c a p í t u l o - 2

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C L A I R E   F I S H E R

Meu corpo se encontrava embalado pela música que ecoava no estúdio, minhas mãos pincelavam a tela preta com cores fortes

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Meu corpo se encontrava embalado pela música que ecoava no estúdio, minhas mãos pincelavam a tela preta com cores fortes. O azul rabiscava todo o espaço, o verde escorria do topo e o laranja estava prestes a preencher o que faltava, mas antes que isso acontecesse, fui interrompida.

O toque do telefone abafou a música e, quando vi o nome que brilhava na tela, meu corpo congelou. Aos poucos tomei coragem para atender a ligação. Eu não desejava ouvir a voz dele, não quando estava prestes a acabar meu projeto.

- O que quer? - perguntei de forma rude enquanto limpava minhas mãos no pano que, a pouco, encontrava-se em meu ombro.

- Eu preciso de você, as coisas deram muito erradas por aqui. Ela fez um alvoroço e colocou tudo abaixo - espirei fundo, cocei minha testa e suspirei antes de respondê-lo.

- Merda. Eu não acredito nisso - observei a pintura inacabada. Olhando-a agora parecia que alguém havia sentado na tela e vomitado em cima, não estava do jeito que eu queria e, para piorar, não estava nada interessante de se ver. - Tudo bem, chego em menos de vinte minutos.

Após me despedir, soltei meus cabelos ruivos e senti eles baterem contra minhas costas. Fui até a banqueta onde estava meu celular, peguei as chaves do fusca. Não me importei em entrar em casa para trocar de roupa, iria aparecer lá com o meu velho macacão sujo de tinta e meu coturno, para que assim ele soubesse que havia me tirado de um momento importante. Já era de seu conhecimento o ódio que eu tinha quando me atrapalhavam.

Assim que cheguei falei meu nome ao segurança e mostrei-lhe meu crachá, logo fui liberada e consegui entrar no grande galpão que, em algumas semanas, se tornaria a maior exposição da cidade.

Ao olhar em volta algo estranho me consumiu, cravei meus pés no chão e cerrei os punhos.

Sr. Collins vinha em minha direção, fiz o meu melhor e apenas o cumprimentei com um aceno de cabeça.

- Minha querida, ainda bem que chegou - o homem de cabelos brancos segurou uma de minhas mãos e ali depositou um beijo. - Olha, eu prometo a você, iremos dar um jeito nisso. Minha neta não teve intenção alguma em prejudicar esse trabalho tão belo - dei-lhe um sorriso falso.

- Sr. Collins, não é essa a questão. Charlie não destruiu só o espaço, não só o meu quadro - meus olhos correram para a tela que tinha a reprodução de um rosto masculino em preto e branco com alguns traços vermelhos. - Sua neta acabou com todos os trabalhos de meus colegas da faculdade. E sabe o pior? Eu era a responsável por todo eles, eu disse todos, ou seja, mais de 150 obras - enquanto gesticulava com as mãos de forma abrupta, meu olhar se encontrou com o de Harry, comecei a andar em sua direção.

- Eu entendo a importância disso para você, eu posso ajudar, quanto precisam? - o senhor falou mas sua voz já estava afastada, isso significava que ele não iria vir atrás de mim. Agradeci por isso.

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