Capítulo 13 - Complicações e Respostas

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— É complicado. – coloquei a mão sobre a parte de trás do pescoço, um pouco constrangida – É que existem diferenças entre o que eu quero e o que de fato é.

— Existem?

— Sim e eu aprendi da pior forma. – ri sem humor. – Também aprendi que perfeição não existe. – sorri sem mostrar os dentes.

— Então para que algo exista, precisa ter um defeito. – a loira falou, me fazendo parar para refletir por alguns segundos. – De qualquer forma, sobre a sua pergunta, acho que podemos ser o que quisermos.

— E o que você quer?

— Você não tem vergonha de usar a minha pergunta conta mim? – tive que soltar uma risada por conta da expressão ofendida de Lisa.

— Já passei tanta vergonha com você, que já nem me importo mais.

— Isso é verdade. – nós rimos.

— Agora, responda a pergunta!

— Você não acha que deveria responder a minha primeiro? Porque eu perguntei antes, então...

— Não! – falei plena, e ela balançou a cabeça.

— Eu quero... – fez uma pausa e me olhou nos olhos. Naquele momento eu não podia descrever ao certo o que estava sentindo, mas sabia que era algo incrível.

— Jennie! – ouvi minha mãe chamando meu nome do andar de baixo, o que fez nós duas darmos um pequeno pulo com o susto e quebrarmos o contato visual.

— Sim?

— Será que você pode me ajudar com os bolinhos? Seu pai teve que sair para fazer algumas entregas.

— Tá bem, eu já desço. – respondi encarando Lisa, que logo depois ficou de pé.

— Acho que eu vou indo então. – fez menção de sair, mas antes que o fizesse, segurei sua mão por puro impulso, fazendo com que ela parasse e olhasse para mim.

— Você... Poderia me ajudar na padaria. Se você quiser, é claro. – acrescentei rapidamente a última parte.

— Eu adoraria, mas não entendo muito de cozinhar. – coçou a nuca.

— Posso te ensinar. Não é muito difícil.

— Sua mãe não vai estranhar o fato de eu estar aqui e não ter entrado pela porta da frente?

— Eu digo que você entrou pela porta de casa, se ela perguntar. Meus pais normalmente estão na padaria, então não veriam se você tivesse entrado, de qualquer forma.

— Bem... Então nesse caso eu fico.

— Ótimo! – comemorei e saí puxando Liz comigo até chegarmos na padaria. – Oi mãe, a Lisa vai me ajudar hoje.

— É uma gentileza sua, mas não é muito incômodo? – minha mãe perguntou com um sorriso amigável.

— Claro que não, senhora Kim. Eu vou adorar!

— Sendo assim, muito obrigada. Vou estar ali na frente, se precisarem de mim é só chamar.

— Tudo bem. – sorri de volta e ela saiu. Logo peguei os aventais cor-de-rosa, coloquei um e entreguei o outro para Lisa.

— Adorei o avental, combina com o meu tom de pele. – ri da idiotice dela.

Começamos a preparar a massa dos bolinhos e vez ou outra fazíamos uma pequena bagunça, o que já era de se esperar, pois na cozinha estava eu, a desastrada e Lisa, a sem noção. Mas de qualquer maneira, foi muito divertido.

— Ei, olha o que eu fiz! – Lisa disse ao terminar de decorar um bolinho. Em seu rosto e cabelo tinha um pouco de farinha, o que era engraçado e a deixava ainda mais fofa. Fui até ela e olhei para sua obra de arte, que era um bolinho com cobertura de chocolate e escrito “O bolinho mais Purrfeito” com glacê verde.

— Impressionante! – comecei a rir por conta da frase, da letra desengonçada e da farinha nela.

— Pois é, eu tentei desenhar o meu rosto, mas não deu muito certo. Não sabia que era tão difícil fazer autorretratos.

— Você é inacreditável!

— É o que dizem! – piscou e voltou a decorar os bolinhos. – Se eu fosse a sua mãe, vendia esses um pouco mais caro. Parece que foram decorados pelo próprio Picasso! – disse com convicção, o que deixou ainda mais engraçado.

— Com certeza!

***


Depois que terminamos de fazer os bolinhos, meu pai chegou e até elogiou o trabalho de Lisa – o que fez com que ela ficasse muito contente – e disse para levarmos alguns para comer como recompensa.

— Vai subindo que eu já vou e levo.

— Tem certeza que não precisa de ajuda?

— Não, vai lá. Enquanto isso escolhe um filme pra gente assistir.

— Ok. – ela sorriu e foi na direção do meu quarto.

Peguei alguns bolinhos, chocolate quente e os coloquei em uma bandeja. Antes que eu pegasse tudo e subisse, meu celular tocou e eu percebi que era uma mensagem.

“Oi, Jennie. Como você está? Rosé falou comigo e me fez perceber que acabei sendo um pouco grosseira hoje. Desculpe pelas coisas que disse, não quis fazer você se sentir mal. Espero que possa me perdoar :)”.

Reli a mensagem umas duas vezes e fiquei encarando um ponto distante, assimilando as palavras de Pranprya.

“Rosé me fez perceber”. Essa parte me deixou triste, porque eu não estava quase namorando a Rosé e sim a Pranprya.

Era difícil ignorar o fato de que eu não parecia ter voz na relação. Pranprya desabafava comigo, mas eu nunca conseguia desabafar. Pranprya tinha ciúmes de algo inexistente, mas a culpa era minha. Pranprya não tomava atitude, mas se alguém tomasse a deixava irritada. Pranprya brigava comigo e depois mandava uma mensagem se desculpando. Um ciclo vicioso.

Eu mentiria se dissesse que não gostava dela. Mas eu também mentiria se dissesse que esqueceria numa boa os desentendimentos que aconteceram entre nós.

Pensei em digitar uma mensagem genérica, dizendo que estava tudo bem ou que conversaríamos depois. No entanto, bloqueei o meu celular e guardei no bolso. Estava tendo uma tarde muito boa com Lisa e eu não queria ficar pensando nisso e estragar.

— Você demorou. Achei que estava fazendo mais bolinhos pelas minhas costas. – falou assim que entrei no quarto.

— Eu não te trairia dessa forma.

— Fico feliz em saber disso.  – nós rimos e ela veio me ajudar com a bandeja. – Eu selecionei uns filmes ali, mas acho melhor você escolher. – colocou as coisas em cima da minha escrivaninha.

— Tudo bem. Mas antes... Será que você poderia responder a pergunta? – Lisa se virou para mim e deu um sorriso sincero e reconfortante. Em seguida, se aproximou e segurou as minhas duas mãos.

— Eu quero que a gente seja o que você quiser. Porque eu amo você Jennie.

Treat You Better pt. II ~ Adaptação Jenlisa ~Onde histórias criam vida. Descubra agora