Capítulo 2 - A Realidade Atinge

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Ao que tudo indica, a minha roda da fortuna tinha girado e eu não sabia dizer se estava na base ou no topo, ou se isso era ruim ou não.

— Será que você poderia dizer alguma coisa? Esse silêncio é estranho porque normalmente você é bem tagarela. – estreitei os olhos e encarei a loira que agora estava sentada à minha frente.

— Sabe o que é mais estranho?

— O quê?

— O fato de você estar aqui. Como isso é possível? – ela suspirou.

— Jennie, Jennie! Já falamos disso há um tempinho. Barriga da mãe, aula de como vem os bebês, ensinar na prática. Lembra? – gesticulou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Você me dá um minuto? – Lalisa assentiu meio confusa e eu andei até um dos corredores da biblioteca com o livro de história que eu lia. Guardei ele na prateleira, parei e respirei fundo.

Abri minha mochila com certa pressa, e a virei de cabeça pra baixo, derrubando tudo no chão. Em seguida, me ajoelhei, peguei o meu diário e folhei as páginas.

Tudo que eu tinha escrito sobre Lalisa Manoban estava bem ali. Finalmente eu tinha provas!

Juntei minhas coisas com pressa e saí em disparada na direção de onde a loira estava antes, mas quando cheguei lá, não havia ninguém. Ou minha mente estava me pregando peças, ou estava sonhando ainda e...

— Booh! – dei um pulo assustada e me virei, dando de cara com Lisa rindo. – Desculpa, mas é que já passou um minuto e eu tive que ir atrás de você. – ela piscou, travessa. E eu dei um sorriso convencido.

— Dessa vez, eu sei que você não é real e tenho provas!

— Hã? – o sorriso dela desapareceu – Do que você tá falando? – apenas virei o diário na direção dela – Ah não!

— Eu não disse?

— Já não bastava me mostrar sobre sutiãs, agora calcinhas? Isso por acaso é uma indireta?

— O quê? – envergonhada, virei o diário pra mim e vi que estava em uma página bem constrangedora.

— Se você quiser, posso comprar uma calcinha pra você que combine com o seu sutiã de joaninha, se é que você ainda tem. Você ainda tem ele?

— Lalisa! – a repreendi e ela riu.

— Só estou tentando te fazer rir. Você parece meio séria.

— Eu estou é enlouquecendo, só pode ser isso! – massageei as têmporas e saí andando, deixando aquela alucinação, sonho, seja lá o que for, pra trás.

— Jennie, espera! – Lisa segurou a minha mão, me fazendo ficar de frente pra ela. Aquela mesma sensação maluca percorreu o meu corpo e eu recuei assustada.

Depois que Lalisa sumiu, prometi viver cada momento da minha vida e não esconder tanto os meus sentimentos. E eu o fiz, no entanto, sua existência ainda fazia com que eu ficasse algumas noites em claro.

Eu tinha oitenta e cinco por cento de certeza que ela foi real um dia. Mas eu não fazia ideia de como e porquê.

Minha única teoria se baseava no cometa. Ainda sem saber como e por que, no entanto, eu preferia acreditar nisso, acreditar que ele tinha alguma coisa a ver com Lisa.

Mas dessa vez eu não tinha visto um cometa.

Então porque Lalisa Manoban estava parada na minha frente novamente? Ao sentir o seu toque na minha mão, também senti que ela de fato é real.

— Se você não disser o que está acontecendo, eu não tenho como saber. – ela disse em um tom triste, o que não era comum vindo dela. – Está tudo bem com você? Porque está fugindo de mim?

— E-Eu não... Eu não... – respirei fundo – Eu só estou meio cansada. Amanhã tenho... nós temos uma prova importante e eu acabei vindo aqui estudar. – decidi entrar nessa realidade onde Lisa existia, mesmo não sabendo aonde isso ia dar, novamente.

— Eu sei, história é um saco. Na verdade eu gosto de estudar, mas fazer uma prova me assusta, porque qualquer erro em alguma data, é um grande erro. – nós rimos. – Já terminou de estudar?

— Sim, porquê?

— O que acha de darmos uma saidinha? – ela piscou.

— Na verdade, eu preciso ir dormir agora. Está meio tarde e eu preciso absorver tudo o que eu li.

— Tem razão, ouvi dizer que dormir depois de estudar, é bom para absorver o conteúdo. Posso te acompanhar até em casa?

— Claro, porque não?

Saímos juntas da escola e não demorou muito para que eu chegasse em casa.

— Encomenda entregue. – ela sorriu.

— Obrigada, Lisa.

— Não há de quê. Boa noite, JenJen. Nos vemos amanhã. – Lisa depositou um beijo na minha bochecha e saiu.

— Boa noite! – sorri. Afinal, estava com saudades disso.

*****


Virei para o lado na cama pela décima oitava vez. Eu não conseguia dormir e o motivo disso tinha nome e sobrenome (apesar de não ser muito convencional): Lalisa Manoban.

Eu estava dividida entre tentar me convencer de que ela não era real ou mergulhar nesse universo e me deixar levar.

Os momentos que eu passei com Liz – sendo eles reais ou não –, foram alguns dos melhores da minha vida. E meu coração doía sabendo que ela tinha voltado porque eu não queria passar por tudo de novo pra depois ela ir embora.

Eu precisava ter certeza que ela era real, mas como eu faria isso?

Pensei por alguns segundos, até que um estalo em minha mente fez com que eu sentasse na cama com uma ideia.

— Consciência? – chamei. A única pessoa que tinha me dito a verdade era a minha “consciência”, então se já tinha feito isso antes, poderia fazer novamente. O único problema é que eu não sabia como funcionava a comunicação com ela, já que nos falamos apenas uma vez. – Hã... Você está aí? Alô?

— O que você quer? – pude ver eu mesma sentada nos pés da cama. As luzes estavam apagadas, mas a claridade que vinha da janela era o suficiente para ver a figura da minha consciência.

— Preciso da verdade.

— Que verdade?

— O que está acontecendo? Lalisa é real ou não? E eu sou esquizofrênica? – ela riu. Ou eu ri. Ainda acho isso confuso!

— Eu poderia responder, mas aí não teria graça. – suspirei. Não era isso que eu queria ouvir – Mas o que eu posso dizer é que você não é esquizofrênica como dizem nos comentários, você só tem uma mente fértil.

— Comentários? Quê?

— Jennie, o fio que separa a imaginação da realidade é muito fino. É difícil separar e por mais que digam que não, você não é a única a passar por esse tipo de problema.

— O que você quer dizer?

— Sua roda da fortuna girou e agora é sua vez de viver num mundo onde seu desejo mais profundo se torna realidade.







"Uma coisa que eu queria esclarecer com TYB Pt. II é: Fiquem tranquilos, não será repetitivo rs!" - Palavras da autora original ;3

Treat You Better pt. II ~ Adaptação Jenlisa ~Onde histórias criam vida. Descubra agora