Passos desastrados podiam ser escutados naquela casinha de madeira precariamente construída. As mãozinhas do garoto apertavam fortemente o cachecol que usava, o torcendo em nervosismo. Seus olhos entregavam que havia chorado.
Os sons cessaram subtamente, indicando que havia parado em frente a uma porta. Era a porta deles, a porta de seus pais. Encostou o ouvido nela para ver se conseguia escutar algo, qualquer barulho, mas nada. Ficou ali, a encarando por um tempo, decidindo se entrava ou não. Ainda tinha a marca dos tapas que havia levado que ardiam só quando se lembrava do acontecimento. Não sabia se brigaria consigo caso o acordasse, e isso o dava medo.
Inspirou fundo e deu meia-volta, rumando para seu quarto novamente. Olhava para os pés, tristonho. Não sabia mais se podia confiar no pai e nem o quê esperar dele. Escutou um ranger de porta abrindo.
-- Filho? -- se virou, encarando o dito cujo. A voz e o rosto entregavam o sono que o adulto sentia. -- O quê foi? São três da madrugada.
-- Tive um pesadelo. -- respondeu de forma rápida, levemente trêmulo. O mais alto suspirou, passando a mão no rosto e encostando a porta atrás de si.
Ele tentou se aproximar, a criança recuando. Olhou-o de forma confusa e até meio irritado, mas logo tentou uma segunda vez, conseguindo abraçar e carregar o filho, o levando para seu quartinho.
-- Quer que eu te faça dormir de novo? -- perguntou enquanto o aconchegava nas cobertas do colchão, ajeitando os travesseiros para que ficasse mais confortável.
Começou a cantarolar uma música quando recebeu a confirmação do mais novo, acariciando seus cabelos, como fazia antes do incidente.
Havia prometido não repetir essa ação novamente, que iria se controlar mais e pediu mil desculpas. Mal sabiam eles que isso iria sim se repetir, mais vezes do que eles imaginavam, ficando cada vez pior e passando a não ser apenas fisícamente.
Aquela relação de pai e filho, nunca mais seria a mesma. Aquela música que cantava, iria ser algo mais importante ainda.
O garoto iria levar essas sequelas pro resto da vida, se auto-enganando para poder continuar a viver com o adulto, sem ter o apoio realmente necessário que a situação existe.
Queria ele que o quê o pai cantava fosse realmente de verdade, que ele vendesse seus ossos para comprar safiras para si porque azul é sua cor favorita.
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Scalprum (a criancinha) é uma personagem que eu criei, uma fanchild de DustKiller. Murder/Dust (o pai) não é de minha autoria.
one-shot relacionada ao jogo UnderTale.
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゚・:*✿𝚌𝚘𝚗𝚝𝚘𝚜
Random𝓲𝓼𝓼𝓸 𝓮 𝓾𝓶 "𝓵𝓲𝓿𝓻𝓲𝓷𝓱𝓸" 𝓼𝓮𝓶 𝓯𝓲𝓷𝓼 𝓵𝓾𝓬𝓻𝓪𝓽𝓲𝓿𝓸𝓼 𝓸𝓷𝓭𝓮 𝓹𝓸𝓼𝓽𝓪𝓻𝓮𝓲 𝓿𝓪𝓻𝓲𝓪𝓼 𝓱𝓲𝓼𝓽𝓸𝓻𝓲𝓪𝓼 𝓭𝓮 𝓿𝓪𝓻𝓲𝓸𝓼 𝓾𝓷𝓲𝓿𝓮𝓻𝓼𝓸𝓼 𝓭𝓲𝓯𝓮𝓻𝓮𝓷𝓽𝓮𝓼, 𝓪𝓵𝓰𝓾𝓷𝓼 𝓹𝓸𝓭𝓮𝓷𝓭𝓸 𝓼𝓮𝓻 𝓭𝓮 𝓶𝓲𝓷𝓱𝓪 𝓪𝓾𝓽𝓸...