-mudo e retirei um recorte de revista com a foto de Pranprya. Ao olhar para a foto, uma sensação estranha invadiu meu corpo e eu me senti dividida novamente. Porque tem que ser tão difícil? Era muito mais fácil quando eu admirava Pranprya, suspirando sem ser notada e não tinha conhecido Lisa. As coisas eram tão mais simples porque eu só precisava admirar de longe e ficar na expectativa. Funcionava assim. Eu estava bem assim.

Meu despertador começou a tocar e eu rapidamente o desliguei. Respirei fundo e levantei.

- Coragem Jennie! – disse para mim mesma – Não vai ser fácil, porém é necessário.

Treat You Better ~ Adaptação Jenlisa ~Onde histórias criam vida. Descubra agora